Capítulo 4- O começo de algo bom

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Era hoje. O dia que tanto esperava. Estava tão cansada ontem à noite que adormeci mesmo com o barulho todo. Se não fosse a Julie tinha dormido de seguida sem acordar uma única vez. O relógio marcava agora as sete da manhã . As aulas começavam oficialmente às oito e meia mas ia tentar chegar um pouco mais cedo para ir buscar uma cópia do horário. Com um impulso levantei-me da cama e fui ao armário escolher algo para vestir. Olhei para a janela e o tempo parecia estar quente. Não era grande fã de calções e saias mas hoje era capaz de usar um macacão branco e azul com meia manga a mostrar os ombros. Agarrei num casaco de ganga que já tinha à anos e coloquei junto à minha mala. O bom da moda é que o antigo tornou-se novamente usável, as minhas roupas de ganga agradecem a segunda oportunidade.
Agarrei nas minhas Vans pretas e numas meias de vidro e coloque no balcão da casa de banho. Voltei ao quarto para ir buscar roupa interior e mandei-me para dentro do chuveiro . A água tépida sabia bem logo de manhã. Lavei o cabelo delicadamente e depois de enxaguar deixei o amaciador atuar. Esfreguei o corpo com um gel de banho com cheiro a baunilha. Era o meu preferido. Era bem cheiroso e durava mais tempo na pele que os outros. Depois de sair do banho vesti-me e estiquei o cabelo. Ele era liso mas nas pontas tinha a mania de criar jeitos desnecessários . Depois de preparada caminhei para a cozinha onde já estava Julie a tomar o pequeno-almoço.

- Bom dia, alegria. -Disse agarrando uma taça para encher de cereais.

- Bom dia. - Disse quase a sussurrar.- Estou com sono ainda.

- Não admira, mas à algumas horas atrás estavas com a pilha cheia.

- Acho que bebi demais ontem à noite. Dói- me tanto a cabeça.

- Não estás habituada a beber, devias ter ido com mais calma. - Fui à gaveta e tirei um comprimido. - Toma isto que ajuda a aliviar a dor. -Peguei num copo de água e entreguei juntamente com o comprimido. Ela engoliu a custo e agradeceu.

-Daqui a pouco estou como nova.

-Assim espero. É o nosso primeiro dia na Universidade, temos de aproveitar. -Não conseguia evitar não sorrir. Estava mesmo radiante.

Poucos minutos depois decidi sair de casa. Julie ainda estava no banho e parecia que ia demorar, por isso decidi ir andando e ela apanhava-me pelo caminho. Tirei as chaves da minha mala e desci pelas escadas até ao hall de entrada. Agarrei na chave mais pequena e fui ver se tinha recebido alguma carta.

-Já de pé Julie? - Virei-me para encarar o dono desta voz.- Oh desculpa parecias-me uma amiga minha.- Amiga? Este deve ser qual? Este tempo todo estava a olha-lo com cara de desconfiava e ele esfregava a cabeça constrangido com o meu silêncio.

- Não faz mal, costumam nos confundir.- Somos ambas morenas e temos mais ou menos a mesma estatura física por isso se nos virem por trás é capaz de confundir. Já de cara não temos nada haver uma com a outra.

-Oh espera, deves ser a companheira de casa dela. Ana? Alara?

-Alana.

- Ela fala muito de ti. Desculpa pelo barulho da outra noite e desta também.

-Pois, vocês exageram um pouco com o barulho.- Não estava a  julgar mas eles abusaram e ele percebeu isso e desculpou-se mais uma vez. Pensava que ia mandar vir comigo, afinal ele é um rapaz normal. Eu é que parecia uma velhinha de oitenta anos a reclamar com o som da televisão do vizinho.

- Mas desculpa principalmente pela outra noite.

- Cão com cio?

-O que disseste? Desculpa não percebi mesmo. - Oh meu Deus eu disse em voz alta?

-Uh, nada! A Julie está lá em cima se quiseres saber. -Sorri forçadamente e acho que consegui escapar. Então este deve ser o Calum. Ontem estava meio a dormir mas consegui perceber a conversa de Julie. Ele sorriu baralhado. Compreendo-a agora. Este rapaz tinha um sorriso encantador . Tinha uns olhos meigos que me fazia sentir confiança. As minhas bochechas começaram a ficar quentes. Tentei afastar ao máximo estes pensamentos estranhos.

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