Capítulo 32: A obra de arte és tu

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Dormi a maior parte do dia, pois estava demasiado confusa para aceitar a realidade, não sabia ao certo se o Harry tinha voltado e se o voltaria a ver. 

Era a minha folga e Johanna iria apresentar as suas obras de arte na galeria da cidade. Ela convidou-me para comparecer ao evento e como era de esperar, não iria faltar. Já fazia imenso tempo que não me aproximava do centro da cidade por motivos óbvios e naquela noite, seria a primeira vez, em todo aquele tempo, que iria pôr os pés lá. 

Johanna compreendia se eu não quisesse comparecer, mas logicamente que não ia dar-lhe esse desgosto. Sentia-me nervosa por ter de me aproximar daquele lugar, mas também já tinha passado imenso tempo, talvez já não tivesse um impacto tão grande em mim. 

Sabia que provavelmente iria correr o risco de encontrar o Harry por lá, a menos que ele já contasse com a minha presença e acabasse por não ir. Ele não era próximo da Johanna, mas era do Mr. Andrews, então a probabilidade poderia ser alta. 

Eu no fundo torcia para o poder ver novamente. 

Vesti um vestido castanho que chegava-me aos joelhos e que abraçavam as curvas do meu corpo. Emagreci imenso desde aquela altura, lembro-me que nos inícios perdi inúmeras vezes o apetite, vivia trancada no quarto e não tinha motivação para nada, adoecia com muita facilidade. 

Calcei uns saltos pretos, passei rímel nos meus cílios e coloquei batom nos lábios. Ia levar o meu cabelo solto e ondulado, olhei-me novamente ao espelho e sentia-me bonita. Sabia para quem me estava a arranjar, a minha cabeça só não queria admitir. 

Felizmente Noah não iria-me acompanhar, mesmo que ele muito quisesse. Por um lado, fiquei feliz por ele não poder estar presente. Jacob, por sua vez, ia acompanhar-me, assim como o meu pai. Ambos estavam entusiasmados para ir à galeria de artes. 

Chamei um táxi e o mesmo deixou-nos em frente à porta da galeria. Reparei que um senhor, de meia idade, vestido com um terno preto e luvas brancas me abriu a porta do táxi. 

'' Boa noite, menina '' - Cumprimentou-me, esticando a sua mão para me ajudar a sair. 

Uau Johanna! Este evento é chique!

'' Boa noite, senhor '' - Cumprimentei de volta e segurei a sua mão. 

O meu pai e Jacob saíram rapidamente do táxi para evitar que o porteiro da galeria lhes abrisse a porta e os ajudassem a sair. Revirei os olhos perante os seus comportamentos nada formais. 

Caminhei pela pequena escadaria de mármore em direção as portas de vidro da galeria. Um outro gentil senhor abriu-me a porta e sorriu para mim, sorri de porta e caminhei para o interior. Já se encontrava bastante gente presente no local, inclusive os familiares e amigos da Johanna. 

A galeria era extremamente luxuosa, os meus olhos perderam-se em todos aqueles detalhes, paredes com cordões de ouro, cortinas de veludo verde, sofás redondos espalhados pela galeria de veludo vermelho. 

Jacob e o meu pai ficaram parados a admirar toda a beleza do local, ficando um pouco mais para trás. 

Johanna avistou-me à distancia e aproximou-se rapidamente de mim com um sorriso enorme no rosto e de braços abertos para me receber num abraço. Ela estava lindíssima dentro daquele vestido preto, chegava-lhe até aos pés, continua um decore revelador e o seu cabelo estava encaracolado nas pontas, alcançando-lhe o peito. 

'' Atlanta! '' - Quase gritou '' Vieste! '' 

Deu-me um abraço tão forte, chegando a levantar os meus pés do chão. 

'' Não iria perder isto por nada! '' - Afirmei.

'' Obrigada, estou tão feliz por terem vindo! '' - Afirmou sorridente. 

Ela deu-me um copo de champanhe para a mão e caminhamos pela exposição, onde ela me mostrava grande parte dos seus trabalhos, até que algumas pessoas, muito bem vestidas, às quais eu não conhecia, se aproximaram dela, para conversar sobre as suas obras. 

Deixei-os conversar particularmente e caminhei numa outra direção, admirando as pinturas penduradas nas paredes. Era incrível, como ela tinha tanto talento, ela era uma artista. 

Assim que cruzei o segundo corredor, Harry apareceu no meu campo de visão. Ele encarava atentamente um dos quadros, com um copo de champanhe na mão e com a outra mão enfiada no bolso do seu terno. 

Recuei rapidamente para trás, afastando-me do segundo corredor e senti a minha pulsação aumentar. As minhas mãos suavam gelado ao ponto de sentir o copo de champanhe escorregar. Preparei-me mentalmente, se ele estava ali, provavelmente teria de me cruzar com ele mais algumas vezes naquela noite, a menos que um de nós fosse embora naquele exato momento. Por isso, respirei fundo e decidi entrar no segundo corredor, onde ele estava. 

Ele sentiu a minha presença e olhou para mim, tentei agir de forma natural, mas estava a fracassar vivamente. Disfarcei, fingindo admirar um dos quadros que se encontravam no corredor, mantendo alguma distancia entre nós. 

Uns minutos depois, reparei que ele se moveu e fiquei preocupada com a possibilidade de ele se afastar ou ir-se embora, mas para minha surpresa, o mesmo aproximou-se um pouco mais de mim, observando o mesmo quadro que eu. 

Virei lentamente a cabeça na sua direção, o mesmo imitou o exato movimento. Ficamos envolvidos naquela fixação de olhares em que nenhum dos dois conseguia desviar.

Admirei os seus olhos, pareciam mais verdes do que aquilo que costumavam ser, o seu cabelo estava ainda melhor do que o que me lembrava, levemente puxados para trás, enquanto alguns dos seus cachos descaiam pelas suas orelhas. 

Vi-o desviar o olhar para a pintura à sua frente, o mesmo deu um gole no seu champanhe e permaneceu em silencio. Movi o olhar para a pintura também e sentia-me idiota, queria quebrar o gelo mas não sabia por onde começar. 

Harry não expressava nenhuma emoção no rosto, ele não parecia muito amigável, muito pelo contrario, parecia frio e com razão. 

A proximidade entre nós era suficiente para eu conseguir inalar o seu perfume, era exatamente igual ao que ele costumava usar. 

Até que decidi me virar de frente para ele para acabar de vez com o silencio, no exato momento em que me virei ele já se encontrava a fazer o mesmo. 

'' Eu ach-'' - Dissemos em simultâneo, mas logo nos calamos. 

Assim que reparei que ele também estava a falar para mim, calei-me de imediato, ele ficou calado também enquanto me encarava de lábios entreabertos, até que decidi interromper o silencio entre nós. 

'' Eu acho que deveríamos conversar ''



Notas da autora:

Parece que Atlanta não conseguiu mais parar de pensar no Harry desde que o reencontrou e parece que o Harry têm muitas duvidas para esclarecer. 

Se o capítulo foi do teu agrado, não te esqueças de clicar no coraçãozinho lá em cima! Muito obrigada 

Call Me Daddy [Terminada]Onde histórias criam vida. Descubra agora