Dahruyn era um bairro, como todo bairro de Morrigan, mas destinado à criaturas não tão boas assim. Um lugarzinho cheio de cantos escuros, pessoas desconfiadas e apressadas e loucura. Toda cidade tinha um local assim - onde coisas eram passadas em segredo entre as pessoas e todo mundo murmurava com medo da polícia. Afundar em Morrigan, especialmente por Dahruyn não era algo que Elena pretendia fazer, mas, quando se viu ali, percebeu que era a sua única chance de encarar finalmente o mal que a assombrava.
Ela era a próxima da lista. Ela.
Elena abriu os olhos e pisou pela primeira vez no local. Teve medo. Ela sabia que era uma armadilha, mas também era difícil não chegar até ali seguindo as pistas. O local gritava assassinato. O local gritava magia negra.
Elena viu o pai no momento em que virou para as casas negras e sem graça daquela rua onde ela se encontrava. Ele tinha o mesmo sorriso sádico, a mesma espécie de capa negra sobre o rosto. E ela sabia que tinha que resolver tudo. E não tinha que ter medo.
- Você veio. - Ele falou um pouco descrente. - Você é mesmo burra assim. Como sua mãe era.
O soco em seu estômago veio, de forma nada discreta e nada agradável. Talvez tivesse sido um erro, mas ela não podia arriscar a vida de Aidan. Não de novo.
- Se acha que esse seu plano ridículo vai acabar com você quebrando o véu, eu sugiro que pense de novo.
- O véu não é tão grosso assim. - Riu enfiando as mãos nos bolsos. - Esse mundo... essas regras... eu estaria além disso. Nós poderíamos estar além disso, Elena. Você é sangue do meu sangue, eu não te deixaria para trás.
- Você tentou me estuprar. - Falou séria e um tanto magoada, já esquentando as mãos e deixando-as vermelha de fogo.
Os olhos dele sorriram, amplamente.
- Você tem o dom do fogo. - Comemorou. - Elena... eu sinto muito pelo episódio. Pelos corte... eu tenho que sacrificar algo seu. Não quero que seja sua vida... sua virgindade me pareceu uma boa ideia.
- Eu não pratico magia negra, não pretendo praticar e eu desistiria dessa ideia logo. Você já conseguiu um bom tempo atrás das grades com tudo que já fez.
- É aí que você se engana, Elena. Eu não pretendo passar nenhum dia mais atrás das grades. - Avisou. - E agora você está aqui. No mesmo lugar onde sua mãe morreu... ela deu a vida dela, sabia? Sua mãe tinha um dom muito especial de controlar fogo.... mas ela não o criava....não como você cria. É por isso que preciso de você. Juntos, poderemos tudo.
- Eu não vou lhe dar nada. - Elena concentrou a mente, tentado repetir palavras baixas e deixar um rastro para Paula. Ela tinha que atrair alguém e rápido.
- Vai continuar com o seu covil ridículo no Soho, e aquela loja de chá idiota! Com todo o poder que você tem! Vai usar esse poder para fazer chás e sabonetes! Eu não vou permitir isso... você é minha filha e me obedece! Eu te criei e fiz o que você é. Eu te dei vida.
- Não. - Riu. - O sistema me criou, outras pessoas me criaram. Você estava ocupado assassinando minha mãe e ficando preso.
- É mágoa. - Ele tentou fazer uma cara de tristeza que saiu muito esquisita e má. - Está chateada porque eu não te ensinei os caminhos. Eu entendo, Elena e sinto muito por isso. As pessoas... são burras... não entendem o que eu quero fazer... mas para fazer isso... para nos dar poder... precisamos sacrificar algo seu. Eu não vou escolher! - Prometeu, cruzando os dedos no coração. - Você escolhe. O que quer sacrificar?
- Nada.
Ele avançou em cima dela, segurou-a forte pelo braço antes dela conseguir falar uma palavra. Ela sabia que a armadilha era para ela mas ela também sabia que uma assinatura da localização dela já tinha sido emitida. Oh, Paula... note logo, ela pensou.
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O Covil Soho
ParanormalA investigadora paranormal Elena Joy é chamada para resolver um caso envolvendo seu horrível passado. Conforme as pistas vão esquentando, Aidan Moore é obrigado a ajudá-la de uma forma que ele não imagina ser possível. Observe Aidan e Elena seguirem...