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Maria Liara
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3 dias depois

A minha vida tomou um rumo que fica meio difícil de da uma narrativa, eu nunca pensei que meus sonhos fossem ser destruído de um forma tão cruel, mas o destino é assim, fazem as coisas virem do nada, como uma parede rachada ao meio, a gente sabe que pode cair, mas a gente nunca sabe quando, bom. Por mais que a vida tenha me ensina a viver no meio a dificuldades, a única coisa que quero encontrar é paz, a vida não me avisou qual caminho delinear, nem como pular as etapas difícil dela, ela não é um jogo e pra me, nunca fora.

Embora muitas vezes eu ache que não tenho saída, que a vida não é pario pra me, eu sei que um dia vou encontrar a paz que tanto procuro, não importa onde, não importa como, mas eu vou.

Amor ?
Nunca foi uma palavra muito sabia, não na minha vida, não no meu dia à dia, apenas em momentos, aqueles momentos bons quando eu tô com meu filho, apenas ele, tudo por ele, mas parece que a cada momento que ele não está perto de me, o meu mundo vai desabar, seria um tanto melhor, ter paz, tudo o que eu sempre quis, morrer nunca foi minha melhor escolha, mas é nisso que penso todos os dias quando estou aqui, mesmo que eu tenha medo, de deixa-lo de não conseguir cumprir meus próprios planos e rótulos, por isso nunca me aproximei de ninguém além de todas as pessoas que já estão comigo á anos, que já sabem da minha luta, eu não quero, nunca quis, que ninguém me olhasse com pena e nem que me julgassem sem ao menos passar pelo o que eu passei.

Não tem perdão, não tem amor, não tem nada, tem apenas eu, uma menina sofrida, uma pessoa que procura algo que ninguém é capaz de lhe oferecer, muitas vezes me pego pensando, e se fosse diferente, se eu tivesse pegado o caminho mais longo em vez de tentar cortar caminho pra chegar logo em casa, se eu tivesse pedido ajuda, ou ao menos fugir, se eu podesse nunca ter visto aquele homem, aquele monstro, aquele ser que me fez tanto sofrer.

Nem suas milhões de desculpas, apaga o que ele me fez, nem todo seu coração e muito menos seu corpo, rosas ou palavras bonitas. Anos atrás eu sair daquele Morro com o doce desejo de que ele podesse mudar, que eu poderia ficar lá e ama-ló, seus olhos me passaram isso, mas as batidas de seu coração audível nunca me deu a certeza disso, quando os dias foram se passando, eu tive a certeza que não era amor, eu nunca amei aquele homem, tinha apenas medo, medo de não me acostumar de volta a minha vida antiga, ou de viver no mundo sem sua "Proteção", burra. Como alguém como ele poderia me proteger?

Não foi pela sua boa ação de me mandar pra longe que eu percebir, foi porque eu descobrir que poderia cuidar do meu filho sozinha, sem ele e sem ninguém, que eu poderia trocar uma frauda sem ajuda dele, ou que eu poderia estudar nem permissão dele, eu conseguir todos esses anos, não seria diferente dessa vez, não, até ele bater dois dias atrás dizendo que eu tinha que arrumar minhas malas e que eu teria que sair de sua casa, porque se eu não fosse ficar com ele, ele não tinha o direito de me abrigar, me dando dois, apenas dois dias pra pensar.

E o filho dele ?
Vai viver na rua, vai passar fome e sede, eu não me importo nenhum pouco de viver assim, me importo com meu filho, com meu menino, porque ele é minha vida, ele é tudo pra me.

Puxei minhas malas, eram poucas minhas roupas sempre fora poucas, desde que me entendo por gente.

Peguei meu filho, junto a suas coisas, e joguei todas elas dentro do porta malas de um táxi qualquer, peguei a única coisa que eu ainda me importava, meu filho, e fui em direção ao lugar que eu jamais imaginei voltar um dia.

Morro da maré, estava do mesmo jeito do dia em que sair daqui fugida pra nunca mais voltar, voltei, eu infelizmente voltei.

Peguei meu filho e com muita dificuldade sair arrastando minhas coisas em uma direção que nunca imaginei fazer de novo, fiz.

Minhas mãos tremiam, tudo em me tremia, fechei meus olhos, respirei fundo e ajeitei Marlon em meus braços, que dormia em um sono profundo e, batir na porta sem ao menos pensar duas vezes, não demorou muito e a porta foi aberta, olhei a imaginei da pessoa e a encarei em súplicas de perdão.

Marcela- Liara __ sua voz falhou e vi seu corpo tremer.

-Mãe __chorei __E-eu não vim te pedir nada, e-eu...__ dei uma pausa. __ Eu não tenho pra onde ir mãe __chorei __ eu não tenho um teto pra abrigar meu filho __solucei __Por fa-favor, abriga ele, cuida dele pra me, porque eu não conseguir__chorei __ eu não quero que me dê um teto, só pro meu filho, eu fico aqui na rua mesmo, eu me viro __chorei __ cuida dele __pedi.

As lágrimas escorreram imediatamente pelo meu rosto, do mesmo jeito que lágrimas escorreram dos olhos claros e grandes de minha mãe.
Eu nem ao menos sei o que se passava em sua cabeça.

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