Call Me Daddy [Terminada]

Capítulo 25: As pessoas nunca param de surpreender

Ouvi a porta ser aberta bruscamente e o segurança que me abordou anteriormente entrou, arrastando Johanna pelo braço. 

'' Vocês são loucas, mentirosas, fora daqui antes que eu chame a policia '' - Grunhiu.

'' Desculpa, não consegui segura-los na minha conversa por muito tempo '' - Desculpou-se Johanna. 

O segurança avançou na minha direção e agarrou também no meu braço, arrastando-nos as duas para fora da sala.  Johanna percebeu o meu estado e ficou completamente em pânico e preocupada. 

'' O que descobriste?! '' - Quase gritou, assim que percebeu que realmente era grave. 

'' Largue-as '' - Uma voz familiar soou no ar.

Harry encontrava-se parado junto ao elevador, ele já sabia que eu tinha descoberto tudo, olhava-me sem qualquer expressão no seu rosto. 

Semicerrei o maxilar e soltei-me com toda a força que tinha, do aperto do segurança, avancei na direção do Harry pronta para o atacar. 

'' Como foste capaz?! '' - Gritei, avançando a minha mão fortemente contra o seu rosto.

O som do estalo ecoou por toda a sala, Harry não se moveu e apenas encarava o chão, sem qualquer tipo de reação.

'' Eu odeio-te! Eu odeio-te com tudo o que tenho, Harry! '' 

A minha voz falhava sempre que tentava puxar por ela e as minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto sem parar, o meu choro era a única coisa audível naquele corredor. 

'' Saiam por favor '' - Harry pediu que o segurança e Johanna se retirassem '' Deixa-me falar contigo, Atlanta '' 

'' Eu não quero ouvir uma única palavra que saia dessa tua boca imunda '' - Respondi com a voz completamente rouca. 

Ele tentou aproximar-se de mim mas eu desatei a correr pelas escadas de emergência, Johanna correu atrás de mim tentando acompanhar-me. Não esperava que fossemos tão rápidas, que nem pelo elevador, eles conseguiram nos alcançar. 

Corremos em direção ao seu carro e Johanna conduziu para sua casa, pois sabia que não era boa ideia ir para a minha. Os primeiros raios de sol do amanhecer entravam pelas janelas do carro e com eles escorriam também as minhas lagrimas. Ela não disse uma única palavra e deixou-me chorar tudo o que eu precisava. 

Em sua casa, revelei-lhe tudo o que lhe tinha escondido até agora, sobre mim e o Harry. Notei que ela ficou desiludida por eu não ter confiado nela para lhe contar algo assim, mas era um assunto que eu simplesmente não podia contar a ninguém por ser algo grave demais. De seguida contei-lhe tudo o que descobri no escritório, ela ficou completamente chocada e sem reação com a novidade.

Acabamos por adormecer. Quando acordei, a minha cabeça doía tanto e o meu corpo parecia estar tão frágil. Olhei para o relógio vendo que tinha dormido quase até metade da tarde. 

Não queria ir para a universidade, uma vez que nem isso era de verdade, mas Johanna insistiu que eu a acompanhasse pois não me deixar sozinha depois do que aconteceu e também porque ela necessitava mesmo de ir à ultima aula ou caso contrario, chumbava.

Também não estava a fazer nada em casa e não perdia nada em ir pela última vez à universidade para me ''despedir'' daquela farsa. Ganhei forças e levantei-me da cama, ainda tinha as minhas roupas no corpo, arrastei-me até à casa de banho do quarto dela e olhei-me ao espelho, vendo o quão mal eu estava. Os meus olhos estavam inchados, a minha cara estava pálida e o meu cabelo muito bagunçado. 

Com isto, lembrei-me de um detalhe importante, eu não lhe tinha contado sobre o Mr. Adrews, mas iria apenas contar no final das aulas. Queria também ver a cara do Mr. Andrews quando me visse aparecer na aula dele depois de eu já saber de tudo. 

(...)

A aula já tinha começado e Mr. Andrews não conseguia desviar o olhar de mim. Não sei se era pela minha aparência lastimável ou porque já tinha conhecimento que eu sabia de tudo. 

O mesmo parecia desconfortável enquanto dava a sua aula, portanto assumi que fosse a minha presença o motivo do seu desconforto. A sua voz fraquejava algumas vezes quando percebia que o encarava de forma extremamente seria e com os braços cruzadas, encostada às costas da cadeira. 

Johanna percebeu a tensão entre nós e encarou-me confusa. Os dois entreolharam-se e eu estranhei aquele comportamento. 

Quando Mr. Andrews ia abrir a boca para prosseguir com a aula a mesma foi interrompida pela diretora, que abriu a porta violentamente, apontando para Mr. Andrews. Atrás dela, apareceram cerca de três agentes da policia.  

'' Aquele homem é uma fraude! '' - Gritou '' Ele não é professor nenhum ''

Todo o auditorio ecoou um som de surpresa, abri um sorriso sínico enquanto olhava bem nos olhos do Mr. Andrews, ele olhou para mim completamente em pânico. Fiquei extremamente realizada por a máscara dele também ter caído e desta vez eu não tinha feito nada, o esquema deles deu muito errado. 

Johanna estava completamente em choque sem perceber o que estava a acontecer, olhava para mim e depois para ele enquanto o assistia a ser agarrado e algemado pelos três agentes. Os olhos da morena encheram-se de lágrimas e eu estava confusa por vê-la naquele estado. Ele tentava desprender-se das mãos dos agentes enquanto olhava para ela desesperado. 

'' Johanna! '' - Ele gritou o nome dela, enquanto era arrastado. 

Ela parecia surpreendida por ele ter gritado o seu nome, Johanna encarou-o destroçada, como se ela o quisesse ajudar. 

'' Eu poderia ter mentido em muita coisa '' - Começou '' Mas nunca menti sobre os meus sentimentos '' 

O meu queixo quase caiu na mesa depois do que ele tinha dito. Johanna e Mr. Andrews tinham um caso. Ou seja, enquanto o Harry se aproximava de mim para ter informações sobre a minha mãe, o Mr. Andrews aproximava-se da Johanna para que ela lhe pudesse contar qualquer informação que eu contasse a ela. 

Este esquema estava tão bem elaborado e nós fomos umas completas idiotas por termos caído nele. 

Eu sempre desconfiei que Johanna se sentia atraída pelo Mr. Andrews, mas jamais podia imaginar que eles pudessem ter um caso, jamais podia imaginar que ele era um falso professor infiltrado, jamais podia imaginar que Harry era um espião infiltrado.

Eu estava a ser bombardeada de informações nas ultimas 24 horas e estava a ser extremamente desgastante, o que mais poderia estaria para vir? 

Todos os alunos, incluindo nós, seguimos os agentes da policia, enquanto os mesmos arrastavam o Mr. Andrews até à viatura. Johanna não conseguia parar de chorar e ele não conseguia desviar o olhar dela, sempre a repetir a frase de que não era o que ela pensava. 

Mas ele não pode mentir mais, não depois da verdade ter vindo à tona. 

Notas da autora:

Não sei se aguentaria estar na pele da Atlanta, descobrir que estava a viver uma mentira e ser bombardeada com verdades vezes e vezes sem conta

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