Eu não te perdôo.

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O outro dia foi pior ainda. Acordei quebrado, estava com Henrique por cima de mim ahh.
Os amigos dele chegaram cedo mesmo, estava tudo bem até a hora do almoço, evitei ficar perto da vaca e não falamos sobre relacionamentos.
Mas um acontecimento, mudou meu dia e tornou um pesadelo.

- Vamos a uma balada a noite pegar umas novinhas. Você vem Rique?- perguntou David.

- Claro. Demorô.- respondeu Henrique.

- Gustavo, você não pode vir ok.- disse Gael.

- Por que não? - perguntou Henrique.

- Ah cara, vai dizer que você não teria vergonha de sair com um viado? Porra ele dorme com outro cara e você ainda chama ele de amigo?- disse Gael rindo.

Henrique ao invés de dizer alguma coisa, sorriu sem graça.

- Podemos chamar você de viadinho?- disse David

- Para com isso cara.- disse Henrique

- Ah. Vai dizer que você não sente vergonha de sair com um viado? Porra Henrique.- disde Gael.

Henrique apenas olhou e riu sem graça. Já se passavam das três da tarde, estávamos sentados em umas pedras grandes que ficavam perto da casa do Henrique.

Eles se entreolharam e começaram a cantar juntos...

- Viadinho... Viadinho... Viadinho...

Henrique parecia uma besta. Ficava sorrindo e olhando.

Não aguentei e levantei dali, saí correndo e senti que alguém veio atrás de mim.

- Gustavo, me desculpa. Espere aí cara.- Disse correndo atrás de mim

-Desculpa? Pelo que? Por ter visto sua mãe e seus amiguinhos me chamando de viado e bicha? Ou por você ter feito o belo papel de hétero como sempre?

- Me perdoa, eu juro que iria contar hoje. Foi para isso que te trouxe.- insistiu.

- Ahh claro, me trouxe para sua mãe me humilhar e seus amigos tirarem sarro? Imagina quando eles descobrirem que meu namorado é você....

- Gustavo. Eu te amo. Me desculpe por favor.- uma lágrima escorreu de seus olhos vermelhos.

- Você pode continuar lá em casa, afinal com o que aconteceu duvido ser diferente. Não precisa mais dirigir a palavra a mim. Esqueça que eu existo.

- Gus..- ele chorou.

- Vou tirar suas coisas do meu quarto. Estarão na porta do seu quando chegar. Agora você está livre desse Viado.

- Gustavo por favor.- Ele gritou.

- Adeus...

O que ele tinha feito não tinha perdão. Não era justo, nossas últimas semanas haviam sido maravilhosas, e ele descartou​ tudo como lixo.
Mesmo o amando com todas as minhas forças, não conseguiria mais encara-lo.

Duas semanas se passaram. Ele estava sempre tentando assunto. Mas eu fazia de conta que estava sozinho no local. Não sei como consegui ser tão sério.
Mais alguns dias se passaram e decidi ir viajar, estava de férias mesmo. Queria ir para uma casa no lago onde minha mãe amava ir para relaxar de vez em quando.

-Gustavo? Podemos conversar?- perguntou Eduardo entrando.- Me conta o que aconteceu? Por favor?...

- Eduardo..

- Por favor Gustavo. Gostaria de saber o que aqueles demônios fizeram.- disse sentando.

- Bom. No mesmo dia em que chegamos ela apenas disse que se eu me envolvesse com o filho dela eu iria me arrepender, ela disse para todos os amigos do Henrique que eu era um viado. Bom, dessa parte o Henrique não sabe pois ele não estava perto. No outro dia a tarde eles começaram dizer que era uma vergonha para o Henrique andar com um viado...

- E o Henrique?- perguntou perplexo.

- Apenas olhava e ria para os amigos. Não disse absolutamente nada.

- Meu Deus. Eu disse que não era uma boa ideia.- lembrou.

- Bom. Pelo menos descobri que meu namorado é o típico hetero gay. Estou indo passar o final de semana na casa do lago. Preciso pensar um pouco.

- Boa ideia. Aquele lugar é fantástico.- disse sorrindo.- Bom, eu irei sair com seu pai. Temos que ir para a empresa. Nos vemos a noite?

- Claro. Ahh e fico feliz por ter mais um pai, um pai como você. É como se eu tivesse a minha mãe novamente em forma de um homem lindo.

- Obrigada. Mas não vou te chamar de filho. Seria um incesto.- ele riu e saiu.

Eles realmente eram perfeitos juntos, meu pai andava rindo igual bobo pela casa, cantavam, são tão engraçados.

Já Henrique, mudei- me para o outro quarto, não falo com ele há bastante tempo. Tenho saudades claro, quando vejo meu pai na sala abraçado com Eduardo lembro da gente. Choro bastante as vezes.
Mas não posso pedoa-lo assim, poxa, ele poderia pelo menos ter feito eles pararem, mas não.
EU SOU HENRIQUE O HETERO. Meu pai continua amando ele, mesmo sentindo tanta raiva, gosto de ver ele andando pela casa, ele também está triste, nao sai da biblioteca e está sempre com os olhos cheios de lágrimas. O cheiro dele ainda está no meu travesseiro, é a minha fuga nas noites solitárias.






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