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Maciel Andrade
__

Depois de algum tempo, cheguei na minha goma e abrir o portão, sem nem esperar eu entrei dentro de casa e cair na porta, fechei o portão com um chute e me levantei colocando o fecho do portão.

Lia- O que aconteceu, eu só tava dormindo __ Ouvir ela dizer assim que chegou perto de me. __ Maciel, tá tudo bem ?__perguntou.

-Maciel o caralho, vadia do cão __ cheguei perto dela __ Tu já comeu ?__ apertei seu maxilar.

A mina me olhou e em seus olhos o medo era evidente.

Lia- Me, me solta, por favor, me solta __ chorou __ Maciel, mi...minha barriga, eu não posso levar pancada na minha barriga, lembra ?__ abraçou sua própria barriga.

- Eu me importo não, caralho __ empurrei ela na parede. __ Trás minha janta ai que eu tô na larica __ Falei e entrei dentro de casa me jogando no sofá.

Ouvir seus passos se distanciar e fechei meus olhos, era como se minha alma saisse do corpo e voltasse logo em seguida, a fome que sinto é tanta que posso ouvir minha barriga roncar alto.

Abrir meus olhos e me sentei direito no sofá.

-CADÊ MINHA COMIDA, SATANÁS ? __gritei.

Lia- Também te amo __ Falou atrás de me com uma panela na mão.

Peguei a panela de sua mão e vi ela lotada de comida, graças a Deus, tô pra morrer de fome, comecei a comer em uma pressa que parece que passei 5 dias sem comer.

Hoje, tenho de tudo, casas, carros, motos, dinheiro e comida, tenho meus ouros e minhas Pratas, ta ligado ?

Mas odeio ostentar, sair por ai dizendo que tenho, odeio passar na cara dos outros, porque já passei fome, frio, teve um tempo que não tinha nem cama pra dormir, que eu acordava com a luz quente do sol em minha cara, eu e minha família, as vezes até chegava a pensar que o meu pior erro foi ter matado minha mãe, aquela maldita que ainda me inferniza, mas a obra do satanás aqui, não morreu nem quando aquela maldita tentou me abortar.

As vezes sinto que não sou pario a nenhun outro ser humano, me sinto diferente, sinto que meu lugar não é aqui, que eu vim parar no canto errado, eu não deveria ter vindo pra terra, nem deveria ter nascido, pra começo de conversa, olho pra trás lá no passado e sinto raiva de me mesmo, por ser tão fraco, por nunca conseguir nada, talvez meu sofrimento seja por ter matado minha própria mãe, mas sei que se eu não a matasse, ela me mataria e naquele tempo, não tava longe.

Todos os dias assim que abro meus olhos, sinto que morro um pouquinho, sinto que uma parte de me está indo embora, que não estou completo o suficiente.

Olhei pra trás e vi a mina sentada na cama alisando a barriga e de longe, vi seus olhos cheios de lágrimas, engole a comida que estava em minha boca e vi a mina olhar em minha direção, seus olhos cruzaram com os meus e sentir meu estômago embrulha ao ver aqueles olhos um pouco puxado.

-Porque tu tem os olhos puxados ?__ perguntei alto querendo me livrar daquele aperto no estômago.

Lia- Minha mãe disse que o pai do meu pai era coreano __ disse e riu.

- Quem é teu pai ?__ perguntou.

Lia- Não conheço__ disse a abaixou a cabeça.

Voltei a me sentar direito e coloquei a panela no chão e me deitei no sofá fechando meus olhos.

(...)

Marias Liara
Lia
__
(...)

As vezes me pergunto quem é meu pai, minha mãe disse que ele morreu antes dela saber que tava grávida de me, ela vivia me dizendo que ele era metade coreano e metade brasileiro, eu sempre ria disso, ata que meu pai era coreano.

Sempre quis ter um pai, morar com minha mãe sozinha era meio difícil, tinha vez que ela saia e me deixava sozinha em casa, ela dizia que ia trabalhar, tinha vez que eu ia comer só de noite quando ela chegava, as vezes ela me deixava com a tia Fernanda ai teve um tempo que elas pararam de se falar.

Eu amo minha mãe com todas as forças e lembrar dela sempre me fazia querer chorar, ela é minha mãe acima de tudo e mesmo assim não consegue e nem quer me entender.

Alisei minha barriga por cima do pano fino do tercido e sorrir ao sentir o meu menino chutar, as vezes penso que não vou conseguir ser uma Boa mãe, mas tudo que eu quero é tentar.

Foi incrível, eu nunca havia sentido isso, eu odiava saber que minha infância tinha sido destruída mas assim que ouvir o coraçãozinho do meu bebê, foi como se eu tivesse em outro planeta, em um lugar melhor, onde nenhuma dor fosse existir dali pra frente.

Como que pode, apenas um som, fazer alguém se acalmar tanto quanto me acalmei ao ouvir aquele Tum, Tum, Tum.

-Eu vou cuidar de você meu amor __ sussurrei sentindo meus olhos encherem de lágrimas.

Foi Na FAVELAOnde histórias criam vida. Descubra agora