Capítulo 48- Finalmente longe

57 13 39
                                    

Passou uns dias e as aulas começaram oficialmente no início desta semana. Tomei um banho quente e vesti algo confortável. Não conseguia parar de encarar a roupa masculina pendurada nas minhas cruzetas. Olhei para o relógio e era apenas nove da manhã. Noir estava deitado na minha cadeira e espreguiçou-se quando passei a minha mão no seu pêlo. Não me podia agora esquecer que tinha um animal para alimentar e cuidar. Pelo menos o Ashton já tinha posto a caixa de areia na casa de banho e tinha comida na cozinha, agora não podia me esquecer de lhe dar comer. Consegui ouvir Ashton a remexer na cozinha quando acordei mas agora estava sozinha em casa. Ele tinha de ir trabalhar e eu tenho de ir estudar. Ia sentir falta de Cassie na escola. Como este ano , mesmo ainda não tendo o bebé preferiu ter as aulas online . É compreensível, porque com a barriguinha que ela já tem não ia ser muito confortável estar a correr de um lado para o outro na escola. Assim ficava em casa e seguia o seu sonho à mesma . Por outro lado era bom não ir à escola. Parece estúpido eu dizer isto mas a verdade é que muitas pessoas ainda olham de lado para as raparigas que engravidam nesta idade. Eu sei que é inevitável não olhar e comentar mas por vezes isso pode magoar a pessoa. Cassie dizia que isso não a irritava ou magoava, mas no fundo eu sei que incomodava. 

Saí do prédio e caminhei até à escola. Faltava pouco para tocar e a escola já estava cheia de pessoas dentro e fora. Senti a falta desta confusão nos corredores e as diferentes vozes que conseguia escutar até chegar à sala. Todos pareciam agitados e contentes a contar as suas aventuras de verão. O meu telemóvel tocou e peguei para ver quem era. Era o meu pai. Como ainda tinha uns minutos podia falar um bocadinho com ele. Encostei-me à porta da sala e atendi.

-Olá, pai. Como estás? - Consegui perceber que estava em casa, porque Anabella falava por trás. 

" Olá filha, sim está tudo bem e por aí contigo? - Estava animado, provavelmente por ser o seu dia de folga e poder descansar. Provavelmente iam passear. Era o que costumavam fazer e acho bem. - Olha aí, sabes alguma coisa da Julie? "

-Não nem quero saber. - O meu pai não tem culpa mas não conseguia reagir bem quando ouvia o nome dela. - Desculpa, mas ela é uma pessoa que não me faz falta nenhuma saber onde anda e o que faz.

"Sim, eu sei mas pensei que soubesses o que tinha acontecido. "

-Aconteceu alguma coisa, foi? - Ela podia ter feito muito mal mas nunca desejei nada de muito mau a ela, simplesmente que pagasse por tudo o que me fez. Será que foi isso?

" Não. Encontrei-me com a mãe dela ontem na rua e Julie estava com ela. Estava com cara de poucos amigos e foi embora sem me cumprimentar, o que achei falta de respeito."

-Pois, mas ela não sabe o que é respeitar as pessoas. Mas foi isso que aconteceu?

" Não. Ao que parece ela veio para cá definitivamente. A mãe diz que as notas estavam a ser uma desgraçada e que desistiu de pagar o curso onde ela estava porque não valia o esforço nem o dinheiro que estava a gastar. Para além que recebia sempre queixas da senhoria porque não pagava a tempo nem a horas e não estimava o apartamento onde estava. A mãe até chegou a ir aí mete-la na ordem e viu uma cena que nenhum pai gosta de ver, para dizer a verdade. Foi a gota de água, foi o que a mãe dela me explicou. Deu a hipótese de ela ficar aí à conta dela mas esta não gostou muito de se sustentar sozinha, por isso veio de vez para aqui." - Ela trabalhava no bar mas devia ser só algumas noites e para se sustentar tinha de trabalhar mais e não sei se ela estava disposta a fazer isso. 

- Ao menos já não chateia. - Disse baixinho. O meu pai não sabia dos nossos últimos desentendimentos nem precisava de saber. Já tinha uma ideia do que ela se tinha tornado e isso bastava para perceber a razão do nosso afastamento. - Agora percebes o porquê de não querer ter nada a haver com essa garota.

"Sim, e fazes bem. Ela não me parece muito segura para dizer a verdade. -O toque soou e os alunos começaram a entrar nas salas respectivas.- Vais agora entrar? "

-Sim ,pai mas depois falamos melhor, sim? Dá um beijinho à Anabella.- Despedi-me e segui para a minha aula. 

Estava fresca e a aula devia de começar bem com a boa novidade que recebi. Sem Julie para atrapalhar ia ser sem dúvida o melhor ano de sempre. Provavelmente naquele dia que a vi devia ser o último dia dela cá , porque as aulas começaram logo a seguir, por isso a mãe deve a ter obrigado de certeza a entrar para uma escola na nossa zona. Nisso não tenho pena, devia ter pensado bem no que fazia e ter aproveitado a oportunidade que lhe tinham dado , e não o fez , agora tem as consequências.

Quando dei por mim as aulas tinham acabado. Tinha ficado de ir visitar Cassie à sua moradia. Quase que nem acredito que já está  cinco meses grávida. Ou melhor, quase mas é a mesma coisa. Apanhei um táxi para lá e quem me abriu a porta foi Calum. Umas das razões porque me convidaram a vir aqui foi porque Calum tinha finalmente completado o berçário para a sua filha e queriam-me mostrar. 

-Olá, rapaz, como está essa vida de trabalhador? - Ele abraçou-me sorridente.

-Já tinha saudades tuas, Alana. Andavas desaparecida. - Posei a minha mala e ao longe vi Cassie a vir na minha direção com um grande sorriso nos lábios. Trazia um vestido azul marinho que fazia sobressair a sua barriga de grávida. Foi inevitável não abrir a boca de espanto. 

-Cassie! -Abracei-a fortemente.

-Alana, sua doida .Que saudades eu tinha tuas! - Ela nem imagina as saudades que também tinha dela.




Hey :) Gostaram do capítulo?

Infelizmente não falta muito para acabar mas as boas notícias é que vou começar logo a escrever outra. Chama-se " A rapariga de Detroit" .Passem por lá e leiam a descrição. Obrigada por lerem e comentarem. ^^

Até ao próximo capitulo :*






Next DoorOnde histórias criam vida. Descubra agora