SETE COVENS

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Revisão em breve. (quase morri escrevendo, seja gentil com a tia lizzie)

"A face de bravura do leão esconde a covardia que possui diante do cordeiro."

Engoli em seco, tentando não vomitar. Minha cabeça pareceu dar um giro completo, sentindo o ar úmido e fedido de peixe que batia com força. Estávamos em um vilarejo com muitas pessoas caminhando tranquilamente, enquanto outras puxavam suas carroças ou vendiam algo em suas tendas. Ao fundo da estrada podia claramente ver o mar agitado, enquanto na outra ponta ficava uma grande e tenebrosa capela possuindo uma cruz de madeira, parecendo extremamente velha. O céu nublado e escuro caía sobre a cidade como uma luva, transformando as antigas casas coloniais na coisa mais horripilante que já havia visto.

Dei um passo para trás, me perguntando se alguma daquelas pessoas podia me ver. Elas eram tão reais, tão absurdamente reais, que meu coração disparava ao ver todas elas passar ao meu lado e agir como se nada estivesse acontecendo. Meus pés descalços e cravados no chão davam a sensação de medo e insegurança, o que me causou uma vontade terrível de ver se tudo estava no lugar, começando pelos meus membros e roupas. Ok, tudo estava ali. Mas como nós havíamos chegado aqui? E o mais importante: em que anos estávamos?

Senti meus poderes se agitar e gritar de medo. Eles me davam calafrios, não queria estar ali, queria a cabana de volta.

—Se controle, ou irá explodir o banheiro. — Mckenna segurou minha mão.

Olhei para ela assustada. Eu podia sentir Mckenna novamente.

—Como...

A ruiva esticou a mão e mostrou o seu grimório. Ele parecia mais bonito e mais novo.

—Estamos dentro do grimório, dentro das palavras que escrevi ainda quando estava presa no templo de Fand. Ela havia me permitido ficar com ele e vejo o motivo agora. De qualquer forma, não sou um fantasma aqui. Você pode me tocar.

Respirei fundo. Agora eu podia enxergar melhor seu rosto. A ruiva era ainda mais bonita viva, desde seus olhos bem delineados por sua íris azul, até suas sardas que salpicavam seu rosto por completo. Mckenna era uma mulher de traços angelicais e personalidade vingativa. Uma bomba prestes a explodir.

—Estamos então em uma espécie de lembrança, por isso consigo enxergar tão bem?

—Exatamente. E uma extensão da minha mente presa ao meu grimório. Um presente de Fand para ajudá-la melhor... No que você precisa saber.

—E o que eu preciso saber está aqui?

Ela desviou o olhar.

—Sim. Estamos aqui para explicar seu sonho também.

Mckenna parecia desconfortável ao dizer suas palavras, dando a impressão que aquela era uma lembrança dolorida de muitas formas, e o pior, estávamos prestes a mergulhar nela.

—Em que ano estamos? — perguntei.

—1691. Um ano antes de eu explodir a cidade inteira e matar todos eles.

Ao terminar suas palavras, crianças correram na minha frente, rindo e gritando de forma feliz. Engoli em seco. Mckenna havia matado elas.

—A Peste Negra? — sussurrei.

Ela encarou o mar, respirando fundo.

—Não, a doença foi antes disso. Estamos falando de engolir a cidade inteira.

Encarei Mckenna. Ela não parecia sentir muito por aquilo, pelo contrário, se sentia orgulhosa pelo tal feito. Levando-me a pensar o que faria uma pessoa se tornar tão magoada, a ponto de matar pessoas e se sentir completamente em paz por isso. Era como uma psicopatia se sobrepondo ao seu juízo e consciência de suas ações serem erradas. A mente trabalhada em angústia, mágoa e prazer. Meu impulso foi de me afastar, mas sabia que era muito mais difícil que isso, nós estávamos grudadas, juntas em uma só. Unidas por um só destino.

Instituto Bruxas de SalemOnde histórias criam vida. Descubra agora