Capítulo 18

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Tendo em vista que conseguiram escapar de um destino cruel e que, dificilmente, seria inevitável, Sepeu, Sereia Monstro e os demais navios retornaram para o reino de Meleque. Mas antes fizeram uma parada na ilha onde os vikings costumam ancorar para descansarem e fazerem estratégias.

Yurik está ao lado de sua filha. Ela, assim como Erik, é uma ótima curandeira. O que resta do exército grandioso está gravemente ferido. Há algo em comum entre os machucados; a maioria é queimadura, provavelmente causada pelas bolas de fogo do dragão. Muitos tremem pelo simples fato de imaginar que a rainha possui vários de outras espécies, cada um com um poder diferente. Vladimir fica imaginando como aquelas pessoas da ilha gelada foram obrigadas a congelarem até a morte. Lembrar das crianças que sentiram as dores intensas que antecedem o fim do funcionamento dos seus organismos faz o viking querer chorar. Claro que ele não faria isso, pois, como líder dos vikings, tem que agir com rigidez e coragem. Não pode expressar sentimentos como medo e nem fraqueza. Isso faz com que sua tristeza se transforme em ódio. Mas ainda teme o fato de que – em possíveis próximos ataques – ela possa usar dragões mais poderosos, pois ele desconhece o poder das demais criaturas além das de fogo e gelo.

É mais difícil curar queimaduras do que quaisquer outros ferimentos. Hannah e Erik possuem um arsenal com plantas medicinais específicas para cada tipo de tratamento, inclusive queimaduras. A dor é inevitável, então gritos desesperados são comuns. Apesar de não se falarem muito, como se estivessem tentando evitar um ao outro, o viking e sua aliada juntam o que têm de especial para tratamentos. Ele possui uma caixa de quase um metro de altura repleta de folhas de babosa, ótimas para o tratamento que as pessoas ali necessitavam.

Fernanda olhou aquilo e ficou impressionada, pois nunca havia visto algo parecido antes. Até achou que fosse uma planta carnívora ou algo que só existiu na natureza durante o período Cretáceo. Levando em consideração as perturbações temporais, até que sua suspeita fazia sentido. Sheldon percebeu que Fernanda parecia confusa diante das plantas, então resolveu ajudá-la a descobrir do que se tratavam.

– Essas são Aloe Vera.

A policial quase cai para trás com o susto, pois não esperava ser atendida por Sheldon. Ele prossegue com seu ensinamento.

Aloe Vera é o nome científico da babosa.

– Babo... o quê?

– Babosa. Uma planta ótima para ser usada em queimaduras. Pena que já esteja extinta. Nossa farmácia é capaz de produzir remédios com efeitos tão bons quanto os da babosa, ainda assim a planta faz falta pelo simples fato de estar ausente da natureza.

Fernanda se assombra com o conhecimento de Sheldon.

– Tudo bem que eu não seja biólogo como Shadow, mas compreendo algumas coisas de botânica, pois no final tudo se interliga.

Fernanda está triste. Pensa em cada espécie que já está extinta em seu ano de convívio. Desde o dodô a babosa. Seres que provavelmente nunca mais retornarão. Mesmo com os avanços científicos, já foi comprovado que é impossível trazer animais extintos de volta à vida. Sheldon lembra que possui alguns espécimes de dodôs no navio, e que eles podem fazer com que a espécie possa retornar à vida desde que cuidados com toda a delicadeza que merecem. Mas somente se der tudo certo.

Vladimir se aproxima com algumas folhas da espécie extinta em mãos.

– Você vai precisar? – pergunta ele a Fernanda.

– Lembre-se que eu não participei da ação.

Ela dá uma leve risada. Mas isso não impede que o viking observe a tristeza em seu olhar.

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