- Você sabe que não posso te deixar sozinha na cena do crime desse jeito?
Aidan observava Elena parada no meio do necrotério, com fogo nas mãos e os olhos fechados. A cena, notou ele, fedia a enxofre demais. Alguma coisa remetia ao demônio, Lúcifer, naquele cheiro horrível. O cheiro era só uma parte do quebra-cabeça, que era completo por um corvo morto em cima de uma estrela negra desenhada no chão com o que parecia ser petróleo porém, diferente de todas as outras cenas, esta tinha velhas laranjas, cascas de cerejeira, um copo cheio de um líquido com cor suspeita e cinzas de carvão. Tudo isso parecia apenas demais.
Joel havia gritado por quase 10 minutos, falado que ele tinha 48 horas para levantar alguma teoria plausível, isso antes mesmo dele e Elena avaliarem a cena horrível. Ele estava sob pressão, muita pressão. E lá estava Elena, parada na frente da cena do crime desenhada no chão, balançando as mãos e falando em alguma língua estranha de olhos fechados.
- Elena! Rápido.
Joel poderia aparecer logo e segurar a sala sem ninguém ali seria impossível, ainda mais com ela com fogo nas mãos. Oh... por que ela tinha que ser tão esquisita?
- Eu preciso tirar a roupa. - Elena anunciou.
- O quê? - Perguntou chocado. - Agora?
- É! E me arrume uma maçã. - Exigiu.
- Você só pode estar de brincadeira, Elena! Não pode fazer isso aqui.
- Você quer que eu ache um rastro nesse feitiço ou não?
"Merda", pensou Aidan saindo do necrotério e dando de cara com Chris, parado, com um olhar muito suspeito para a porta.
- Irmão, aquela menina é esquisita, não é? - Ele riu de Aidan.
- É. E ela quer uma maçã.
- Eu não posso deixar ela levar comida para a cena do crime. - Chris riu.
Aidan bufou com força.
- Quer saber? Uma maçã não vai fazer tanto mal. - Concordou o legista.
- Você viu alguma coisa? - Aidan perguntou enquanto observava Chris ir até um armário cheio de pequenos compartimentos para bolsas e itens pessoais.
- Durante o roubo você diz? Não. Eu estava no meu horário de café. Quando eu voltei... bum... meu necrotério virou o quarto das Jovens Bruxas. - Abriu um armário e começou a procurar em uma bolsa preta o pedido de Elena. - O cheiro de enxofre é horrível.
- É. Eu senti tanto esse cheiro essa semana que eu acho que estou acostumando com ele.
- Aqui. - Jogou uma maçã no ar para Aidan.
- Como alguém sai da central com dois corpos, sozinho?
- Ele pode ter tido ajuda. - Concordou Chris. - Bruxo ou não bruxo, seria difícil não ser visto. Nada apareceu na câmera, no entanto, ele entrou e saiu sozinho depois de montar o circo de horrores ali. Coisa suja... de gente bem maluca.
"Um comedor pode desaparecer", pensou Aidan, "será que podiam levar corpos consigo?"
- Na câmera... você disse que ele apareceu na câmera...como foi?
- Oh, ele não é o homem invisível. - Chris sorriu. - Foi confirmado, é o pai de Elena, o desaparecido. As imagens batem com a foto da carteira de motorista dele.
- Isso vai ser problema... - Aidan apertou a maçã. - Não deixe ninguém entrar aqui até ela acabar...
- Não vai ser problema. - Chris concordou. - Joel confia nela. Eu vou tomar outro café, está bem? Chamem se precisarem e sumam daqui rápido antes que Joel grite de novo com todo mundo. A diretoria vai pirar quando souber disso tudo e o dele vai ficar na reta.
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O Covil Soho
ParanormalA investigadora paranormal Elena Joy é chamada para resolver um caso envolvendo seu horrível passado. Conforme as pistas vão esquentando, Aidan Moore é obrigado a ajudá-la de uma forma que ele não imagina ser possível. Observe Aidan e Elena seguirem...