Call Me Daddy [Terminada]

Capítulo 20: Cuidados excessivos

O carro travou a fundo, mas acabou por chocar fortemente contra mim. Lembro-me de ter subido para cima do capô, devido ao impacto e depois ser cuspido para o chão. Lembro-me também de andar aos trambolhões, ao ponto de ferir até os joelhos. 

Mal me conseguia mexer, eu tinha sido completamente arrasado. Lembro-me de ter ficado inconsciente e acordar no hospital, numa maca, já com os curativos feitos e com um braço engessado. 

Vi uma enfermeira se aproximar de mim, com um pequeno bloco de notas. 

'' Harry Edwards? '' - Perguntou. 

'' Sou eu '' - Afirmei.

'' Que bom que acordou! '' - Felicitou '' O doutor Jackson, informou que teve alta e assim que se sentir melhor já pode abandonar o hospital, mas aconselhamos que ligue a alguém que o venha buscar. 

'' Não é necessário, eu consigo ir pelo próprio pé '' - Esclareci. 

Ela sorriu para mim e logo depois abandonou o quarto. Deixei-me ficar deitado mais uns minutos e assim que senti capacidade, ganhei coragem e levantei-me lentamente. As minhas pernas estavam dormentes, mas estavam estáveis para caminhar. O meu braço doía imenso, caminhei para fora do quarto, dirigindo-me à sala de espera, onde se encontrava a saída do hospital. 

 Optei por me sentar um pouco numa cadeira aleatória que se encontrava na sala. Sentia-me um pouco tonto devido à pancada. A sala estava quase vazia, havia pouco movimento hospitalar naquela altura do dia. 

Ao longe, ouvi uns passos apressados, aproximarem-se da sala. Olhei em frente, reparando na morena de cabelos longos, enfiada dentro daquelas roupas de cheerleader. Atlanta parecia exausta depois daquela correria para me encontrar. Exibi um pequeno sorriso assim que me apercebi da preocupação dela.

'' Meu Deus, Harry! '' - Quase gritou '' Soube do que aconteceu, estás bem? '' 

Ela aproximou-se de mim, ficando chocada com os vários cortes e arranhões que se apoderavam da minha cara e pelo meu braço engessado. 

'' Bom, consegui me desviar de uma bala que me ia acertar no ombro, caí da mota e fui atropelado por um carro, mas o que importa é que não parti o relógio que comprei em Nova York '' - Ironizei, exibindo o relógio, que por pura ironia da vida, estava completamente direito. 

Ela ficou ainda mais chocada. Consegui ver as suas bochechas ganharem uma tonalidade avermelhada e a sua mão esconder a sua boca entreaberta. Deu-me uma súbita vontade de rir devido à sua reação infantil. Ela era realmente muito fofa. 

'' Eu estou bem, docinho '' - Confortei-a, testando também a sua reação ao elogio. 

Vi-a revirar os olhos e sorri-lhe, levantando-me e indo na sua direção. A sua preocupação era interessante e sabia que podia jogar muito a meu favor naquele momento. 

(...)

O hospital ficava relativamente perto da casa dela. Kate deveria ainda estar na universidade com Jacob. O torneio de futebol ainda iria demorar, pois ainda iria haver uma pequena festa. 

Atlanta auxiliava-me como se eu fosse um incapacitado. Dava-me vontade de rir toda essa sua preocupação e cuidados comigo. Eu sentia-me bem e não estava com muitas dificuldades, mas poderia fingir um pouquinho mais, só para ter a sua atenção. 

Assim que chegamos a casa, ela ajudou-me a subir as escadas, em direção aos quartos, pois dizia que o sofá não era confortável para eu ficar. Ela parou no meio do corredor, indecisa sobre qual quarto me haveria de colocar. Achava que ela iria me colocar no quarto da Kate, mas para minha surpresa, decidiu colocar-me no seu.