O Covil Soho

Um novo começo

Aidan Moore observava abismado enquanto o pai de Elena era levado por guardas bruxos para a prisão de Morrigan. Ele tentou argumentar, por alguns minutos, com um deles, sobre como uma prisão federal era melhor, mas foi convencido quando eles falaram sobre feitiços de proteção que barras comuns não tinham. Ele só torcia para não perder o emprego. Oh... ele teria que convencer Joel. Será que ele era tão cabeça aberta assim?

Viu sua Elena, sua doce Elena, em pé, sorrindo, ao lado de Paula. Paula, esquisita e cheia de magia negra, estava virando uma amiga. Uma amiga de bom valor. E ele achava isso esquisito... e reconfortante. Elena parecia relaxada ao lado dela, quase aliviada demais.

- Elena. - Aidan se aproximou das duas, colocando a mão na cintura de Elena.

- Parece que acabou, então. - Paula sorriu. - Eu estava dizendo para Elena como ela foi burra por seguir ele sozinha... e bem corajosa também.

- Vamos lidar com isso mais tarde. - Prometeu Aidan.

- Eu aposto que sim. - A bruxa riu concordando. - Vocês são uma gracinha juntos, vocês sabiam disso?

Elena riu sem jeito.

- Bom, eu tenho que voltar para casa. E deixar vocês dois resolverem seus assuntos. - Paula cruzou os braços, agora ficando mais séria.

- Nós ficaríamos feliz se você fosse almoçar conosco amanhã. Na minha casa. - Aidan convidou. - Um almoço de família.

Paula sorriu demais, aceitando claramente o convite.

- Uau! Claro! Eu levo a sobremesa! E flores! Pode apostar que sim! - Bateu uma palma no ar, animada. - Obrigada, Aidan!

- Você é tudo que eu tenho agora, Paula. - Elena falou de forma reconfortante. - Você e Aidan.

- Estamos aqui pra você. - Aidan apertou-a contra o seu corpo.

- Cuide do rosto dela. - Pediu Paula. - Sério. Se eu descobrir que você não está cuidando bem da minha irmãzinha...

- Eu vou cuidar do rosto dela, Paula. - Prometeu Aidan.

- Eu fiscalizo amanhã, no nosso almoço de família. Até mais pra vocês... e Aidan... espero que você não perca seu emprego... com a prisão de Morrigan e tudo mais.

- É... eu também. - Ele brincou nervoso.

Paula saiu caminhando pela rua, enfiando a mão no bolso e adaptada demais àquele bairro negro e esquisito. A mulher era uma mulher da magia negra, mas ela era mais boa do que ela mesmo se julgava ser. E ela tinha salvo a vida de Elena...

- Ele viu seu pedido de ajuda. - Aidan falou. - Gritou e começou a balançar as mãos no ar para abrir um portal. Ele deu sangue para esse portal.

Elena compreendeu a gravidade. O nível de sacrifício.

- Ela é família, no final das contas.

- Se não era... agora é. - Compreendeu Aidan. - O que diabos você pensou, Elena?

- Eu acabei com tudo, não acabei? Só me leve pra casa... por ali. - Apontou para um canto.

Os dois andaram até o canto escuro na rua, e entraram em um portal simples. Outro portal, pensou Aidan, mais magia naquele dia. Mas não tinha sido magia que tinha acabado com tudo... tinha sido uma bala de sua arma. Tinha sido o poder de seu mundo. Seu mundo policial tinha salvo Elena. E ele se sentia bem com isso.

Tinha tido poder em um mundo que não compreendia.

Quando eles deram passos, saíram na porta do apartamento de Aidan, e ele não questionou. Ele estava começando a acostumar com toda aquela coisa estranha de portais e magias. Apenas pegou a chave no bolso e abriu a porta, relevando o ambiente que acalmou os dois.