Capítulo 7- Encontro inesperado

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- Estou mesmo a adorar a escola e as aulas, pai. Têm sempre parte teórica e prática todos os dias.

"Fico feliz em saber que estás a gostar da escola. Então e as coisas aí no prédio estão mais calmas?"

- Sim. Agora fazem só festas ao fim de semana.- Graças a Deus.  Devem estar ocupados com a escola. Na verdade nem sabia ao certo em que universidade estavam ou que curso tiravam. Na minha zona à dezenas de escolas. Por sorte não calhou na minha.

" Já ficas mais descansada assim."- De certa forma sim, mas agora tenho outra coisa a perturbar-me sem ser o barulho . Acho que preferia isso ao que se anda a passar.

E tu pai, como vai isso por aí? - Sentia-o um pouco apagado hoje. Espero que não seja nada no trabalho ou de saúde. - Sinto te um pouco distante. 

" Desculpa filha. Sabes hoje faz vinte e seis anos que conheci a tua mãe.  Mexe comigo esta data."

-A mãe desapareceu à  muitos anos das nossas  vidas, devias seguir em frente. - Podia parecer fria mas a minha mãe  nunca me tratou como uma mãe devia tratar uma filha. Só  queria saber se tinha dinheiro ao fim do mês para a droga e para os outros vícios. 

"A tua mãe já não era ela própria nos últimos anos, filha. Era tudo a droga, o álcool e o tabaco."

-Não, pai foi as escolhas dela que a levaram a isso. Se não fosse as suas más escolhas ela estava viva e não morta num beco devido a uma overdose. Conseguia sentir a voz do meu pai a desmanchar-se aos poucos. - Desculpa pai. Fui uma bruta, contigo e não mereces.

"Ela não foi propriamente boa para ti, compreendo o ódio mas tens de respeita-la ,porque acima de tudo foi  ela que te deu a vida. Que te trouxe para este mundo. Ama-a por isso e pela pessoa que ela era antes de tudo. Odeia apenas as escolhas dela."

-Eu não a odeio, só estou desiludida porque fiquei sem mãe por causa de uma coisa sem jeito nenhum.

"Compreendendo, Alana mas agora estamos bem. Já recuperamos da perda. Ainda dói nos nossos corações mas sei que ela está  num lugar melhor agora ."

-Eu sei que sim. -Ficamos ainda um minuto em silêncio antes de começar a conversa novamente. - Bem vou para casa. As aulas já acabaram e consegui adiantar o projeto que te tinha falado ontem. 

"Vai lá, amanhã falamos novamente. Sabes que te adoro.

-Também te adoro pai.

Desliguei e coloquei os fones dos ouvidos. Meti uma música já antiga e saí da escola. Hoje não estava grande dia. Estava escuro e o sol teimava em não aparecer. Também não parecia que fosse chover.

A minha barriga já  estava a dar sinais de vida. Já passava da uma e meia e ainda não tinha almoçado. Quando chegasse a casa fazia algo rápido e depois ia passar a tarde a estudar para a prova da próxima semana.

Pisei a relva do parque passando pelo campo de futebol.Congelei quando vi Ashton. Estava a jogar futebol com Calum e mais uns rapazes. Parei de repente para definir outra trajectória sem que ele me pudesse ver.  Tarde demais. O seu olhar cruzou-se com o meu e ele parou de jogar. Passou a bola a outro rapaz e estava a preparar  para sair do campo. Vinha ter comigo? Sem mais nada a passar na minha cabeça, desatei a fugir. Corri o mais que consegui sem nunca olhar para trás. 

Fui em direção ao rio mas não havia verdura suficiente para me esconder. Olhei para a gruta que se formava junto ao rio. Olhei para trás e pela primeira vez  vi-o a espreitar para todos os canteiros e sítios possíveis que tivesse dado para me esconder. Antes que fosse tarde demais, meti a minha mala e telemóvel escondidos entre as rochas e mandei me para dentro de água. Ia arrepender-me disto quando tiver de sair daqui completamente encharcada. Escondi-me o melhor que pude dentro da gruta pequena.  Fiquei em silêncio mas a minha respiração estava ofegante e o meu coração aos saltos. Alguns peixes  bateram nas minhas pernas, fazendo demasiados movimentos na água. Estava com receio que o movimento na água pudesse chamar à atenção.

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