1. Aniversário?

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  Sabe aquele dia que você não tem vontade nenhuma de sair da cama?

Sua mãe está te chamando e mesmo assim você continua deitada, pode até abrir seus olhos, mas fica se revirando na cama, quase caindo, se enrolando nas cobertas.

- A Lontra adormecida quer fazer o favor de levantar dessa cama?

Olho para a porta e lá está uma das razões de eu não querer sair da cama: Meu irmão.

- Sai daqui!

Taco um travesseiro que acerta bem naquela cara de estúpido dele.

- Tinha me esquecido de como é bom ver você dormindo. - falou meu irmão - Mas eu não vim porque te considero "pakas" não. Vim porque nossa mãe mandou.

- Vai embora que eu desço. - falo nervosa deitando novamente.

- Tanto faz, não me importa mana. - diz ele e toma um gole do café ou sei lá que merda era aquilo. - Ah propósito. Parabéns.

Ele sai rindo e isso me deixa um pouco confusa, porque tem um mês que eu fiz dezesseis anos. Será que meu irmão se drogou? Não seria surpresa alguma pra falar a verdade.

Desço as escadas e minha mãe  parece bem animada preparando panquecas e tudo mais.

- O que é isso? - digo chegando perto dela.

- Panquecas querida - diz ela sorridente.

- Não isso. O fato do meu irmão ter me dado parabéns e você toda animada. - falo normalmente.

- Ah meu amor parabéns! É que eu não te disse ainda mas hoje é seu aniversário! - Disse minha mãe.

- Não é possível. Meu irmão te drogou também? - falo. Estou preocupada de verdade. Não duvido de nada vindo do meu irmão.

Minha mãe gargalha alto, o que me preocupa.

- Não minha filha, é que aniversário para mim é todo mês. Como hoje é dia 30 e seu aniversário é dia 30... Parabéns! - Disse ela extremamente animada.

- Eu... Vou comer. - falo, pego um prato com panqueca e um copo de suco de laranja para mim.

Tinha um mês que eu morava com minha mãe, meu pai tinha praticamente me doado para ela.

Tipo: toma aqui, faça bom proveito.

Ele estava muito ocupado com suas viagens pelo mundo, e sua empresa de colchões e travesseiros. Sério, isso era humilhante, ser trocada por colchões e travesseiros.

Estava sentada e peguei o jornal, estava tentando criar um hábito de leitura jornalística pra mim.

- Hm... Volta às aulas. Política. Futebol. Balé. - falei analisando o conteúdo. - Volta às aulas. Que merda, coisa sem qualidade.

Meu irmão como sempre muito exibido chega de jeans claro, uma blusa que ele tinha acabado de comprar, óculos de sol.

- Hazel, não tente ser adulta. Tá feio. - falou ele se sentando e jogando a mochila de lado.

- Jack, não tente ser bonito. Tá feio. - falei com o máximo de ironia.

Meu irmão era até bonito, mas era aquele filhinho de papai arrogante, que Deus me livre. Como eu convivo com essa peste? Esse é o grande segredo colegas.

- Para vai, eu sou charmoso. - disse ele e sorriu cínico.

- Parece que ta indo para o circo, não pra escola. - falei e continuei comendo quieta.

- Isso se chama estilo. Melhor do que... - ele ia dizendo

Minha mãe chegou para cortar nossa mini briga. Já tivemos bem piores. O problema não era comigo, era ele. Sempre dando um de melhor, e me rebaixando.

Viagem sem VoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora