O INFERNO EM MINHAS MÃOS

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"Não se engane, a escuridão não expõe todas as coisas ruins, pois é pela luz que eles se atraem."  


A voz firme e baixa soou atrás das sombras que rodeavam as árvores. Devagar, um sopro fez cada uma das tochas apagarem, transformando o pátio em pura e devastadora escuridão. O assovio do vento e meu coração disparado eram os únicos sons ali. O medo pulou em minhas veias e meus olhos arderam com as lágrimas que acumulavam. As palavras pareciam presas em minha garganta e naquele momento, eu era covarde demais para falar algo.

Pequenos passos na grama começaram a se tornar presentes e altos. Meu corpo congelado pelo medo não era capaz de se virar para ver quem era. Senti um arrepio passar por minha espinha e a sombra foi tomando forma na escuridão. O corpo pequeno e pálido sorria. Os dentes sujos e amarelos tinham uma risada debochada e quase sussurrada. Os olhos brancos me observaram por longos segundos e tive vontade de correr e gritar, mas não era só o medo que me prendia ali, era também o poder que emanava daquela coisa. Ela levantou as mãos e suas longas unhas grudaram em meu rosto, senti minha bochecha queimar e um cheiro passou pelas por meu nariz, era sangue.

—Conheço seus olhos. —sua voz aguda passou pelos ouvidos.

Concentrei minha força nos braços e levantei uma de minhas mãos, lutando contra seu poder. O toque de meus dedos em sua pele gélida fez chamas envolver desde seus ombros, até seu pulso, que estavam em meu rosto.

Com mais força, continuei descarregando toda a energia, agora espalhando por todo canto. O fogo dançava por seu corpo, o fazendo gritar, mas não soltar de mim. Ela berrava, em gritos agudos e esganiçados, mas sua mão continuava lá, por mais força que fizesse.

Sua pele começou a derreter, deixando uma aparência muito pior, quase como um demônio, um verdadeiro demônio. Os ossos finos começaram a aparecer, criando uma visão grotesca diante dos meus olhos.

Soltei minha mão, fazendo o fogo cessar. Dei um passo para trás, mas a dor ardida começava a piorar e quem gritava agora era eu.

—Você não pode me matar! —berrou.

Sua boca parecia deslocada e derretida. Seus olhos estavam vidrados e completamente brancos. O medo me paralisou.

Tentei conjurar qualquer feitiço novamente, mas meus poderes pareciam presos por fios encapados. Fiz força tentando libertá-lo, porém dor foi a única coisa que recebi de volta.

—Não se esforce você não irá conseguir tocar sua magia.

—O que você quer? —minha voz saiu rouca e quase falha.

O demônio gargalhou. Uma nova fileira de dentes amarelos apareceu em sua boca que formavam um sorriso assustadoramente imundo.

—Claire Baldwin, seu medo fede a derrota.

Comecei a sentir meus poderes sumir aos poucos. Precisava gritar por ajuda, alguém tinha que me ouvir.

—Socorro! —berrei com todas as forças, sentindo meu corpo estremecer.

Nada se mexeu e ninguém me respondeu. O silêncio me socou no estômago, fazendo tudo revirar, sentindo um arrepio de medo se alastrar por todo meu corpo, eu iria morrer.

—Ninguém irá te ouvir, você morrerá sozinha.

Suas unhas desceram por todo meu rosto causando arranhões profundos, até chegar ao pescoço, uma força bruta me fez quase parar de respirar.

—Por favor... —minha voz saiu em um sussurro.

Suas mãos apertaram mais forte e senti minhas veias se fechar. Nenhum oxigênio tinha a permissão para andar sobre meus pulmões e eu não tinha o suficiente para conseguir lutar.

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