01

22.4K 1.4K 742
                                    

Maciel Andrade
_____

Sábado.

Outro dia chega e sou acordado junto com o sol que ainda tá nascendo, a gritaria dentro de casa começa, meu corpo e arremeçado no chão e mas uma vez é espancando alí na cozinha mesmo.

Ainda no chão olho pro teto e vejo várias armas em pacote, drogas malocadas por alí por dentro, me levanto com medo e vou até a sala pegar minha camisa, e assim que chego vejo siringas em cima da mesinha de centro que tinha alí, saio de casa em passos rápidos com medo.

Davi- Ei Mano, que foi ?__perguntou.

  -Na..nada__caminho ao seu lado.

Davi- Foi ela não foi ?__perguntou.

  -Foi__ confirmo com a cabeça.

Davi- Da vontade de matar ela__fez cara ruim.

  -É..._murmurei.

Davi- Vamo vei, tá na hora__disse.

  Caminhamos até o sinal e foi na mesma hora que o farol fechou a ja fomos logo fazer nosso trabalho, a gente tem que fazer se quiser viver, ninguém nunca da nada por nós, ninguém nunca fez nada por nós, sempre é cada um por si.

Mas eu, eu sou pelo Davi e sei que ele é por me, a gente vivi assim, divide o que tem a até o que não tem.

Já tinha dado a hora de irmos para casa, meus estômago roncou alto quando eu sentir um cheiro de batata frita.

Davi- E ai, vamo__ sorriu me encarando e eu Balancei a cabeça.

A gente correu junto tirando algumas moedas que tínhamos ganhado no sinal do bolso e compramos dois pratinhos de batata frita e um copo de refri.

Aquilo era tão bom, a melhor coisa que comi na vida, olhei pra frente e vi umas crianças brincando, uma coisa que nunca fui capaz de fazer, a única coisa que eu deveria tá fazendo em vez de tá pedindo trocados no sinal.

Sintir algumas coisa pingas em meu braço e olhei pra cima vendo que ia chover e sorrir, a chuva me acalma, me lava, me deixa leve.

Davi- Ei Mano, vamo vai chover__disse levantando.

  -Não __nego com a cabeça e solto um sorriso e vejo que ele já entende o recado e senta do meu lado esperando a chuva vim.

Não demorou muito e a chuva começou a cair forte nos molhando o que me fez sorrir, levantamos e ficamos brincando enquanto a chuva caia e tirava toda aquela sujeira de nós, a gente corria e sorria como nunca antes, algumas pessoas que passavam alí com guarda-chuvas sorriam da gente e viam o quão feliz a gente tava, as moedas balançavam em nossos bolsos fazendo uma zoada irritante, e por um dia eu me deixei ser feliz, por um dia eu me deixei ser criança e por um dia eu me deixei brincar, o melhor dia da minha vida, o nomeado dia da chuva.

A chuva seçou e só assim fomos para casa, a primeira vez que eu fui pra casa com um sorriso no rosto, a primeira vez que eu me sentir bem, mas mesmo assim aquele medo me dominou, mesmo assim ao pisar o pé na rua do meu barraco o medo se instalou sobre meu corpo e alí eu parei.

Foi Na FAVELAOnde histórias criam vida. Descubra agora