A melhor sala

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Triste dia foi aquele que eu fui transferida para a sala "problema". Eu estava na quinta série e a minha falta de habilidade escrita foi o motivo que me encaminhou para lá. A sala era a última do corredor, os professores a odiava, afinal lá estava os lerdos, os problemáticos e os bagunceiros.

O formato da sala era igual das outras, um retângulo de tamanho médio, no qual conseguia abrigar de modo apertado quarenta carteiras, que ficavam dispostas uma atrás da outra, em filas.

A cor branca das paredes e das cortinas me lembrava de um hospital. O som de berros, que ecoava no corredor e os alunos pulando, correndo, cantando, fazia parecer um hospício. A porta sempre ficava fechada e as janelas, apesar de grandes, tinham grades, era uma prisão impossível escapar dali.

Era iluminada e ventilada, por causa do ventilador e das luzes que ficavam no teto branco, mas isso não deixava o espaço menos opressor. Os rabiscos, desenhos e escritos decoravam as paredes e carteiras, pareciam marcas de detentos. A lousa preta era preenchida de números, que nada significavam. O chão era coberto de recortes e tinta, uma sujeira incomum para as outras salas.

Nós, os "marginais", da minha sala "problema" sobrevivemos àquela prisão, ao hospício, ao hospital. Aquele que desenhava na parece, virou artista renomado. O outro que cantava sem parar, virou cantor em uma banda de rock. Aquele que corria sem parar, fez o último gol da copa. O outro, que sujava a sala com recortes de revista, atualmente é jornalista. A lerda aqui, leu Paulo Freire, Rubens Alves e descobriu que educação é bem mais que uma sala de aula, é a própria vida.


Educadores que repensaram a educação clássica.

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AS ESTRELAS SÃO AS PINTAS DO UNIVERSOOnde histórias criam vida. Descubra agora