Ela estava nua de novo. Nua e parada no meio de outra cena de crime, com ele vigiando a porta. O local era idêntico aos outros. Enxofre e a visão infernal de uma mulher nua, fria e morta -a última das melhores amigas de Elena. Elena não parecia abalada. Ela sabia, no fundo, sabia. Era apenas uma questão de tempo.
Paula, a bruxa parada ao seu lado, com uma mão levemente apoiando o queixo e olhando para Elena, avaliavam a situação como qualquer policial treinado na área. Aidan achou aquilo curioso, especialmente se tratando da irmã dela. A bruxa, vestida com unhas finas e grandes demais e ar macabro, respirou fundo, olhando para Aidan e ajustando o vestido negro no corpo.
- Você está incomodado com minha presença.
- Não. - Mas ele estava. - Era sua irmã, e eu sinto muito por isso.
- A vida e a morte estão mais próximos do que a maioria de nós acredita estar. - Paula suspirou olhando Elena falar coisas em latim perto do corpo. - O corpo de Daisy se foi, verdade, mas a alma dela perdura.
- Ela morreu, você sabe disso, não sabe? - Perguntou Aidan sem entender.
- A morte é apenas o começo. - Paula concordou. - Eu encontrarei Daisy.
- Você e ela eram de mundos diferentes. - Notou o policial torcendo para que Elena acabasse logo a cena de bruxaria prática. - Magia branca e magia negra. Não vão para lugares diferentes?
- Como o céu e o inferno? - Riu. - Não seja ingênuo. Nós duas não somos tão diferentes assim. Nem mesmo ela é tão diferente assim. - Apontou para Elena. - Equilíbrio, Aidan, esse é nosso segredo. Nenhum de nós é totalmente bom ou totalmente mau. Nem mesmo eu, nem mesmo sua Elena. Sinto pela morte da minha irmã, Aidan, mas a morte para mim não é motivo para chorar.
- Você é bem esquisita. - Ele comentou estalando a língua.
- Não somos todos? - Divertiu-se com a ideia. - Ela precisa de nós. De mim e de você. - Olhou para Elena. - Não sobrou muito para ela no mundo.
- Suponho que não. - Concordou vendo Elena finalmente juntar as mãos para si. - Acabou? - Perguntou aliviado.
- Sim. Preciso ir até meu clube. - Falou abaixando-se para apanhar suas roupas pretas, cheias de correntes e moedas no chão. - Embora não faça ideia de como vou fazer um feitiço sem as meninas comigo.
- Posso te ajudar. - Disse Paula.
- Eu não mexo com magia negra, Paula. - Elena avisou, sem ser grossa, mas também não sendo gentil.
- E ela não pode formar um novo grupo. - Aidan explicou o que já era óbvio para as duas meninas.
- Sinto muito por Daisy, Elena. - Paula falou olhando a menina se vestir. - De verdade, eu sinto.
- Obrigada. Eu também sinto, Paula. Ela era sua irmã, no final das contas. - Mordeu os lábios. - Acho que poderíamos ir até meu clube. Eu sinto um rastro aqui, talvez Paula possa me ajudar, no final das contas.
- Eu vou precisar de coisas, mas sim, eu posso. Ele deixou uma assinatura aqui.
- É a primeira vez que ele faz isso com um feitiço. - Elena começou a colocar os sapatos nos pés.
- Nós duas sabemos que isso não foi um descuido. - Paula notou, olhando para o pentagrama desenhado no chão. - É uma armadilha, Elena.
- Eu sei. E ele sabe que eu sei. - Concordou. - Mas que opção nós temos?
- Opa, opa. Esperem aí! Ele montou uma armadilha e vocês querem ir atrás dele mesmo assim? - Aidan franziu a testa. - Não, senhora! - Levantou o dedo para Elena.
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O Covil Soho
ParanormalA investigadora paranormal Elena Joy é chamada para resolver um caso envolvendo seu horrível passado. Conforme as pistas vão esquentando, Aidan Moore é obrigado a ajudá-la de uma forma que ele não imagina ser possível. Observe Aidan e Elena seguirem...