Christine - Ela É A Fera [COMPLETO]

Capítulo 18

(30 Anos Antes)

— Brietta você está louca! — Falava uma voz abafada. Era uma pessoa vestida com uma túnica e que usava uma pesada máscara de prata, que cobria completamente seu rosto — A criança é amaldiçoada e está se mostrando agressiva, disse-me o informante! — Parecia um tanto impaciente.

— Diogo, por favor! — As palavras saíam entremeio o tremor dos lábios — Ela é minha única filha! É especial e não um monstro! Você sabe... — Dizia a mulher sentada em uma cadeira, com as mãos no rosto, entre lágrimas.

O homem era Diogo Novazk, um Conde Alemão de descendência Russa. Era um homem deformado como Christine, e tinha medo que ela usasse isso para o mal, assim como ele havia usado quando jovem.

Brietta estava sentada, trajando um belíssimo vestido preto. Seu marido tinha desaparecido há pouco tempo e recebia agora a notícia de que sua filha deveria morrer também, pois o Duque Frigor Scherer Kruster VII não queria que a criança vivesse mais, e não havia escolha para ela, que não estava na ordem "Kruster Versprechen". Estava chorando. Olhava para Diogo com ódio e amargura.

— Brietta, não torne as coisas mais difíceis. — Ele tentava ser frio, mas não conseguia perante ela.

— Vocês já o levaram de mim! — Referia-se ao marido — Deixe minha menina... Me leve! — Implorou — Me mate em seu lugar... — A mulher de meia idade se jogou aos pés dele, estava aos prantos. Morreria no lugar de sua menina assim como seu dito pai, Ernesto.

Diogo a levantou e tirou sua máscara. Era horrendo. Sua pele tinha a monstruosidade em todo lugar. Em uma tonalidade verde musgo, cinza, preto e vermelho. Uma mistura nada agradável à vista. Tinha uma certa semelhança com a menina que vivia no porão, uma semelhança grande o suficiente para saber que ele não era alguém de fora da família.

— Brietta, olhe para mim. — Ergueu seu rosto. Ele era muito alto — Veja o monstro que você amou, entenda que ela não merece esse mesmo fim. — Mesmo com a luva, a mulher podia sentir as ondulações nas mãos de Diogo.

— Eu ainda amo. — Sussurrou — Não importa como você é. — O encarava, vendo aqueles olhos cheios de ressentimento — Eu amo você, Diogo. Amo sua voz. Amo seus olhos. Amo tudo em você... — Tocando nele sem medo e acariciando seu rosto e em seguida, o beijando, tentava fazer com que o dito monge mudasse seu ponto.

— Brietta, meu anjo lírico... Eu não quero que ela cresça como eu, sofrendo por não saber quem é, sendo assolada pelo mal que o mundo tem. — Hesitou e fechou os olhos ao sentir que estava fraquejando — Pelo ódio que despertamos nas pessoas... — Abriu novamente os olhos para vislumbrar a mulher que amava de forma jamais desejada — Ela não terá sorte como eu tive! — Ele a segurou pelos braços e encostou a testa com a dela — O mundo é cruel e daqui vinte anos as pessoas serão piores, muito mais do que agora... — Afirmava com certeza — Não adianta prendê-la no porão para sempre, pois, em algum momento, ela vai sair... — Acarinhava-lhe a face, tentando retirar aquelas pesadas lágrimas — E vai notar que o mundo não é o paraíso que você oferece, Brietta. E quando você morrer?! — Afastou-a minimamente de si — E quando ela não tiver mais ninguém?! — Os olhos sôfregos de Diogo delatavam sua posição.

— Ela terá você. Me prometa, Diogo! Me prometa que não a machucará jamais. Não deixará que ninguém a machuque... — Ela olhou em seus olhos. Ele tinha olhos completamente amarelos, com as pupilas brancas assim como um dos olhos de Christine era.

— Brietta... — Ele começou a hesitar mais e mais.

— ME PROMETA... Ela é sua filha também! — Brietta chorava e ficava indignada, o empurrando.