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Maciel Andrade
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Cheguei em frente de casa e abrir a porta vendo Fernanda sentada no pé da parede de cabeça baixa.

Assim que Fernanda me notou á mesma se levantou rápido caminhando até onde eu tava, seus braços enrolaram sobre meu pescoço em um abraço aconchegante até, que me fez sentir meu nariz arder e as lagrimas tentarem cair, mas impeço as mesmas com lembranças ruins do meu passado que fez meu rosto trancar em fúria, fiquei imóvel, nem ao menos retribuí seu braço, Fernanda saiu do abraço e segurou meus ombros olhando em meus olhos.

Nanda- O que foi isso ?__perguntou encarando meu ombro.

-Nada__ sair de seu aperto e caminhei até a cama onde Anne estava deitada, agora chorando baixinho.

Nanda- como não é nada, Ma...__A mesma se interrompeu sozinha. __ O que, que é isso Maciel __apontou pra minha cintura.

- Isso o que ?__perguntei olhando minha cintura que não tinha nada.

Nanda- Na tua cintura, na parte de trás__perguntou__NÃO ACREDITO,  MACIEL__colocou as mãos na boca__ Eu não acredito nisso, meu filho, não __ chorou. __ Diz que isso não é verdade __ falou alto __ DIZ __ gritou __ DIZ QUE TÚ NÃO TÁ ENVOLVIDO, MACIEL __ colocou as mãos na boca e balançou a cabeça em negação.

- Esse foi o único jeito__sussurrei mas a mesma ouviu.

Nanda- ÚNICO JEITO PRA QUE ?__chorou__ PRA MIM TE VER MORRER ?__ perguntou__ OU PRA DAQUI A ALGUNS ANOS, EU TE VER ATRÁS DAS GRADES ?__gritou alto.

- O único jeito de eu saber me defender__falei e virei meu rosto para o lado sem querer encara-lá.

Nanda- SERÁ QUE NÃO PEECEBE QUE EU NÃO QUERO ISSO PRA VOCÊ? __ perguntou aos gritos __ QUE EU NÃO QUERO SABER DO MEU FILHO POR AÍ COM UMA ARMA NA MÃO __chorou__ Será que não percebe o quanto isso me doi? __ sussurrou em um tom que desse pra mim ouvir.

- SE DOI EM VOCÊ__ apontei para a mesma__ Imagina pra mim __sussurrei apontando pro meu próprio peito. __ Imagina uma criança, passar pelo que eu passei, imagina, imagina apanhando todos os dias, tendo que passar fome__ virei as costas __ sendo feito de puto pela sua própria mãe, que vendia meu corpo em troca e bebidas e drogas, Imagina. __Chorei.

Sentir as mãos de Fernanda em meus ombros e tirei bruscamente suas mãos de mim.

Virei para olha-lá e meus olhos caíram na porta onde R1 estava me encarando, neguei com a cabeça e sair correndo quintal a fora.

Sentei em um bequinho atrás do banheiro e chorei.

Porque é tão difícil pra mim, porque tudo tem que ser tão difícil?

Meu braço doía muito, mas eu nem ao menos ligava pra dor do mesmo, a dor interna tá muito pior. Minha alma grita por dentro, mas nem ao menos posso gritar por fora.

Não posso ao menos deixar um pouco da minha dor que está acumulada dentro de mim.

Encostei a cabeça na parede e respirei fundo lembrando da única pessoa que me entendia, que me apoiava e que agora estaria do meu lado sem reclamar Davi, meu irmãozinho.

Ainda vou reencontra-ló, ainda vou ser rei, vou da um futuro a ele.

- Eu prometo__sussurrei pra mim mesmo.

Fechei meus olhos e deixei as lágrimas caírem por meu rosto, molhando toda a minha face, olhei pra cima e o céu azul estava sob a minha vista, as estrelas lindas e brilhantes eram aparentes e eu só pensava em uma maneira de tirar essa dor de mim, de expulsa-lá e não deixa-lá mais entrar.

Fechei meus olhos mas uma vez um vento frio tocou meu corpo junto com um toque suave de uma pessoa, abrir meus olhos vendo Fernanda na minha frente.

Nanda- Desculpa__ sussurrou acariciando meu rosto.

Balancei a cabeça e fechei meus olhos sentindo seu toque gelado.

- Não tem problema __ sussurrei rouco.

Nanda- Vem __levantou e estendeu suas mãos__ Vamos limpar isso __ apontou para o meu braço.

Balancei a cabeça e não falei nada, peguei sua mão e sentir a mesma me ajudar a levantar.

Nanda agora está passando um pano molhado no machucado, fazendo o mesmo arder ainda mais, eu reprimia os olhos na medida em que ela tocava meu braço.

Querendo ou não, eu tava acostumado com a dor, ela sempre foi minha amiga mais fiel, sempre esteve do meu lado, não me abandonou por um segundo se quer.

Nanda enfaixou meu braço depois e passar várias coisas em cima, era visível o cuidado que ela tinha comigo e com Anne que agora dormia toda enrolada por cobertas grossas que Fernanda havia comprado, olhei Nanda e lembrei da sua promessa que a mesma me fez no dia em que chegamos aqui.

Eu a amo, amo como uma mãe, como se ela fosse minha mãe, ela sim tinha esse título, ela sim foi uma mãe de verdade. E sim, ela está cumprindo sua promessa, do jeito que ela pode.

Foi Na FAVELAOnde histórias criam vida. Descubra agora