Aidan Moore caminhava em silêncio ao lado da esquisitona que tinha invadido sua cena do crime, apenas uma hora atrás. Agora, com o corpo da vítima liberado e o circo sob controle, ele olhou de canto de olho para Elena Joy, a bruxa que estava batendo as botas de madeira no asfalto ao lado dele enquanto caminhavam até o apartamento da vítima.
Era ridículo, pensou ele, Joel havia pedido para ele validar a presença de Elena ali. Uma clarividente - sabe-se lá o que isso significa. Ela balançava as mãos sob pessoas mortas e tinha uma aparência digna de uma banda de Heavy Metal, mas fora isso, ele tinha certeza que ela era uma pessoa normal. Como é que ela, como Joel havia dito, havia ajudado a prender pessoas? Instinto? Informantes, talvez? Talvez ela fosse uma criminosa.
- Se quer me perguntar alguma coisa, me pergunte logo. Ficar me olhando pelo canto do seu olho é meio macabro, Agente Moore. - Ela falou cruzando os braços e olhando para baixo, para os seus passos.
- Sinto muito pela sua amiga. - Falou sinceramente, tentando criar uma empatia.
Os dois usavam preto, orgulhosamente, pensou ele. Ele, o uniforme do FBI, ela, uma roupa saída de uma série de terror, mas ambos tinham orgulho do que eram e haviam sentimentos envolvidos naquele orgulho.
- Obrigada. - Elena agradeceu pelas palavras gentis. As primeiras da noite.
- Joel me disse que você ajudou no passado. Que descobriu, dentro de uma sala fechada, locais em uma cena do crime que levaram até a descobertas essenciais para investigação. Eu não sei o que isso quer dizer, mas estou curioso sobre como....
- Como eu fiz? - Ela quase riu, com sarcasmo, olhando finalmente nos olhos claros dele. - Sacrifiquei uma cabra e cantei em Celta dançando nua em cima da mesa.
O queixo de Moore quase caiu no chão e ele ficou branco como uma vela. Então, Elena explodiu em uma gargalhada gostosa e despretensiosa.
- Ha, ha, ha. - Ele entendeu que havia sido enganado. - Muito engraçado.
- Eu tenho visões, Agente Moore. O véu entre esse e o outro plano me revela coisas. Naquela ocasião, foi a visão que eu tive que ajudou Joel e seus outros amigos.
- Visões como... como incorporar espíritos e coisas assim?
- É menos gráfico do que isso. - Ela sorriu para ele, divertida com a ideia de alguém tão cético ser parceiro dela. - Eu só fecho os olhos e aparece, quando me é concedido o privilégio da visão. Como um teletransporte da alma.
- Sem animais mortos.
- Lamento decepcionar. - Ela levantou o ombro.
- Eu acho extremamente improvável que tenha visto Mary morta hoje, antes de chegar na cena do crime. - Confessou Aidan. - Desculpe ser cético, Elena, sei que você ter tido uma intuição, ou um sexto sentido, mas uma visão com um teletransporte de alma?
- Você não acredita em nada? - Ela perguntou sem se ofender com o comentário acusador dele. - Deus... o Diabo... Bem e o Mal...
- O Mal é diferente, Elena. Eu vi e vejo o mal todos os dias. Trabalho com ele. Eu só não acredito que ele é um espírito que anda por aí possuindo pessoas. Pessoas são más, apenas isso. Não coloco Deus ou o Diabo ao lado dessa equação.
- Um cético e um conservador. - Elena riu.
- Cresci em um lar muito supersticioso, mas isso não tem nada haver com as coisas que eu já vi na vida. Joel parece respeitar o que você faz, e eu respeito Joel, mas não acredito que as coisas que não posso ver ou tocar tenham alguma força nesse mundo.
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O Covil Soho
ParanormalA investigadora paranormal Elena Joy é chamada para resolver um caso envolvendo seu horrível passado. Conforme as pistas vão esquentando, Aidan Moore é obrigado a ajudá-la de uma forma que ele não imagina ser possível. Observe Aidan e Elena seguirem...