Foi Na FAVELA

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Maciel Andrade
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-Que tal, Marlon ? __perguntei e encarei seus olhos claros.

Xx- Lindo nome __ colocou a mão na boca e disse baixinho e vi seu rosto corar.

- Como ?__perguntei.

Xx- Lindo nome__ repetiu o que tinha acabado de dizer.

- Gostei muito__ sorrir __ Marlon __ sussurrei e encarei seus olhos grandes e claros__ Qual seu nome ?__perguntei.

Xx- Eu ainda não tenho um nome __ disse __ Meu papai ainda não me deu, mas eu sei que não vai demorar __ colocou a mão na boca e sorriu sapeca.

Encarei seus cabelos estranhando, como ela ainda não tem um nome, não deveriam colocar assim que nasce ? __me perguntei em pensamentos.

Xx- Tchau, minha mamãe precisa de mim__ disse e a vi correr até a porta e sumir logo em seguida.

Olhei pra frente e logo em seguida olhei pra trás,  Olhei pra frente mais uma vez, e sentir meu peito completo, sentir um sorriso escapar de minha boca e neguei com a cabeça.

Olhei pro meu filho, que acabei de dá um nome a ele e sorrir.

- Marlon __ Sussurrei e sem querer lembrei de Marlon, do meu verdadeiro pai, sentir uma lágrima escorrer em meu rosto e um sorriso que ia de orelha a orelha aparecer em meu rosto.

Sentia que de qualquer forma, ele estaria comigo, ouvir passos atrás de me e percebi que essa seria a hora de ir embora e deixar aquele bebê pra trás, segurei sua pequena mãozinha o que me fez sentir uma corrente elétrica percorrer todo meu corpo, sentir meus olhos encherem d'água e abaixei minha cabeça.

-Talvez a gente se encontre por ai __ sussurrei baixinho e limpei meus olhos com minha mão livre.

Xx- Horário de visita acabou __ Ouvir uma voz feminina e rouca dizer me fazendo olhar pra trás.

Soltei a mãozinha que eu ainda estava segurando a sair dali sem olhar pra trás, sentir o choro entalado na minha garganta, a vontade era de tirar ele dali e cuidar dele pra sempre, sentir meu peito incompleto de novo, abrir a porta e sentir meu corpo tremer, a dor que eu sentia era tanta que meu peito gritava, e um ardor irreconhecível tomou todo meu corpo, me escorei na vidraça da parede e encarei com os olhos cheios de lágrimas, minha esperança em uma coisa tão pequena, mas ao mesmo tempo tão grande a ponto de me completar por inteiro.

Xx- Já escolheu o nome do seu bebê? __ aquela mesma mulher me perguntou.

Balancei a cabeça positivamente.

-Marlon __ Falei e continuei encarando meu filho, enquanto prendia o choro.

Xx- Tem certeza? __ perguntou.

- Qual foi, vadia ?__ perguntei me virando pra ela

Xx- É... nada, eu só queria ter certeza __ disse e escreveu alguma coisa na ficha que ela carregava e logo em seguida entrou na encubadora de novo.

Nanda- Calma, Maciel __ tocou meu ombro.

-Eu preciso sair daqui, preciso de um carro __ falei e passei a mão na cabeça percebendo que aquele bagulho que apertava ainda tava ali.

Nanda- A Liara, ela, ela... __gaguejou e parou de falar no meio da frase.

-Ela o que ?__sentir minhas mãos trêmulas.

Nanda- Os médicos eles, eles... __ Parou de falar e respirou fundo enquanto soluçava sem parar

-Eles o que ?__perguntei alto demais.

Nanda- Maciel __Sussurrou. __ A gente tá em um hospital __ disse baixo e me puxou pela mão até um corredor vazio.

- Fala logo, Fernanda__ me soltei de sua mão.

Vi Fernanda respirar fundo e fechar os olhos, os abrindo logo em seguida.

Nanda- Devido ao acidente e as pancadas constantemente na barriga que, que...__ parou um instante e respirou fundo __ que você dava __ sussurrou __ Liara, já tinha uma gravidez de risco o que piorou a situação e... __ Respirou fundo e parou de falar.

- FALA LOGO CARALHO __ gritei.

__ Antes de realizarem o parto, os médicos conseguiram falar com Liara __ Ouvir a voz de Breno logo atrás de me.

- Então ela tá bem ?__ perguntei e encarei Breno.

Breno- Pediram que ela escolhesse entre a própria vida ou a vida do filho. __ disse baixo e vi seus olhos pequenos cheios d'água.

-Ela, ela escolheu viver, né ?__ perguntei sentindo as lágrimas escorrer por meu rosto.

Vi Breno negar com a cabeça e respirar fundo.

Breno- Quando o bebê nasceu, ela teve uma parada cardíaca __ sussurrou.

Sentir um peso cair em meus ombros, minha força foi arrancada de mim, minhas pernas estavam bambas segurei na parede e me abaixei sentando naquele chão frio, Fernanda abraçou Breno e os vi chorar, em um desespero que fez meu coração sair do peito, eu não O ouvia mais bater.

Breno- Os médicos, eles conseguiram reanimar ela __ disse baixo __ De última hora, foi por pouco __ o ouvir dizer__ Ela, ela tá viva __ disse baixo e vi um sorriso de lado escapar de seu rosto.

E nessa hora, tudo a minha volta ficou em um silêncio frio, ouvir apenas o som do meu coração voltar a bater agoniado.