NÃO TENHA MEDO

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Então elas gritaram, expulsando o poder de sua alma:

A voz bruxa jamais irá se calar, mesmo quando a todas queimar.


Olhei para seu rosto completamente chocada. Senti meus lábios tremer levemente e meu estômago girou. Seus olhos questionadores continuavam a me encarar, na espera de uma resposta, uma que, certamente, não possuía.

Tentei desviar o olhar, observando o túnel de flores ali. O cheiro de rosas agora era insuportável e queria apenas um pouco de ar fresco. Fresco o bastante para seu cheiro sair de minhas narinas.

—Acho que está cometendo um erro. —soltei uma risada, mas apenas nervosismo saiu dela.

—Não estou. Presidente Fitzmoore, veio pessoalmente me avisar.

Havia alguma coisa errada, deveria ser Howard em seu lugar, não... Não ele!

—Será que dá pra tirar esse sorriso do seu rosto? —ele não ficava com câimbra ou algo do tipo?

Ele limpou os lábios com a língua e fez surgir um sorriso maior ainda, fazendo seus olhos brilharem. Não disse? Completamente egocêntrico.

—Te incomoda?

—Sim, quer dizer, não! —bati a mão no rosto e continuei. —Olha, vou até a Presidente, só para garantir.

—Acha que estou mentindo?

—Tenho meus motivos, não acha?

—Não acho, mas vai em frente.

Aiden Clarke saiu da minha frente, dando espaço para eu passar. E somente, quando estava no final do túnel, sua voz soou uma última vez em meus ouvidos.

—Não se esqueça, te espero as 14h00min nas cabanas!

No caminho para o escritório da Presidente, meu coração ainda tentava se acalmar, por mais inútil que fosse. No entanto, um grito de Carla me chamando, o fez acelerar novamente. Lancei pragas ao meu estômago, que insistia em estar naquele estado. Estava sendo ridícula, uma completa criança, não uma pessoa prestes a entrar na vida adulta.

Vi Carla correndo até mim. Seus cabelos louros, presos em uma trança, voavam assim como seu vestido florido. Os olhos verdes pareciam alegres e amáveis, como sempre. E apesar de extremamente pálida, o sol fazia sua pele parecer angelical. Admirava esse seu dom de transmitir pureza e felicidade por quer que passasse, ela possuía aquilo, possuía brilho próprio.

—Claire! —me abraçou. —Aonde vai com tanta pressa?

—Oi! Preciso falar com Fitzmoore.

—Você está bem? Parece um pouco pálida.

Maldito seja! Eu não era assim, não ficava agitada com esse tipo de coisa. O que estava acontecendo?

—Estou! Claro! Por que não estaria? —sorri.

Carla me olhou estranho, ela provavelmente percebeu que estava mentindo, mas algo em sua feição pareceu que não queria insistir em descobrir, então mudou de assunto.

—Fiquei sabendo que se meteu em encrenca. —a sobrancelhas se juntaram em reprovação.

Está era Carla, ela se sentia como uma mãe para nós e não hesitava em agir como tal.

—Eu... Nós não saímos, então...

—Mas é errado e não quero que faça isso novamente. Estamos combinadas, mocinha?

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