O tabuleiro

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Paula era o tipo de mulher que Aidan Moore sabia que era problema. A mulher de cabelos loiros volumosos, cheia de maldade no olhar, se esticava por trás de um balcão de uma loja mística, no meio de Manhattan e vestia alguma coisa velha Hollywood. Ela era de dar arrepios, com suas enormes unhas negras e longas, finas como as de um gato.

De onde diabos tinha saído aquela loja? Coisas penduradas, manuais de Vudu, penas, rostos retorcidos. Ele poderia filmar um filme de terror ali, bem ali, sem mudar nem a cor das paredes. Aidan olhava para todos os lados, seguindo Elena loja adentro, até pararem no balcão, perto da mulher que era a Paula.

- Elena.

A voz suave e um pouco irritante da mulher cortou o ar como uma lâmina. Ela bateu uma única palma no ar e sorriu.

- Paula. Quanto tempo! - Elena sorriu de volta.

- Eu soube de Mary e Clarice, querida, eu sinto muito por você e pela minha irmã. Coisa horrível, magia muito baixa.

- Obrigada, Paula. - Elena colocou as mãos na bancada.

- Saiba que eu fiz um feitiço de proteção para vocês duas, então vocês devem ficar bem, por um tempo.

- Obrigada. - Agradeceu um pouco preocupada com o tipo de feitiço que Paula fazia. - Eu trouxe na verdade uma coisa para você dar uma olhada, achei que pudesse me ajudar.

- Daisy disse que você faria perguntas. Claro, se eu puder ajudar. - Concordou. - O que você troxe para mim? - Piscou uma vez para Aidan, paquerando.

Aidan resolveu que não ia abrir a boca.

- Isto. - Elena tirou o grimório do bolso, com todo cuidado e o abriu sob a mesa, bem na página do feitiço misterioso.

- Oh, Elena... - Os olhos dela brilharam demais. - Elena... Elena... o que é que você tem aqui?

- Um comedor me deu isso ontem.

- Está andando com comedores agora, Elena? - Paula sorriu brincando e colocando as longas unhas no caderno. - Isso é um feitiço troca-pele. Coisa muito antiga. Magia negra de verdade. Isso é proibido pelas leis de Morrigan, querida.

- Vocês tem leis? - Aidan perguntou.

- Lógico, acha que somos animais? - Riu Paula, divertida com o policial. - Matar bruxos para roubar seus poderes é um grande não.

- Matar entre nós é proibido. - Elena explicou para Aidan. - O que pode me dizer sobre estre grimório, Paula?

- Coisa antiga, com certeza. - Falou observando as letras e passando as páginas com cuidado. - Salém. - Riu. - Isso aqui é problema, menina. Problema dos grandes.

- Eu imaginei.

- Mas, estamos com sorte. Esse tipo de grimório, esse tipo de magia, isso deixa um rastro. Com sorte, eu consigo rastrear quem o usou pela última vez. Vou precisar do meu tabuleiro. - Abaixou-se na bancada.

Aidan concordou vendo a movimentação.

- Se rastrearmos ele, podemos pegá-lo.

- O problema desse tipo de feitiço, não é esse tipo de feitiço. - Paula declarou, levantando-se. - Duas coisas, primeiro, para fazer esse tipo de magia, você precisa fazer muitos pactos, muita coisa suja, e eu não conheço nenhum bruxo no mundo que consiga fazer esse tipo de magia. Segundo, precisamos nos perguntar porquê esta pessoa está tendo todo esse trabalho e chamando toda essa atenção para recolher poderes do seu covil? Qual o próximo passo dele?

- Espere... você acha que tem um próximo passo? - Aidan perguntou.

- Qual a graça de ter tantos poderes, se não pode usá-los? - Paula usou a lógica. - Eu imagino que este é o primeiro de muitos planos, Policial gostoso. - Falou sem vergonha alguma. - Ele mata um covil inteiro, pega os poderes, usando um grimório antigo e pronto.... ele consegue seguir em frente para o próximo plano. E eu vou te falar uma coisa... se ele consegue fazer esse grimório funcionar... vocês deveriam estar muito preocupados. Esse tipo de magia não é boa, nem mesmo negra... isso... isso é baixo. Grimórios assim eram usados para testar o véu entre esse o próximo mundo... e esse é o pior feitiço que um bruxo pode fazer.

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