Capítulo 2

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O ano era de 2100. A tecnologia avançou muito. Pelas ruas podem ser vistos carros voadores, robôs construindo casas e interagindo com seres humanos, entre tantas outras coisas. A biomedicina também se modernizou: mesmo não conseguindo ainda ressuscitar os mortos ou evitar a morte, os seres humanos conseguiam viver por mais tempo, o que permitia que eles adquirissem ainda mais sabedoria.

Era aproximadamente seis horas da manhã de sábado quando o telefone tocou. Sua mão se estendeu para pegá-lo, mas acabou caindo no chão. Esses telefones modernos não quebram com tanta facilidade. A contragosto Fernanda se levantou de sua cama e ajuntou-o do chão. O holograma que surgiu diante de seus olhos mostrava um homem de cabelos grisalhos, barba alta e aparentava ser bastante estratégico e calculista.

– Bom dia comandante Fernanda. Vejo que não se encontra em boas condições.

– Estava dormindo. Deveria fazer o mesmo. Hoje é sábado.

– Certamente comandante. Mas algo ocorreu hoje de madrugada. Toda a polícia está investigando. Solicitaram a presença da Polícia Especial.

– Você pode me adiantar o que é exatamente tenente Petrus?

– Até onde sei, encontraram vários corpos na praia. Mas entre os corpos haviam pessoas ainda vivas que foram imediatamente enviadas aos nossos centros médicos. Alguns deles carregavam armas, o que apresentavam riscos para a população.

Imigrantes pensou Fernanda. Ela imediatamente desligou o telefone, arrumou suas coisas e partiu.

Ao sair de sua casa se encontrou com sua vizinha Alerav. Ela estava aparando as flores na frente de sua casa. Fernanda e sua vizinha se gostavam muito. Adoravam curtir os fins de semana – quando a comandante não era interrompida para realizar alguma missão, é claro. Elas se cumprimentaram e Fernanda foi até a base da Polícia Especial.

Ao chegar foi recebida por uma pilha de fotografias vindas dos legistas; fotografias dos mortos encontrados nas praias. Haviam ao menos quinze deles. Todos tinham características comuns: cabelo grande bagunçado, barba alta e parecia que não tomavam banho há séculos. Alguns não tinham olhos, ou faltavam-lhe as pernas ou as mãos.

Mas Fernanda estava mais interessada em estudar os sobreviventes, pois eles teriam respostas e poderiam ameaçar aquela civilização.

Um dos tenentes – Kenji, de aparência oriental e bem construído – surgiu com vários objetos embrulhados em um saco plástico. Fernanda pegou tais objetos e estudou-os ali mesmo. O que chamava atenção era o fato de parecer objetos de séculos (ou até milênios) atrás. As armas também eram bem antiquadas – não conseguiriam deter o acervo bélico que as pessoas do final do século XXI possuíam. E todos os objetos estavam em posse das pessoas encontradas na praia.

– Contrabando. – disse Kenji.

– O que não entendo é como eles vieram de barco. Há tempos a navegação nas águas é proibida. Alguém teria detido-os antes de chegarem à praia. – disse Fernanda.

Kenji coçou a cabeça tentando descobrir o que estava acontecendo. Seus pensamentos não chegavam a uma conclusão. A conversa entre os dois não foi concluída, pois Petrus os interrompeu.

– Um deles acordou!

Havia um alvoroço na porta do hospital onde os sobreviventes se encontravam. Fernanda, Kenji e Petrus quase não conseguiram adentrar. Um movimento igualmente intenso podia também ser visto dentro do estabelecimento. Em um dos quartos estava um jovem ainda atordoado, tentando compreender o que estava fazendo ali. Que mundo diferente era aquele?

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