Capítulo 37- Noite fora

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Olhei-me ao espelho e quase nem me reconheci. Decidi experimentar pôr mais um pouco de maquilhagem para ver como ficava mas não me senti bem a usa-la por isso acabei por tira-la por completo. Obtei pelo normal e apenas realcei os olhos com sombra e os lábios com um batom mais escuro. Vesti um top branco eu umas calças de cintura subida. A noite estava agradável e quente por isso calcei umas sandálias com um pequeno salto.  Hoje ia ter uma noite com as raparigas da minha turma. Não éramos muito chegadas mas era uma maneira de nos despedirmos todas e ficar a conhecer-nos mais um pouco. 

Sai de casa e caminhei até ao bar onde Julie trabalhava. Não sabia se ela ia estar lá ou não mas também não me fazia muita impressão. Cassie era para vir também mas teve a vomitar e o Calum decidiu fazer-lhe um chá e deita-la na cama. A esta hora já devia estar no seu sétimo sono.  Ashton  acho que ia ficar por casa, pelo menos não me tinha dito se tinha planos ou não. Acho que ontem exagerou na bebida porque hoje estava cheio de dores de cabeça. Passou o dia praticamente a dormir o que era compreensível com a tamanha ressaca.  Entrei no edifício e a música ambiente encheu-me os ouvidos. The script tocava em altos berros e as pessoas falavam uns com os outros. Vi o meu grupo e caminhei para junto delas.

-Chegaste! Vamos finalmente pedir alguma coisa para beber? - Pergunta  a loira. Assenti com a cabeça e levantei a mão. Julie estava de serviço e mal me viu caminhou na minha direção. 

-Boa noite, meninas. Por aqui Alana?

-Noite de raparigas . - Sorri. 

- Estou a ver. Então que vão querer? - Pedimos praticamente o mesmo mas por agora decidi começar por algo mais suave, mas mais tarde  logo se via . 

-Já trago. Espero que tenham uma boa noite. - Agarrou no menu que estava na mesa e colocou na mesa atrás.- Antes que me esqueça hoje é noite de karaoke. Estão à vontade para subir ao palco. -Karaoke? Não sei se era boa ideia para uma cana rachada como a minha. O meu pai diz que sou um rouxinol mas isso é tudo amor de pai a esconder o verdadeiro desastre musical que a filha é. 

O meu olhar desvia-se para as colunas gigantes e encostada a elas estava alguém que não era estranha. Estava agarrado ao microfone a fazer sons estranhos enquanto outro rapaz tentava cantar. Ele deve ter percebido que o observava porque sorriu e largou o microfone no palco. Vi-o a caminhar na minha direção e levantei-me para o cumprimentar. 

- Por aqui? - Perguntou divertido.-Nunca te tinha visto aqui.

-Já cá tinha vindo mas também nunca te vi. - Não éramos chegados mas ele até parecia bom rapaz afinal de contas. - Estavas a gostar de cantar?

-Chamas aquilo cantar? - Não sabia bem o que chamar aquela actuação.

-Pois, não foi lá muito agradável para o teu amigo. E o público pareceu gostar de ti, estavam todos a rir-se das tuas brincadeiras. 

- Não fiques espantada com isso, todos olhavam para mim. Eu costumo ser o gay mais falado das festas.- Gay? - Não sabias? 

-Na verdade no ginásio ninguém desconfia. Todos acham que és um mulherengo. - Nunca na minha vida ia pensar nisso mas essas coisas não se vêem a não ser que conheças as pessoas muito bem, coisa que não o conhecia.

-Nah, eu falo com as raparigas porque me acho mais parecido com elas. Tu por outro caso sempre foste muito desconfiada em relação a mim, agora sei porquê. Achavas que andava a atirar-me a ti, provavelmente.

-Bem, um pouco. Desculpa, mas não ia dar-te muita confiança quando tenho namorado.- Não fazia parte de mim. 

-Agora já sabes. - Olhou para um rapaz moreno de olhos azuis que o acenou de volta. - Agora é o meu namorado que me está a chamar. Foi bom este pequeno momento. Temos de repetir.- Assenti alegremente.

-Fica bem, Gabriel. - Voltei para a minha mesa. Peguei no meu sumo e bebi até ao fim. Ao final de uns tempo sentia-me estranha. Mais parecia que estava bêbada que outra coisa.  Ainda não estava a tomar nada forte mas parece que foi o suficiente para me deixar abananada e com sono.

