A noite das bruxas

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Era uma noite de Halloween e ela estava subindo na linha de trem do subúrbio da cidade depois de um longo dia de trabalho. A Golden Rose Tea Shop fechou às 6 da noite e Elena Joy queria ficar em casa um pouco antes do grande evento. O seu covil deveria estar reunido às 10 da noite. Músicas e encantamentos ocorreriam e ela seria protegida por todo o ano. Era legal ser uma bruxa moderna que vivia em Nova York, mas qualquer bruxa - moderna ou não - sabia que o Halloween era um grande negócio em qualquer lugar.

A estação da Broadway estava à apenas duas ruas do apartamento. Um apartamento de dois andares, grande, que pertencia a sua bisavó: uma antiga bruxa da Louisiana. Elena tinha cabelos negros encaracolados muito de leve e grandes olhos castanhos e aparentava, criativamente, nada como uma bruxa. Ela tinha a beleza de sua mãe e a coragem de seu pai e ela era maravilhosa por isso, mesmo que ela nunca reconhecesse. Ela cresceu em uma casa adotiva, fora do Queens com muitas outras crianças que vinham e iam todo o tempo. Sua bisavó era muito velha e senil para criá-la e morreu quando Elena tinha apenas 5. Claro, Elena tinha riqueza e uma casa, mas nunca tinha tido uma família.

Ela teve que descer na Broadway, levando consigo uma pequena bolsa de compras de tecido amarelo cheia de gengibre, mandioquinha, arroz e quatro peitos de frango. Um jantar para todo o seu pequeno grupo de bruxas. Quando o metrô parou, seu coração tremeu com medo e ela esticou sua cabeça. Elena sentiu-se nauseada e com o coração parado. Sua casa estava próxima, mas a chuva também estava perto - profunda chuva preta com sintonia de tristeza.Era uma lua de sangue.

Elena pegou uma imagem horrível profunda em sua mente, mantendo a respiração e soltando-se o mundo físico à sua volta. Um rosto sem expressão invadiu seu cérebro. Grandes olhos planos cobertos de morte - o gelo inundou seu coração. Ela conhecia esse rosto e ela conhecia aquele lugar.

"Mary" Ela gritou em voz alta.Não haveria festa nem reunião do covil. Mary estava morta.

Ela soltou a sacola de compras no chão, correu de volta para o metrô e torceu para tudo não demorar mais. Elena estava enjoada, terrivelmente tonta e sentia sua clarividência doer como uma ferida aberta. Poucas pessoas de fato compreendiam o que era ser tão conectada à terra. Ela usava um vestido preto, que ia até os pés, três correntes prateadas no pescoço, cheias de medalhas - cada uma protegida por um encantamento e usava anéis em quase todos os dedos. Era uma figura interessante, até mesmo para o metrô de Nova Iorque, meio gótica, meio perdida no tempo e meio parecia com uma atriz de cinema de luto. Ela procurou não chorar ali, pois sabia que as pessoas já a olhavam de forma diferente.

As pessoas seguravam as crianças quando ela passava e ela achava isso quase sempre interessante, mas hoje, quando uma mulher afastou uma menina pequena dela, ela agradeceu pelo espaço a mais no metrô. Elena se sentia tão sufocada que podia parar de respirar à qualquer momento.

Desceu na 49. Correndo, sem se importar com as botas fazendo um barulho aterrorizante entre os passageiros cansados que saiam do metrô preocupados com o jogo de futebol que aconteceria logo mais. A velocidade parecia não ser o suficiente, mas nada poderia impedir o que já havia sido feito. Nada. Ela tinha que chegar até Mary, ela tinha que vê-la.

Avistou o tumulto na rua. Ambulâncias, pessoas tapando os olhos das crianças, carros da polícia e ficou sem ar. Era uma cena de novela, daquelas com emoção demais e pessoas enjoadas e curiosas que se acumulavam ao redor da fita policial. Não ela. Elena forçou sua passagem pelo menos das pessoas, até a fita.

- Com licença, licença! - Ela falou depressa, jogando o corpo e passando da fita, sem se importar com os crimes que poderia cometer fazendo isso.

- Opa! - Uma braço segurou-a pela cintura quando ela tentou avançar. - Aonde você pensa que vai, moça!?

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