Milagre ou Amor?

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Fiquei um tempo sem ver ou ouvir nada, minutos depois eu finalmente voltei a ouvir algumas vozes. "Ele está voltando", "Não é possível", " Ele não está morto", " É um milagre".

Tinha uma enfermeira chorando enquanto passava a mão sobre minha cabeça, lembrei- me do Júlio, quando ele acordava antes de mim ficava apoiado com um cotovelo na cama e alisando meu cabelo. Lembrar dele, meu filho e do Gustavo me dava vontade sair daquele estado de paralisia e correr para abraça-los.

Estava estranho, senti algo forçar minha barriga, como se fosse um choque, levantei sem saber o que estava acontecendo lá.

- O que estou fazendo aqui? Quem são vocês todos? Onde está o Júlio?

-Calma senhor, nós somos a equipe médica que irá cuidar de você. Júlio está esperando na recepção.- respondeu um dos médicos.

- Você ficou "Morto" por quinze minutos, pensamos que tínhamos o perdido. Mas sua vontade de viver o trouxe de volta.- disse a enfermeira que rezava ao meu lado minutos atras.

- Eduardo, iremos seda-lo novamente para terminarmos o procedimento. Assim que terminar, encaminharemos você para o quarto.- explicou o médico.

Vi a enfermeira vindo em minha direção com uma seringa, ela aplicou no tubinho do soro e senti um sono repentino, a enfermeira me ajudou a deitar e fui apagando aos poucos.

- Júlio... Sussurei e logo dormi.

••••Júlio on••••
Já não sabia o que fazer, Henrique teve os cuidados necessários e logo foi liberado. Já faziam mais de duas horas que ninguém dava notícias, estava ficando louco quando finalmente o médico voltou, estava em choque, ele não piscava.

- Doutor como ele está? - perguntou Henrique

- Eu não sei explicar o que aconteceu naquela sala. Estávamos no meio do procedimento quando ele teve uma parada cardíaca, tentamos reanima-lo mas sem sucesso. Estávamos desistindo quando do nada, ele voltou. - tentou explicar- ele levantou sem saber o que havia acontecido, ele conversou um pouco e sussurrou seu nome Júlio antes de apagar novamente.

- Então ele está bem?

- Ele está ótimo. Na verdade não vai precisar ficar muito aqui. Bom, assim que cuidarmos dos ferimentos e assegurar que nada está fora do lugar ele irá para o quarto.- continuou- vou voltar para a sala cirúrgica. Assim que terminarmos chamarei vocês.

Assenti nos e ele saiu. Henrique estava literalmente paralisado.

- Meu pai morreu.- falou

- Henrique, é sério que de tudo o que o médico disse você só gravou isso?- riu Gustavo.

- Caramba, nosso Eduardo é duro na queda heim.

- Amor. O que aconteceu com o Gael?- perguntou Gustavo.

- Ele fugiu de carro pelos fundos assim que ouviu a gente bater na porta. Por sorte o policial que estava atrás da casa o viu e saiu de carro atrás, o delegado disse que assim que desse um jeito ele ligaria.- respondeu.

Já estava começando a ficar entediado. Gustavo dormia no ombro do Henrique que estava com os fones.
Eu estava com muita vontade de entrar correndo e ver o Eduardo, mas logo alguem veio.

- Olá. Vocês podem ver o Eduardo agora, mas só posso liberar dois de cada vez.- disse a enfermeira.

- Podem ir vocês dois primeiro. Quero falar a sos com ele. Acho que tenho esse direito.

- Tem certeza Júlio? Você é o que está mais nervoso.- disse Henrique.

- Sim. Mas não demorem muito por favor.

Eles seguiram a enfermeira, e eu voltei a sentar. Um pouco depois a enfermeira voltou dizendo que precisaria assinar alguns documentos.
Depois de longos quinze minutos eles voltaram. O Henrique estava chorando.

- O que foi Henrique?

- Estava muito ancioso para ver meu pai, e ele quase me tocou esperando por você.- disse rindo.

- Pai. Casa com ele por favor- disse Gustavo rindo.

- Bom. Eu irei lá então, alegrar meu homem.

Eles dois fizeram uma cara de quem olha para algo totalmente fofo.

Fui em direção ao quarto onde ele estava, entrei em silêncio. Ele estava olhando para mim com aqueles olhos maravilhosos, seu rosto estava com algumas manchas roxas, nada muito bizarro.

- Desculpe, aqui é o quarto do senhor Eduardo, o amor da minha vida?

- Bom, eu acho que sim, embora esteja parecendo o Barney o dinossauro roxo.- disse ele rindo.

- Estou liberado para te dar um beijo?

- Não, infelizmente só posso transar.- respondeu.

Fui até ele e o abraçei.

- Pensei que nunca mais o veria.- disse baixinho.

Levantei e o beijei, foi um beijo tão diferente dos outros, foi calmo e sereno. Como se tudo contribuisse para aquele maravilhoso momento.

- Eu amo muito você.- disse se afastando.

- Eu também amo você....

Simplesmente voceOnde histórias criam vida. Descubra agora