Instituto Bruxas de Salem

FAMÍLIA BALDWIN

Revisão em breve.

"Não precisamos ser salvas, pois não somos as vítimas, somos aquelas que devem ser temidas."

Existia um furacão na minha cabeça, existiam pensamentos que se atropelavam e existia um coração que explodia em meu peito. A raiva e a solidão haviam se tornado sentimentos costumeiros, sentimentos que sem perceber tinha se tornado parte do meu corpo, mas rejeição se tornara algo totalmente e terrivelmente novo.

Ao sentir meus joelhos encontrarem o chão e meus olhos se fechar, percebi que não conseguia ter forças para reagir, não conseguia sequer ter o impulso de sentir. Eu havia esperado por essa mesma notícia durante anos, onde sentava no pátio do Instituto e ficava olhando para os portões na esperança de que algum momento meu pai apareceria e daria as boas novas, mas era diferente agora. Não existia alegria como sempre havia imaginado, somente um grande vazio. Perguntava-me se eu tinha sido um fardo tão grande para que ela não voltasse, ou tivesse me levado junto. Tudo que havia desejado por anos era uma família que pudesse me amar e dissesse que tudo ficaria bem, onde por mais que existisse Carla e minhas amigas, ainda não era o bastante para substituir minha mãe. Saber agora que tudo isso sempre foi possível, me esmagava por dentro.

—Ela só pediu para apagar minha memória, não disse mais nada? –perguntei a Mckenna.

Hesitou.

—Disse para ter cuidado e que sentia muito por isso.

Fitei o chão. Tudo que sabia sobre aquela noite era uma grande e terrível memória falsa que Mckenna pusera na minha cabeça, o que tornava tudo ainda mais complicado, pois existiam tantos questionamentos que a maioria deles parecia impossível de se resolver. Precisava pensar com calma, não podia deixar que houvesse bagunça no lugar de solução, tinha que ter controle. Fechei os olhos e respirei fundo. O que eu precisava lembrar e o que eu precisava resolver? Quando a verdade está esculpida na sua frente, minha mãe havia dito. Hassie estava viva, mas mesmo desaparecida os demônios continuavam sendo criados com as páginas rasgadas do grimório, somente nós da família podíamos o ler mesmo que não estivesse em seu lugar origem. Então, quem estava por trás e como poderia acabar com isso?

Olhei com os olhos arregalados para Mckenna. Era tão óbvio.

—Pode trazer minhas memórias de volta? –perguntei.

A ruiva se levantou da cadeira em um salto.

—Não... Não sei. Nunca fiz isso antes. –sua voz saiu tremula.

Eu poderia ver quem havia estado na minha casa àquela noite e como tudo tinha acontecido. Isso era uma chance em um bilhão, não poderia desperdiçar.

—Por favor, eu preciso me lembrar.

—Mas você nunca saiu daquele armário, nunca viu o que aconteceu.

—Eu sei, mas assim como na memória da mansão eu não precisaria nem mesmo estar lá de fato.

Mckenna balançou a cabeça negativamente e começou a andar de um lado para o outro. Ela não entendia, não entendia a quão desesperada eu estava por uma pista que fosse. Meu mundo estava caindo e tudo que queria era terminar isso de uma vez por todas. Limpei meu rosto, não me permitiria chorar agora, não mesmo.

—Mckenna, por favor...

—Não posso, não posso fazer isso com você. –sua voz estava fraca.

—Eu preciso saber, ou nunca daremos um fim nisso.

Balançou a cabeça negativamente.

—Nunca irá perdoar-la, você não entende como é estar assim.