O GRANDE SHOW

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Revisão em breve.

"A dor não irá durar para sempre, principalmente, quando fizer dela sua maior fortaleza."

Além da escuridão não havia monstros invisíveis que puxavam nossos pés e gritavam para que fizéssemos algo ruim. Ali, sozinhos e armados com apenas o impulso da adrenalina, havia somente nós e os corpos corrompidos pela maldade estocada no sangue, cujo o mesmo estava sujo pelo assassinato de inocentes. E por isso, nem mesmo nós donos de naturezas duvidosas, estávamos a salvos daqueles que mais cedo ou mais tarde nos encontraria e completaria o feito mais uma vez. Eu estava tão entorpecida pela tristeza acumulada, que não sentia o medo invadir, ele parava na porta da minha alma e gritava para entrar, mas não o ouvia, nem sequer o enxergava. Mckenna também se tornava uma pedra congelada pela coragem que nunca havia saído de seu coração, ela era tudo o que eu queria me transformar, mas que agora era tarde demais. Principalmente, quando no meio do caminho, depois de horas esperando, um barulho se fez presente. O sol nascia e seus raios batiam fracos em meu rosto, assim como deveriam estar batendo no de Aiden agora, assim como não fazia diferença alguma mais. Olhei para minhas mãos que tinham um pequeno rodamoinho girando e o fiz sumir, assim como qualquer poder em meu corpo, me tornando o mais perto de humana que conseguia. Estava na hora.

Levantei do chão e me posicionei atrás de um arbusto alto, não me escondendo, mas os esperando. O barulho de passos pesados no chão aumentava cada vez mais, apesar de não existir sequer sombras de alguém ali. Mckenna havia me guiado de volta à clareira onde tínhamos acampado na noite chuvosa, dizendo que aquele era o exato lugar onde os caçadores passariam. Era terrível ter consciência que dias atrás, naquele mesmo lugar, estava na companhia de Aiden, Morgan e Thomas e que nesse momento não os tinha mais aqui. Não era somente a sensação de solidão que matava, mas também os milhares de pensamentos ruins de imaginar como eles estavam agora, ou não estavam mais. No fundo uma voz dizia que Morgan estava bem, mas quem poderia garantir? Era a minha mente paranoica, contra a esperança de algo que poderia se tornar falho.

Olhei em volta empurrando os pensamentos para longe, precisava me concentrar por mais difícil que fosse. Suspirei. Eles poderiam vir de qualquer lado, já que estava presa na encruzilhada da floresta. Porém, não era isso tornava o ambiente estranho, mas sim o fato do barulho se parecer muito mais com passos leves em cascalhos do que galhos quebrando. Poderia ser apenas um animal passando por ali, mas algo me dizia que era muito mais do que um simples quadrúpede. Alguma coisa estava errada. Dei alguns passos para trás. Se fossem os caçadores me encurralando não pensariam duas vezes antes de atirarem, mas também não descartava a possibilidade de quererem brincar e manipular minha cabeça para que ficasse com medo. Entretanto, existia outra possibilidade que se tornava ainda pior. Na fazenda os caçadores utilizaram seus diabretes para tomá-la, então quem garantiria que eles ainda não estavam juntos? Contudo, a resposta apareceu tão rápido quanto a pergunta, pois naquele segundo eu tive a certeza do tamanho da minha sorte. De trás das árvores surgiam tantos demônios enfurecidos que mal conseguia contar. Todos eles estavam deformados e cinzentos, quase negros, como se estivessem em um processo de necrose, fazendo jorrar seus olhos para fora e deixando parte dos órgãos expostos. Meu corpo tremeu. Se existia demônios, existiam caçadores.

A energia subiu rapidamente pelo meu corpo, dobrando minhas veias com o prazer descomunal de ter todo aquele poder circulando por ali. Eram raros os momentos que durante minha vida senti que estava usando minha magia da maneira correta, da maneira que pudesse de alguma forma estar ajudando alguém, mas agora eu não a usava por isso, usava para ter o que mais desejava naquele instante: a sede de matar. Aqueles demônios estavam ali para me estripar, e lá no fundo talvez eu quisesse isso, mas ao olhar para seus corpos enegrecidos a vontade sumia, pois meu cérebro que ainda era metade humana brincava com meu estúpido coração colocando o rosto de Aiden na frente de cada um deles. Então, quando eles vieram ao montes não conseguia mais enxergar a Claire Baldwin, a garota de 18 anos fugitiva de um sistema corrupto, mas a garota que estava aos pedaços por tantas rasteiras que havia tomado. Eu os matava tão rapidamente e brutalmente, arrancando suas cabeças, membros e puxando o resto dos órgãos que ainda existia na podridão, que não conseguia me reconhecer. Os demônios grudavam em meus braços, mas com a força dos cotovelos os mandava longe. Eles grudavam em minhas pernas, mas com a força dos joelhos quebrava seus pescoços. Eles chegavam perto e eu os matava. Eram anos de treinamento sendo usado em segundos, os fazendo desaparecer tão facilmente que pareciam bonecas em minhas mãos. Apesar disso, eles pareciam surgir sem parar, exatamente como um formigueiro quando era pisado. E sem mais conseguir usar a força bruta, a natureza se curvou diante dos meus pés e tornou a floresta no mais absoluto silêncio.

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