CIDADE ESMERALDA

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"Nunca se mantenha quieto em meio a injustiça, seja forte e tudo ficará bem."

Seus olhos sangravam satisfação enquanto descansavam em suas cadeiras confortáveis. Era impressionante como carregavam tamanho poder em sua postura, de modo que as encarar por muito tempo não se tornava algo possível. No momento em que meus pés tocaram o mesmo chão que o delas, pude ter a completa e terrível certeza que tudo havia acabado. Não somente pela presença das mulheres, mas pelo fato de que elas demonstravam que tudo não se passava de uma batalha já perdida. A mais jovem já conhecia e não me sentia surpresa em vê-la tão elegante em seus trajes finos, possuindo um vestido preto e os sapatos vermelhos rubi como os de Dorothy de O Mágico de Oz. Já a mais velha em sua aparência esquelética e o terninho grudado em seu corpo era um rosto um pouco mais famoso, mas que nunca havia visto pessoalmente. Ambas pareciam esperar para me jogar ao Homem de Lata que me transformaria por completo no Leão Covarde, onde embora eu realmente tivesse a certeza de que talvez o Espantalho de mente vazia fosse jogar mais palha na fogueira, não poderia deixar de continuar convicta em minha inocência. Essa era a minha chance e não iria desperdiçar.

—Olá bonequinha. — falou Jade Black, a mais jovem.

—Jade.

—Laura Greenwick, a sua disposição. —a mais velha se pronunciou novamente.

Mesmo que sua presença fosse algo novo agora, seu nome e reputação não eram. Juíza Laura Greenwick, líder do Conselho de Salem, tinha uma grande carreira construída em torno dos julgamentos e condenações que faziam todos pensar antes de quebrar alguma regra. Boatos falavam sobre muitos implorar a ela por misericórdia, mas a mulher não cedia em nenhuma delas e batia o martelo com tamanha força. E agora eu a próxima.

—O prazer é meu. —sussurrei.

—Queira se sentar, por favor. —estendeu a mão, apontando para a cadeira a sua frente.

Caminhei lentamente me sentando extremamente reta, sentindo que se curvasse por mínimo que fosse minha postura ela iria me matar. Meu coração estava à beira do princípio de um colapso, onde poderia a qualquer momento explodir. Charlotte Fitzmoore, meu terrível Espantalho de mente vazia, me encarou sorrindo. Ela sabia exatamente o que iria acontecer e isso não restavam dúvidas.

—Deve saber o motivo de minha visita? —sorriu Laura.

—Talvez eu saiba.

—Sei que devo ter avisado sobre minha visita daqui dois dias, mas sou uma pessoa ocupada, não posso enrolar sobre assuntos importantes. Portanto, decidi que deveria tomar seu depoimento ainda hoje, para não haver confusão.

Meus olhos congelaram em seu rosto envelhecido. Desejava que Jade batesse seus pés e me levasse para longe dali me tirando dessa grande situação. Mas ao julgar pela sua expressão de sobrancelhas juntas e olhos ameaçadores, vi que não existia saída.

—Eu já conversei com a outra aluna, tive o prazer de ouvir seu depoimento. Camille Donavan me contou que foi atacada por você logo depois de sair de seu dormitório, pude suas lesões e queimaduras, pareceu um embate e tanto.

Suas palavras foram o suficiente para fazer minha pressão cair. Camille havia se lembrado do que aconteceu? Como era possível mesmo depois de parecer tão confusa e atordoada? Meus pensamentos voaram até Perin que preparava um feitiço para sua memória. Ela deveria ter tido êxodo em seu trabalho e agora me colocava em risco. Maldito momento em que havia pedido esse favor.

—Quero escutar sua versão. Fitzmoore me contou um pouco sobre o que acha da situação e como sua mentora ela só quer o melhor para você.

Fitzmoore tinha um sorriso tão vazio quanto sua mente, me causando a vontade de arrancar sua cabeça por tanta maldade cometida. Meus poderes pareciam acordar no mesmo compasso que meu coração batia, mas embora fosse essa minha verdadeira vontade, algo me fez mudar de ideia quando uma voz se fez presente em minha mente.

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