Capítulo 3 -Festa

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Nada melhor que uma corrida matinal para refrescar a cabeça. Estava nervosa por amanhã, afinal não é todos os dias que somos aceites numa universidade tão boa como esta.  Sentia um frio na barriga do nervosismo . Mas o primeiro dia é sempre assim. Depois de criar a minha rotina torna-se tudo mais fácil. 

Decidi ir a um parque perto de casa. Fui a andar até lá e depois de uns alongamentos comecei a correr. Dei várias voltas ao campo de futebol que se encontrava no parque e depois fui correr mais um pouco para uma zona perto de um lago. Tirei o meu telemóvel do bolso para tirar uma fotografia. Decidi enviar ao meu pai .Ele ficava contente quando eu lhe enviava coisas do meu dia à dia. 

Tinha um pequeno banco junto ás rochas por onde caía a água. Lá por baixo parecia existir uma pequena gruta mas não creio que se possa entrar lá dentro. Não é muito fundo mas não quero ficar encharcada ou entalada debaixo de água. Sentei-me um pouco no banco a observar as poucas pessoas que ali passavam aquela hora. Eram apenas oito e meia por isso só as pessoas madrugadoras andavam num domingo aqui a esta hora. Estava um homem com a sua mulher a  passear o seu cão. Ambos deviam estar na casa dos cinquenta e estavam alegres. Pelo menos assim aparentavam.  

Decidi caminhar até ao café-bar de ontem à noite. Como só abria ás nove tive de dar ainda mais umas voltas até abrir. Passava um pouco das nove e dez quando cheguei para tomar o pequeno-almoço.

-Bom dia, o que vai desejar?

-Pode ser um café cheio e um mil folhas, por favor.

-Já lhe trago.- Sorriu e foi para trás do balcão. Acho que o que gostava mais até agora era a simpatia das pessoas. Eram tão cordeais e gentis com os que vinham de fora. Bem, quase todos. Quem me dera ter outro andar com um apartamento disponível para mim. Não sou desmancha prazeres mas acho que ninguém gosta de vizinhos barulhentos. Podem dar festa de vez em quando e a horas razoáveis. Não precisa de ser a noite inteira naquilo.

-Aqui tem.- Deixou-me um prato com  o bolo e o café tal como pedi. Em pouco de dez minutos comi e paguei.  

Desci a rua e caminhei alegremente até ao apartamento.  A corrida e tomar o pequeno-almoço fora fez-me bem. Ajudou-me a esvaziar a cabeça e a centrar-me nas coisas boas. Abri a porta do prédio e subi as escadas. Acho que só me atrevia a ir de elevador se fosse acompanhada. Ainda podia avariar e ficava fechada naquela caixa de fósforos. 

Abri a porta do apartamento e estava tudo ainda escuro. Acredito que Julie ainda esteja a dormir . Ela costumava passar as noites vidrada a ver séries e filmes e normalmente acabava por passar a noite acordada. Houve uma vez que se distraiu de tal maneira que só viu que era de dia quando o despertador tocou para se levar para ir para a escola. Aposto que ainda não perdeu esse hábito.



  ***

-Vá lá. Ajuda-me a escolher a roupa. - Fazia beicinho agarrando um monte de roupa engelhada.

-Sabes que vais ter de passar isso tudo novamente?

-Nem sei se vou usar isto por isso é que preciso de ti. - Tinha acabado de jantar à pouco e estava pronta para arrumar a cozinha quando Julie veio a correr a pedir ajuda para escolher a roupa perfeita para a festa.

-Vai com  algo que te sintas confortável. - Ela revirou os olhos em desagrado.- Pronto eu vou ver o que tens.- Posei a loiça na bancada e fui com ela para o quarto. - Não tinhas mesmo nada em mente?- Ela pegou num vestido preto com mangas em renda bastante elegante.

-Esse é lindo, Julie.- Era mesmo . Até eu o usava.

-É maravilhoso mas também não sei se devia ir com algo mais simples. Um top decotado e umas calças justas com uns saltos altos.

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