Capítulo 30

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Abrindo os olhos, Christine se assustou e pulou do sofá, olhou ao redor e respirou fundo, aliviada ao perceber que estava em sua casa. Lembrou que estava com Marcos e apagou do nada, quando se beijaram. Beijaram-se? A memória era muito vaga.

Ela olhou pela casa, buscando Marcos e percebeu que ele não estava lá. Como havia ido parar no sofá? Não lembrava de muita coisa. Só lembrava do beijo e do colar que Marcos lhe deu, além do papel que encontrou no sofá, mostrando o mapa de algum lugar e no rodapé da folha algumas dicas do que procurar. Ficou preocupada e sentiu medo por algum motivo inconsciente.

— Mas o que eu vou fazer?!

Parada sem saber o que fazer, viu Lion descendo as escadas e vir em sua direção. Ele estava com a cara amassada de tanto que havia dormido. Aliás, quantas horas tinha dormido?! Olhou no relógio. Já eram onze horas da noite. Como?! Para ela, fora uma soneca de, no máximo, vinte minutos.

— O que foi, Christine? — Lion deu um beijo em sua testa e sentou, ainda sentia dor no corpo, porém já estava melhor após aquele merecido descanso.

— Só estava pensando, Lion. Eu estou querendo ir na velha mansão... — Comentou enquanto ia para a cozinha — Viria comigo?

— Agora?! Velhas mansões me dão medo! — Ele olhou para os lados.

— É a casa onde eu cresci, não há nada de ruim lá. — Riu Christine. Aquela velha casa só poderia fazer mal à quem tivesse alergia.

— Então vamos... — Concordou — Só me deixe lavar o rosto e desinchar.

Ele sorriu, indo lavar o rosto na cozinha. Viu Porcelana, que estava parada no balcão o encarando, enquanto seus filhotes dormiam. Aquela gata era um pouco estranha. Não parecia ser normal. Mas ele também se perguntava o que poderia ser normal ali...

"Meeeow", soou. Foi um miado agressivo e ele nem se atreveu a tentar fazer carinho, saiu imediatamente da cozinha com medo de que a gata o atacasse por estar perto demais de seus filhotes.

— Sua gata não gosta de mim. — Comentou.

— Ela é um amor... — Disse — Só é protetora com os filhotes recém nascidos. Nada demais. — Christine o seguia para fora da casa, trancando a porta principal antes de seguir para o veículo.

— Talvez tenha razão. Vamos lá.

Ela sorriu e juntos foram para o carro. Ela estava com uma bolsa de couro escuro. Guardou ali o colar e a carta-mapa que Marcos havia deixado. Dirigindo para a mansão, Lion a olhava um tanto preocupado. Ela não falava nada e sequer piscava direito.

Trinta e cinco minutos se passaram e ele estacionou na frente do portão, saiu do carro e esperou Christine para irem juntos para a mansão. Ela tirou da bolsa o papel que Marcos deixou e olhou atentamente. Forçou a mente para lembrar e lembrou "Na cômoda de sua mãe". Olhou o mapa. Não era exatamente da mansão. A única coisa detalhada era um móvel de algum quarto. Acontece que ela não conhecia a parte dos quartos da mansão.

— Preciso da sua ajuda — aproximou-se dele enquanto abria o papel —, tá vendo esse móvel? Preciso que me ajude a encontrar... — Olhou para ele — É importante.

— Ok... — Concordou — Deixe-me ver... — Lionnel pegou o papel e tentou visualizar aquele desenho — Parece que está num quarto. Onde estão os quartos?

— Ala oeste da mansão no segundo e terceiro andar. — Explicou. Sabiaa onde ficavam, mas não sabia exatamente a disposição deles.

Ele concordou e seguiu para o terceiro andar, utilizando a lanterna do celular e em seguida indo de quarto em quarto. Chsitine faz o mesmo, porém no segundo andar. Ela acabou encontrando o quarto de seus pais e ficou triste por saber que nunca conheceu seu pai, não que se lembrasse.

Olhou um quadro deles. Haviam muitas fotos pelo quarto. Lembranças que sua mãe teimava em guardar. Tudo da mesma forma que fora deixado quando Brietta morreu. Empoeirado. Olhou os móveis e viu que uma gaveta estava aberta. Estranhou. Os objetos pareciam remexidos, um estranho fato já que sua mãe era extremamente organizada. Olhou no mapa e olhou a cômoda. Era parecida com o desenho.

Notou a seta apontando para a gaveta, mais precisamente para baixo da gaveta. Procurou por ali, passou a mão por baixo e sentiu um buraco. Agachou e mirou a lanterna na parte de baixo da gaveta. Olhou o papel. Percebeu que não havia explicação. Olhou no verso e estava o desenho do colar que tinha trazido. Pegou este de sua bolsa e ficou mirando o buraco e o colar. Estava buscando algo lógico em sua mente.

Veio á ideia de encaixar os dois.

Assim que terminou de colocar o pingente no buraquinho da gaveta, algo se soltou em cima. Ela foi olhar e notou que era um fundo falso. Se ela tivesse forçado ou algo assim, iria destruir o que tinha lá dentro com tinta. Pegou o objeto. Era um diário. Mas não qualquer diário... O diário de sua mãe. Haviam vários papéis sobressaindo das páginas. Ela sentiu um alívio ao ver que a letra era de sua mãe. Sentiu um aperto no coração e uma lágrimas escorreu por seu rosto. Sentia falta dela.

— Oh mãe... Sinto sua falta! — Ela abraçou o diário e o colocou em sua bolsa. Pegou o colar de volta e o guardou também. Fechou a gaveta e sentiu que alguém estava no quarto — Lion... Era algo para mim. Obrigada por me ajudar, significa muito.

— É... — Após aquele balbucio, ficou em silêncio a pessoa.

Christine escutou os passos no andar de cima e sentiu um calafrio na espinha. Não era Lion ali com ela. O homem que a acompanhou estava ainda no terceiro andar e não tinha como se teletransportar para o segundo andar em um passe de mágica, não sem gritar por ela para saber onde estava.

— Lion? Por favor me diz que isso é o vento ou o eco... — A mascarada segurou fortemente o diário de sua mãe e suspirou.

Ela olhou para trás e seguiu com os olhos por um homem de cerca de dois metros. Ele usava uma batina com capuz e uma máscara que lhe cobria o rosto completamente.

— Não queria que nosso primeiro encontro depois de trinta anos fosse assim... — Dizia a voz abafada, assustando Christine.

— Quem é você?! — A mulher deu um passo atrás, buscando algo pra se defender, mas só havia o diário de sua mãe.

— Sou alguém que precisa desse diário mais do que você.

Christine jogou um porta retrato no tal homem, ele esquivou com precisão e ela pode ver que Lion estava na porta. Ela deu mais um passo atrás e encostou-se na cômoda. Diogo caiu no chão, havia sido atingido por Lion, que puxou Christine e juntos saíram correndo dali.

— QUEM ERA AQUELE SER?! — Gritou enquanto corria com ela para fora da mansão.

— ELE SURGIU DO NADA! — Respondeu entremeio lufadas de ar — SÓ CORRE LION...

Entraram no carro e saíram dali o mais rápido que conseguiram. No quarto, Diogo levantou após um minuto de tonteira. Olhou pela janela e viu sua filha indo embora, com medo.

— Filha, desculpe-me...

Christine - Ela É A Fera [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora