Capítulo 8- Consequências

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Passou uns dias desde aquele acontecimento. Precisamente dois dias. Nestes últimos  dias tenho aguentado a gripe mas hoje tive uma recaída e fiquei de cama. Não devia ter ido às  aulas naquele dia, mas não queria perder matéria. Odiava ficar para trás. Ontem cheguei a casa pior do que saí e Julie fez questão de ficar comigo hoje em casa. Não ia perder aulas porque só  tinha uma aula de manhã e entretanto deve estar a chegar. Hoje tinha aulas à tarde mas a professora dispensou-me depois de ver o meu estado lastimável.

 São agora dez e meia da manhã e o sol estava forte lá  fora. Para o mês  de Outubro estava ainda muito calor. Dia treze era o meu aniversário  e estava triste por não ter o meu pai aqui. Com sorte podia lá ir . Tenho sorte de o meu aniversário calhar numa sexta-feira. Podia passar o fim de semana lá sem problema, mas ainda tinha de falar com o meu pai sobre isso. Fazia-me bem sair daqui. Falei com ele sobre arranjar um trabalho  e ele não gostou nada da ideia. Disse que estava aqui para estudar e não para trabalhar. Não voltei a falar do assunto. Nem expliquei porque queria trabalhar. No prédio ao lado tinham um T1 para alugar e não me parecia mal mas agora que estava bem com Julie não queria deixa-la sozinha, mesmo que mais cedo ou mais tarde ela vá acabar por ir viver  com aquela coisa da porta ao lado.

Para minha felicidade, troquei de número por isso não ia receber mais nada dele. Julie prometera não dar o meu número a ninguém sem eu autorizar primeiro. Ela achou estranho a minha conversa mas expliquei que tinham feito isso e não paravam de me chatear, por isso mesmo é  que decidi trocar de número. Em parte era verdade. Só ocultei um pormenor.
Tenho pensado muito em como ajudar a minha amiga. Tinha que fazer  com que ela própria encontra-se os podres dele. Parece uma invejosa a falar mas era verdade. Ela tinha que ver que ele não era boa peça.

Estava tapada com o cobertor até ao nariz. Tinha apenas os olhos de fora para ver quando Julie chegasse a casa. Ouvi barulho no corredor, e acredito que seja ela com o resto dos seus amigos. O trinco da porta cedeu e um ruído de vozes fez-se ouvir na divisão ao lado. A minha porta abre, revelado um traço de luz.

-Então doente , como estás? - Julie passa a mão na minha testa e não ficou nada contente.- Estás a arder em febre, Alana. Se continuares assim tens de ir ao médico.

-Não quero ir ao médico. 

-Teimosa! - Saiu do quarto e voltou com um comprimido e um copo de água. Atrás dela veio Cassie e Calum. Por fim apareceu Ashton apareceu mas por respeito ficou à porta. Olhei para todos mas não tinha forças para falar muito.

-Rapariga, estás mesmo mal.- Disse Calum. Cassie deu-lhe uma cotovelada para o calar e deu-me piada. Eram um casal engraçado. Ela caminhou para junto de mim e abraço-me.

-Como estás, linda? -Perguntou Cassie passando a sua mão pela minha testa.

-Estou a ficar bem. Não convém estares tão perto de mim senão ficas doente. - Parecia que respondia pelo nariz. Julie esforçava-se para não rir da minha cara, e confesso que eu própria tive vontade de rir. O meu nariz parecia uma batata doce de tanto assoar.

-Não te preocupes, sou imune a isso. - Sentou-se nos pés da cama a dar-me festinhas nas pernas. Era mesmo querida. Julie esticou a mão e deu-me a medicação à força. Revirei os olhos e fiz cara feia quando o tomei.

-Sempre a mesma. És um mau feitio, Alana. - Comecei a gozar com ela fazendo todos sorrir. Ashton encarava-me sério. Tentei parecer indiferente e isso mexeu com ele, porque ele andou para dento do quarto e apertou Julie contra si. Estava a provocar-me .Fechei os olhos para não ver esta cena.

-Bem ,vamos circular que a menina doente quer dormir. - Calum encaminha a namorada para a sala e por fim foi Julie e Ashton.

-Se precisares de alguma coisa diz, Alana. Vou deixar a tua porta encostada para te ouvir.

-Vão ficar aqui? Podem sair se quiserem, eu estou bem.

-Vou ficar aqui até ficares curada. Daqui a pouco trago-te um lanchinho. - Atirei-lhe a língua e ela saiu sorridente para a sala. Não demorou muito até voltar a adormecer. 

Acordei em pânico quando vi Ashton no meu quarto sentado na minha cama a encarar-me. Mandei um salto e bati com a cabeça na parede. 

-Au! - Gritei baixinho. A dor era tão grande que não conseguia abrir os olhos. Senti as mãos de Ashton nos meus braços e tremi de medo.

-Calma, não precisas de ficar nervosa. Deixa-me ver a tua cabeça. Aleijaste-te? - O que é que ele queria. Depois de me assombrar queria ser simpático? Olhei para ele e o seu olhar estava atento . Os seus olhos estavam escuros e brilhantes. O sorriso tinha desaparecido por completo e não sabia se devia de fugir ou ficar quieta.

-Estou bem, não é preciso. - Disse seca. Ele esboçou um sorriso o que me fez recuar mais um pouco para trás. Ele agarrou-me um pulso e não me deixou sair dali .- Larga-me já ou começo a gritar!

-Não gritas não. Porque o que quero fazer não te vai fazer gritar. - Chegou a sua cara perto o suficiente da minha para sentir o seu calor a bater nos meus lábios. 

-Solta-me, por favor! - Estava a ficar aflita. Não gostava desta sensação. Estava presa contra a minha vontade e tinha medo. Tinha mesmo medo que ele forçasse alguma coisa. Ele avançou mais um pouco e foi o suficiente para desatar a gritar e a chorar desalmadamente. Os seus olhos estão mais abertos que nunca e tentava a todo o custo calar-me. Desta vez saiu da cama e posou a sua mão na minha cara. Não sei como alguém podia mudar em segundos.

-Calma, pronto estava apenas a brincar. Tem calma .- A porta é aberta com força revelando um Calum chocado.

-Que fizeste Ash? Estás bem, Alana? - Assenti que sim com a cabeça e corri para a casa de banho, trancando-me lá dentro. Consegui-a ouvir os dois a discutir lá fora. Onde será que estavam Julie e Cassie? Precisava delas aqui comigo. Quero fugir daqui. Quero voltar para minha casa onde não tinha estes problemas.

-Que fizeste à rapariga?

-Nada, estava só a brincar mas ela passou-se. -Desculpava-se Ashton.

-Tens sorte que as miúdas não estavam em casa, senão bem podias fugir.  -Calum bateu à porta e pediu para entrar.

-Quero estar sozinha.

-Sou só eu, o Ashton vai embora. - Graças a Deus. Quero distância dele, agora e sempre.

Next DoorOnde histórias criam vida. Descubra agora