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Maciel Andrade
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05 de Dezembro de 2003

Sexta-Feira.

Nessa momento a única coisa que eu quero é sair de casa logo, nesse momento eu quero ir para as ruas, só para não sentir mas uma vez ela me espancando, só para não sentir mas uma vez o ódio que sinto em ver minha mãe, minha maldita mãe me batendo, só para não ouvir as coisas absurdas que ela chama seu próprio filho.

Eu, Maciel Andrade de apenas 08 anos de idade.

Amor de mãe?
Para me isso não existe e nunca existiu, na verdade eu nem sei como eu tô vivo ainda, não sei porque o diabo dos infernos, o Capeta ainda não me levou junto á ele, meu Pai.

Após mas uma seção de tortura ela me deixa ir e assim eu vou, do mesmo jeito que eu tô, de roupa rasgada, cortes aberto, sangue escorrendo e as lágrimas mas uma vez sobre meu rosto.

E ainda assim chego no sinal, com mas uma vez um corte no meu pé doendo, e alí sangue escorria pelo mesmo, melando a pista do sinal, de sangue.

E é lá que encontro ele, meu melhor amigo, meu único amigo, Davi, que corri até me assim que me ver.

Davi- Fala cara__ fez toque e na mesma hora sentir um ardor em minha mão por causa de mas um corte que ela havia feito em mim.

  -E aí __fiz careta.

Davi- Ela te bateu de novo __abaixou a cabeça.

  - É... Fica ligado aí mano__ falei assim que o farol fechou.

Caminhei cachingando até os carros e toquei a janela de vidro fazendo mas uma vez minha mão arder, era possível ver contra o vidro o sangue descendo da minha testa cortada e ainda mas possível ver a cara de fúria que o dono do carro fez ao ver que eu havia sujado a janela de seu carro de sangue, com meu sangue.

  -Ajuda __digo sentindo meu nariz arder, por mas uma vez passar essa vergonha.

Xx- Ajuda ?__saiu do carro__ seu filho da puta, sujou meu carro__deu um soco em meu rosto e em seguida mas outro o que me fez cair no chão e ele continuar a me bater.

De longe ouvi os gritos de Davi pedindo pra ele parar e correr até nos.

Davi- Dei..DEIXA ELE__gritou e empurrou o homem que nem se mexeu.

Meu estômago doía muito, eu não havia comido ainda, meus olhos piscavam querendo se fechar, mas ainda assim eu consegui ficar de olho aberto e no mesmo momento pudi ver o homem dando um soco no rosto do meu amigo que caiu de imediato no chão.

Vi uma mulher sair do carro e gritar com o homem pedindo pra ele parar, ele nos olhou com um olhar de fúria e entrou dentro do carro dando partida no mesmo em alta velocidade o que me fez ver que o sinal abril e alí não aguentei e fechei meus olhos apagando completamente.

(...)

Acordei com Davi sentado ao meu lado, já dava pra ver claramente que era noite, meu estômago roncou de imediato e doeu muito.

Davi- Oi__ disse triste.

   - O..oi__falei sentindo minha boca arder.

Davi- Não conseguimos nada hoje__abaixou a cabeça.

  - Foi mal.__respirei__ tudo minha culpa__fechei meus olhos.

Davi- Não cara, culpa daquele desgraçado __juntou os dentes.__ se ele soubesse o que é passar fome__abaixou a cabeça.

Me levantei com dificuldade e corrir até meu amigo o abraçando apertado e sentindo meu corpo todo arder.

Eu me permitia demostrar o quanto amava ele, meu irmão de guerra, meu irmãozinho que dividiu comigo muitas vezes o seu pedaço de pão, que mesmo sem ter nada tirou do seu bolso e colocou no meu, só pra não me ver morrer, aquele que colou comigo na pior parte da minha vida.

Ali naquele abraço me permiti chorar, chorar de dor e chorar por ver meu único amigo daquele jeito, eu não me importo de passar pelo que passo, eu só me importo de saber que ele passa pela mesma coisa que eu.

Apanhando todos os dias, passando fome, vivendo sujo pelo meio da rua, tendo muitas vezes que roubar.

Isso sim eu me importo, mas ainda vai ter um dia que vou tirar ele dessa vida, vai ter um dia que meu irmãozinho de alma vai ter uma vida boa e não vai precisar fazer nada disso pra viver.

A gente levanta daquele chão e caminhamos junto indo pra casa, ele passa seu braço em volta do meu pescoço e eu passo o meu braço em volta de sua cintura e assim andando lado a lado indo em direção ao inferno chamado casa.

Chegando em frente seu barraco ele para.

Davi- Amanhã te vejo irmão __diz e me da as costas.

  -Se eu tiver vivo até lá __sorrir sem graça.

Davi- Ei cara, fala isso não __disse__ a gente ainda vai viver muito e vamo ser rico um dia__sorriu.

  -Um dia vamo sair daqui irmão __sorrir e caminhei.

Davi- Isso mermo, um dia vamos sair daqui__sorriu__ eu, tú é minha coroa.__falou e eu sorrir.

Ao contrário da minha maldita mãe, a mãe dele é boa e sempre que da ela ajuda a gente.

Chego em casa mas uma vez e tento entrar despercebido para a mulher que se diz minha mãe não me ver.

Marlucia- Cadê meu dinheiro__fala atrás de me com sua voz grave.

  -Eles não me deram mãe __falo ja com vontade de chorar.

Marlucia- Que não te deram o que seu filho da puta, coloca o dinheiro na mesa e vai dormi. __diz com raiva

-Mas ele não me deram mãe __digo chorando.

Marlucia- Não te deram é ?__bateu em meu rosto__ vem aqui seu filho da puta__me puxa pelos cabelos e encosta o seu cigarro no meu pescoço queimando o mesmo.

  - Aaaah__ grito chorando e sentindo meu pescoço arder.

Marlucia- Você não presta pra nada seu muleque, eu deveria ter te abortado__fala com sua voz carregada fúria.

Ela sobi em cima de me, desferindo socos e puxões de cabelo, tacando minha cabeça no chão diversas vezes me fazendo ficar inconsciente e apagar.

Foi Na FAVELAOnde histórias criam vida. Descubra agora