16

10.5K 1K 107
                                    

Maciel Andrade
____

Depois disso, mais uma tortura começou, eu sentia sono, muito sono, queria dormi e não acordar nunca mais, mas eu precisava ficar acordado, pela Anne e pela Fernanda, o que será que tá acontecendo, agora?

Meus olhos piscavam querendo se fechar, Anne ainda me olhava e minha vontade era de gritar com ela, de mandar ela parar de sentir pena de mim, mas não fiz isso, ela não tem culpa de nada.

Levantei devagar e caminhei em passos curtos até o quintal, entrei no banheiro e tirei minha roupa com bastante dificuldade, eu estava tonto, minha cabeça doia muito e eu só queria dormi.

Liguei o choveiro e deixei a água gelada cair em meu corpo fazendo tudo arder, o sangue em meu corpo de misturava com a água e escorriam juntas, ralo abaixo.

Encostei minhas costas na parede e com dificuldade me baixei sentando no chão.

-Deus, Cadê você? __sussurrei__Você está me ouvindo ?__perguntei querendo realmente uma resposta.__quando essa dor vai acabar, quando eu vou poder ser feliz, quando vou poder sorrir ?__chorei__você existe ?__passei a mão pelo cabelo__porque me deixa sofrendo aqui, porque não me leva junto a você? __encostei a cabeça na parede sentindo a água cair em cima do meu rosto.

Levantei com dificuldade e desliguei o choveiro, peguei a toalha enxugando meu corpo, enrolei a mesma na minha cintura e caminhei para fora do banheiro, entrei em casa e peguei uma roupa qualquer e voltei pro banheiro, me vestir e sentei na cama sem olhar para Anne que olhava cada passo que eu dava.

Deitei na cama e fechei meus olhos, eu sentia sono, mas não conseguia dormi, eu estava preocupado, Fernanda ainda não havia chegado e eu tinha medo por ela, muito medo.

(...)

Acordei com o barulho da porta sendo aberta e abrir meus olhos rápido, não vi ninguém entrar, então levantei rapidamente sentindo meu corpo todo doer, olhei a porta e um barulho de coisa caindo ecoou pelo meu ouvido, Fernanda estava lá, no chão, suas roupas estavam rasgadas e sujas de sangue, ela estava fraca, cheia de cortes pelo corpo, seus cabelos que eram longos e negros agora estavam curtos acima dos ombros e muito mal cortados, caminhei rápido até ela e me abaixei uma sua frente, mesmo com meu corpo doendo, tentei levantar a mesma mas eu não tinha forças.

Olhei seu rosto que estava completamente machucado e afastei seus cabelos que estavam no mesmo, seu rosto todo suado e sujo de sangue, levantei e puxei a mesma fazendo ela agarrar meu pescoço e eu quase cair para o lado.

Andei com ela até a cama e a coloquei deitada na mesma, Anne se mexeu e abriu os olhos.

Anne- Que foi ?__perguntou, ela olhou para seu lado.__meu Deus __colocou sua mão na boca ao ver Fernanda__Mamãe__chorou.__Mamãe __chamou balançando Fernanda.

- Me ajuda __peguei no braço de Anne__Pega alguma coisa com água e trás um pano__falei e a mesmo levantou e correu até a cozinha.

Em seguida a mesma voltou com uma panela pequena com água e uma pano amarelo em sua mão.

Peguei o mesmo e molhei na água, comecei a passar pelos machucados de Fernanda enquanto sentia os meus arderem.

-Desculpas__ sussurrei__ desculpas __repetir__ tudo vai melhorar __ limpei outros machucados e ouvi a mesma gemer baixinho__ a gente vai ficar bem__ sussurrava enquanto limpava os machucados de Fernanda e ouvia Anne chorar.

Peguei o celular que estava em cima da televisão velha e liguei o mesmo vendo que eram 06:15 AM.

Ajeitei a mesma na cama e deixei a mesma descançar enquanto fui na cozinha, preparei um chá de alguma coisa que eu esqueci o nome e deixei esfriar um pouco.

-Anne, olha ela pra mim __pedi falando baixo.

Anne me olhou e balançou a cabeça, caminhei até Fernanda e sentei ao seu lado, alisei seus cabelos com aquele corte mal feito e dei um beijo em sua testa.

-Desculpas mãe__sussurrei__não vai ser fácil, desculpas mãe__deixei uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Levantei e limpei as lágrimas que caíam, dei um beijo na testa da Anne e caminhei até a porta que ainda estava aberta, sair de casa e fechei a porta.

O sol já estava quente, comecei a descer o morro olhando várias pessoas indo trabalhar, algumas crianças indo para a escola e alguns vapores com armas nas mãos.

Parei em frente a boca e chamei o tal de Breno, o mesmo era o sub dessa droga de morro.

Breno- Qual foi ?__perguntou__andou apanhando foi__deu risada.

-Quero trabalhar aqui__soltei logo o papo.

Breno deu risada e virou as costas andando de volta para onde tava.

Breno- Pensa que aqui é mil maravilhas ?__debochou.

-Minha vida também não é mil maravilhas, apanho todos os dias desde que nasce e ainda tô vivo__coloquei as mãos no bolso.

Breno olhou para mim e abriu um sorriso debochado.

Breno- Vai de foguetero__disse e passou a mão na cabeça__espero não me arrepender__falou me olhando.

-Quando começo? __perguntei sério.

Breno- Amanhã __disse

-Beleza__dei as costas.

Comecei a andar de volta pra casa, sei que não foi fácil, nunca vai ser fácil, mas eu precisava fazer isso, pela Anne e pela Fernanda.

Entrei em casa e Anne ainda estava no mesmo lugar olhando Fernanda, me pergunto se ela entendeu o que eu quis dizer.

Fui na cozinha e peguei o chá, coloquei no copo e fui pra sala, sentei na Ponta da cama e comecei a dá o chá para Fernanda com muita dificuldade.

Foi Na FAVELAOnde histórias criam vida. Descubra agora