Cada vez que tentava abrir mais os olhos mais vontade  sentia de os fechar. Parecia que tinha sido mordida pelo bicho do sono.

-Alana estás bem?

-Uh sim, é só sono. - Pareço uma criança que não está habituada a ficar acordada até tão tarde.

-Precisas de arrebitar. Anda, vamos nossa divertir. - Ela puxou-me por um braço e quando dei por mim estava no palco com um microfone na mão.- Canta! - Olhei para o pequeno ecrã e uma voz miudinha saiu. As três raparigas riam-se e cantavam alto e o público parecia gostar. Juntei-me a elas e nunca pensei que isto fosse tão divertido.

Gabriel riu-se das minhas figuras e não era para menos. Estávamos umas doidas a cantar fora de tempo e notas erradas. Sentia-me solta como nunca e acho que isto tudo ainda é  efeito da bebida.  Tanto me dá  sono como  me deixa em êxtase . Gostava de perceber que género de ingredientes eles usam nestas bebidas de hoje em dia. Estava a ficar tonta com as luzes que se  mexiam freneticamente de um lado para o outro. Larguei o microfone e saí fora do palco.

-Hey, estás bem? - Gabriel pegou-me visto que estava demasiado tonta para andar a direito. - Queres que te leve a casa?

-Não, isto já passa, só preciso de ir apanhar um pouco de ar lá fora. - Ele assentiu e encaminhou-me até à saída. O segurança viu-nos e Gabriel cumprimentou-o. O namorado dele tinha ficado a dançar na pista de dança enquanto as  minhas colegas ainda estavam agarradas aos microfones.

-Bebeste demasiado esta noite.

-Nem por isso mas a que bebi fez logo efeito. - Ele olhou-me divertido. 

- A falar a sério só foi uma bebida.

-Não contaste mal? - Deu uma gargalhada alta. Meti as minhas mãos na cabeça. Estava quase a cair para o lado com o sono. - Não estás mesmo nada bem. Parece que andaste na droga.

-É isso mesmo como me sinto. - Não era possível alguém ter posto nada na bebida, pois não? Não, estive sempre com ela na mão. O meu pai sempre me disse que nunca a devia de perder de vista caso algum pedófilo ou tarado quisesse envenenar a bebida para ter saída com alguma rapariga. Sempre achei nojento pessoas que fazem isso só para proveito próprio. 

-Alana, nós vamos para casa, vens? - Elas saíram divertidas do bar . Quando olharam para mim ficaram espantadas com o meu péssimo aspeto. - Alguém bebeu mais do que devia.

-Nem por isso. - O que se estava a passar comigo? - Podem ir, eu apanho um táxi.  - Elas assentiram e foram embora.

-Se calhar devia acompanhar-te para ter a certeza que chegas inteira a casa. - De certa forma acho que ele tinha razão mas não queria estragar - lhe a noite .

-Não, deixa estar eu fico bem. - Esbocei um sorriso e foi o suficiente para ele se afastar de mim.

-Bem, se precisares sabes onde estou.- Vi-o a entrar no bar novamente enquanto eu ficava a relaxar a minha mente. Acho que precisava da minha cama agora. 

Agarrei no meu telemóvel e abri a capa. Carreguei no botão para desbloquear mas pressionei demais e o aparelho acabou por cair no chão. Que porcaria! Parecia ter mãos de manteiga. Abaixei-me para o agarrar mas senti uma tremenda dor de cabeça. Se calhar devia ficar um pouco quieta. As pessoas que abandonavam o bar olhavam-me com repulsa ou com gozo . Deviam pensar que era uma bêbada qualquer. Fiz força para me levantar e quando consegui encostei-me à parede para me manter de pé. O segurança já tinha ido embora à meia hora atrás e o bar já estava praticamente fechado. Agarrei finalmente no telemóvel e vi as horas. Eram duas e quarenta e oito. Pouco para as três da manhã.

-Alana? - Olhei mas só vi uma silhueta feminina nada nítida. Esfreguei os olhos e aos poucos fui percebendo de quem se tratava. - Estás bem? - Senti as suas mãos a posarem no meu braço e a puxar-me para cima. - Vamos, eu levo-te a casa. - Não consegui dizer que não, na verdade precisava mesmo de ajuda. 

-Julie? - Ela forçou-me a entrar para dentro de um carro e meteu o cinto de segurança.

-Vamos para casa, calma. - Não sei como mas adormeci imediatamente. 

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