Capítulo 16- Susto

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O fim de semana passou a correr e estava triste por me despedir novamente do meu pai. Quando chegamos novamente ao controlo ele abraçou-me com força . Ia sentir falta dele mas sei que um dia destes ele era capaz de me vir visitar. Bastava estar mais aliviado no trabalho que ele vinha.

- Filha, tem cuidado quando chegares lá. Diz- me logo quando chegares e apanha um táxi para casa. Não te quero na rua sozinha muito tarde.

-Sim, pai eu já estava a contar com isso.- A senhora abriu o controlo e um a um iam passando para o outro lado. O meu pai manteve-se ao meu lado até ser a minha vez de passar a mala. -Adoro-te pai. -Ele sorriu de orelha a orelha e afastou-se. 

Tirei o meu cinto e pus tudo no tapete. Olhei para trás e vi o meu pai a observar-me ao longe. Pus a mão no ar para dizer adeus e ele retribuiu o gesto. Vi no painel onde tinha de ir e fui para a porta destinada. Estava cansada mas o dia foi muito bom.

Os seguranças começaram a ver os nossos bilhetes e fomos passando para ao pé do avião. O meu lugar era no meio do avião, por isso podia entrar por qualquer uma das portas. Coloquei a minha mala no compartimento por cima do meu lugar e sentei-me junto à janela. Acho que conseguia adormecer um bocadinho depois de começarmos a voar.

Acordei com a hospedeira a anunciar a chegada dentro de alguns minutos. O céu já  estava escuro e as estrelas brilhavam intensamente . A lua estava em quarto minguante . Adora observar as várias formas da lua. Olhei pela janela e aos poucos comecei a ver a pista de aterragem cada vez mais perto. Soube que tinha chegado quando senti um pequeno impacto das rodas a bater no chão. Marquei o número do meu pai e mandei-lhe uma mensagem a dizer que cheguei. Guardei no bolso da frente das calças  e levantei-me do meu lugar. Todos tiraram as malas dos respetivos compartimentos e saímos devagar do avião.  Senti o ar fresco a bater na minha cara.

 Estava arrependida de não ter tirado o casaco da mala. Estava apenas com uma blusa de meia manga vestida e o tecido não era muito quente para estar a usar agora. Passei pela segurança e finalmente cheguei à  saída.  Procurei pela zona dos autocarros e dos táxis mas algo me chamou à  atenção. O seu olhar cruzou com o meio e rapidamente comecei a fugir dali para fora. O que estava aqui a fazer? Não sei se conseguiria confronta - lo agora.

- Alana espera! -Alcançou-me agarrando a minha  mão. Evitei olhar para ele mas sabia perfeitamente que ele o fazia.

- Eu tinha pedido espaço. E como sabias que chegava agora?

- Vi no site da companhia aérea.- Fechei os olhos para controlar as minhas emoções. -Desculpa mas não queria que voltasses a estas horas sozinha para casa.

-Ai! Pareces o meu pai. Eu não  sou de plástico e sei defender-me! - Sussurro em tom agressivo. A última coisa que queria era escândalo.  Caminhei para a saída  e ele veio atrás  de mim. 

- Eu deixo-te em casa apenas. - Olhei para ele  enraivecida. -Aceitas?

-Já  estás aqui e não vou dizer que não. - Ele sorriu mas não admiti derrota. - Só  porque gastaste gasóleo a vir aqui e não quero ficar a sentir-me mal comigo mesma. Já agora não me vais pedir mesmo nada de gasóleo, pois não? Tu é que vieste!

-Não, fica descansada. - Entrámos no carro e seguimos até casa. Fomos o caminho todo praticamente calados. Ele cantava as músicas baixinho e eu observava a lua. Ela acalmava-me quando o que mais me apetecia fazer neste momento era fugir . 

Minutos depois começamos a ver o centro da cidade. Endireite-me no banco do carro a observar as ruas. Em menos de quinze minutos estacionamos na entrada do meu prédio. Saí  do carro e fui buscar a mala à  bagageira. Ashton seguiu-me e pela primeira vez depois da viagem calados conseguimos falar.

Next DoorOnde histórias criam vida. Descubra agora