Maciel Andrade
____Depois disso, mais uma tortura começou, eu sentia sono, muito sono, queria dormi e não acordar nunca mais, mas eu precisava ficar acordado, pela Anne e pela Fernanda, o que será que tá acontecendo, agora?
Meus olhos piscavam querendo se fechar, Anne ainda me olhava e minha vontade era de gritar com ela, de mandar ela parar de sentir pena de mim, mas não fiz isso, ela não tem culpa de nada.
Levantei devagar e caminhei em passos curtos até o quintal, entrei no banheiro e tirei minha roupa com bastante dificuldade, eu estava tonto, minha cabeça doia muito e eu só queria dormi.
Liguei o choveiro e deixei a água gelada cair em meu corpo fazendo tudo arder, o sangue em meu corpo de misturava com a água e escorriam juntas, ralo abaixo.
Encostei minhas costas na parede e com dificuldade me baixei sentando no chão.
-Deus, Cadê você? __sussurrei__Você está me ouvindo ?__perguntei querendo realmente uma resposta.__quando essa dor vai acabar, quando eu vou poder ser feliz, quando vou poder sorrir ?__chorei__você existe ?__passei a mão pelo cabelo__porque me deixa sofrendo aqui, porque não me leva junto a você? __encostei a cabeça na parede sentindo a água cair em cima do meu rosto.
Levantei com dificuldade e desliguei o choveiro, peguei a toalha enxugando meu corpo, enrolei a mesma na minha cintura e caminhei para fora do banheiro, entrei em casa e peguei uma roupa qualquer e voltei pro banheiro, me vestir e sentei na cama sem olhar para Anne que olhava cada passo que eu dava.
Deitei na cama e fechei meus olhos, eu sentia sono, mas não conseguia dormi, eu estava preocupado, Fernanda ainda não havia chegado e eu tinha medo por ela, muito medo.
(...)
Acordei com o barulho da porta sendo aberta e abrir meus olhos rápido, não vi ninguém entrar, então levantei rapidamente sentindo meu corpo todo doer, olhei a porta e um barulho de coisa caindo ecoou pelo meu ouvido, Fernanda estava lá, no chão, suas roupas estavam rasgadas e sujas de sangue, ela estava fraca, cheia de cortes pelo corpo, seus cabelos que eram longos e negros agora estavam curtos acima dos ombros e muito mal cortados, caminhei rápido até ela e me abaixei uma sua frente, mesmo com meu corpo doendo, tentei levantar a mesma mas eu não tinha forças.
Olhei seu rosto que estava completamente machucado e afastei seus cabelos que estavam no mesmo, seu rosto todo suado e sujo de sangue, levantei e puxei a mesma fazendo ela agarrar meu pescoço e eu quase cair para o lado.
Andei com ela até a cama e a coloquei deitada na mesma, Anne se mexeu e abriu os olhos.
Anne- Que foi ?__perguntou, ela olhou para seu lado.__meu Deus __colocou sua mão na boca ao ver Fernanda__Mamãe__chorou.__Mamãe __chamou balançando Fernanda.
- Me ajuda __peguei no braço de Anne__Pega alguma coisa com água e trás um pano__falei e a mesmo levantou e correu até a cozinha.
Em seguida a mesma voltou com uma panela pequena com água e uma pano amarelo em sua mão.
Peguei o mesmo e molhei na água, comecei a passar pelos machucados de Fernanda enquanto sentia os meus arderem.
-Desculpas__ sussurrei__ desculpas __repetir__ tudo vai melhorar __ limpei outros machucados e ouvi a mesma gemer baixinho__ a gente vai ficar bem__ sussurrava enquanto limpava os machucados de Fernanda e ouvia Anne chorar.
Peguei o celular que estava em cima da televisão velha e liguei o mesmo vendo que eram 06:15 AM.
Ajeitei a mesma na cama e deixei a mesma descançar enquanto fui na cozinha, preparei um chá de alguma coisa que eu esqueci o nome e deixei esfriar um pouco.
-Anne, olha ela pra mim __pedi falando baixo.
Anne me olhou e balançou a cabeça, caminhei até Fernanda e sentei ao seu lado, alisei seus cabelos com aquele corte mal feito e dei um beijo em sua testa.
-Desculpas mãe__sussurrei__não vai ser fácil, desculpas mãe__deixei uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
Levantei e limpei as lágrimas que caíam, dei um beijo na testa da Anne e caminhei até a porta que ainda estava aberta, sair de casa e fechei a porta.
O sol já estava quente, comecei a descer o morro olhando várias pessoas indo trabalhar, algumas crianças indo para a escola e alguns vapores com armas nas mãos.
Parei em frente a boca e chamei o tal de Breno, o mesmo era o sub dessa droga de morro.
Breno- Qual foi ?__perguntou__andou apanhando foi__deu risada.
-Quero trabalhar aqui__soltei logo o papo.
Breno deu risada e virou as costas andando de volta para onde tava.
Breno- Pensa que aqui é mil maravilhas ?__debochou.
-Minha vida também não é mil maravilhas, apanho todos os dias desde que nasce e ainda tô vivo__coloquei as mãos no bolso.
Breno olhou para mim e abriu um sorriso debochado.
Breno- Vai de foguetero__disse e passou a mão na cabeça__espero não me arrepender__falou me olhando.
-Quando começo? __perguntei sério.
Breno- Amanhã __disse
-Beleza__dei as costas.
Comecei a andar de volta pra casa, sei que não foi fácil, nunca vai ser fácil, mas eu precisava fazer isso, pela Anne e pela Fernanda.
Entrei em casa e Anne ainda estava no mesmo lugar olhando Fernanda, me pergunto se ela entendeu o que eu quis dizer.
Fui na cozinha e peguei o chá, coloquei no copo e fui pra sala, sentei na Ponta da cama e comecei a dá o chá para Fernanda com muita dificuldade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Foi Na FAVELA
Non-Fiction"Se você estiver lendo está história em qualquer outra plataforma que não seja o Wattpad, provavelmente está correndo o risco de sofrer um ataque virtual (malware e vírus)." -Sinopse Minha mão pequena bate no vidro do carro No braço se destacam as q...