CLAUSTROFÓBICA

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Revisão em breve.

"Estamos em um buraco sem fundo, caindo como Alice em seu próprio covil."

No refeitório a lua iluminava algumas janelas, enquanto fazia minha refeição na companhia de minhas amigas. O murmúrio de algumas garotas em minha direção, era um grande incômodo, por mais que evitasse prestar atenção. O que fazia minha mente divagar entre a conversa que tive com Fitzmoore, Perin e Aiden. Charlotte Fitzmoore, havia tido a audácia de me mandar embora do Instituto, o único lugar que me acolheu, minha única casa até então. Era estranha a sensação de sentir sua casa, não ser mais sua. O sentimento de ser um zero à esquerda consumia, me fazendo pensar se algum dia eu realmente fiz parte dali, ou qualquer outro lugar. Aumentando a ideia de que, sempre fui e sempre serei, um estorvo independente do lugar que estiver.

Eu confiava cegamente em Perin, confiava em seus poderes e que tudo seria resolvido por sua magia, mas algo no fundo me deixava com um pé atrás, dizendo para não sentir a chama de esperança tão arduamente, para deixar ela quieta durante esses dois dias até que tudo se resolvesse, ou não.

Aiden por sua vez, me deixava zonza com tantas mentiras que sentia sair por sua boca. Era incontrolável a sensação de raiva ao lembrar de seus olhos que tremiam ao falar do ataque. Eu não deveria me importar, mas não conseguia esquecer e isso me deixava louca.

—Encontramos isso no porão. —falou Willow, interrompendo meus pensamentos e passando um pedaço de papel discretamente.

Abri a folha amarelada, que soltava um cheiro forte de mofo e continha as bordas rasgadas, parecendo ter sido arrancado de algum livro ou caderno. Por toda sua extensão havia um feitiço aparentemente muito antigo, julgando pela forma como estava escrito e explicado. Havia anos que não via nada parecido, era um feitiço complicado de compilação, que apesar de muito bem detalhado, exigia da bruxa um grande esforço e concentração. No entanto, o que mais me chamou atenção foi a parte que dizia precisar de um caldeirão muito bom para realizá-lo. Aquilo quase me fez rir. Ninguém usava um caldeirão para fazer qualquer magia a tantos séculos, que achar um hoje era quase impossível.

—Um caldeirão? Isso não é história de um conto de fadas, Willow. —joguei a folha na mesa.

—Não faça desfeita, demorei muito para achar algo assim. —encostou na cadeira, fazendo cara feia.

—Como achou o grimório? —a encarei.

—Lembrei que você estava fuçando naquela estante do canto, então procurei por toda parte e bingo! —deu de ombros.

—Sabe que é proibido esse tipo de feitiço, não é?

—Claire você está expulsa de qualquer forma, não irá fazer diferença. —revirou os olhos.

—Expulsa? —ouvi alguém dizer.

Olhei para cima, encontrando os olhos de Carla, me encarando com medo e decepção. Tanta coisa havia acontecido em tão pouco tempo, que me esquecer de Carla me causou vergonha. Não sabia como iria me explicar a ela, ou mesmo como começar a contar tudo, mas julgando por sua expressão, seria muito difícil.

—Eu...

—Claire... —Joo colocou sua mão sobre a minha, apontando para onde todos me encaravam. Engoli em seco, acenando com a cabeça.

—Acho melhor conversar em um lugar mais reservado. — levantei pedindo para que me seguisse para os fundos do refeitório, mas antes que pudesse concluir meu caminho a voz de Fitzmoore se fez presente, me fazendo virar em sua direção.

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