Capítulo 25

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(Trinta e quatro anos e meio antes - Ernesto)

Ernesto e Brietta eram felizes. Até cogitaram a hipótese de ter um filho juntos, porém ela declinou por conta de Diogo, que mesmo sem estar ali, ainda era dono de seu coração. Chegaram a fazer amor algumas vezes, quando os dois queriam de fato. Nada foi forçado no começo. Se tornaram amigos e Ernesto mostrou que seu carinho pelas duas mulheres que viviam em sua casa era maior do que o ciúme por não ser sua filha.

Ele cuidava dela no início. A amava. Todavia tinha um pouco de medo da criança e não deixava que ninguém fosse ao porão. Poucas vezes deixava a própria esposa, pois às vezes a criança estava muito violenta e quebrava as coisas, era bem possível machucar um ser humano, como se ela não fosse humana. Ele já tinha visto como Diogo era com raiva. Se a menina era filha dele, e com certeza era, claramente teria muitos traços de sua personalidade.

Apesar de parecer duro com os empregados e tantas outras pessoas que conhecia, ele era amoroso com Brietta quando estava sóbrio e quando a noite caía ele ia para o porão, ficava lá com a menina durante grande parte da noite, mas ninguém nunca soube de fato o que ele fazia, se era bom ou cruel.

Porém depois que ela fez quatro anos, ele se distanciou e realmente ficou bruto com todos ao seu redor. Ele estava recebendo notícias de Diogo e não eram nada boas, ao menos para Ernesto não era.

Eles ficaram um ano se comunicando, apenas Ernesto sabia que Diogo estava na Itália novamente e também sabia que ele queria matar a menina, sabia que era por conta da Ordem. Ernesto não deveria se importar, pois não era sua filha, mas entrou em conflito com Diogo por conta disso. Ele amava Brietta e era hora de mostrar seus dentes e proteger a família que julgava ser sua.

Mal ele sabia que essa seria a história de seu fim.

Quando a noite caiu, ele saiu de casa e foi atrás de Diogo. Queria ter uma séria conversa e pagaria o quanto fosse necessário para ele sumir para sempre, era rico afinal, mas algo estava muito errado em seu comportamento, parecia bêbado.

Chegando na casa onde Diogo cresceu, lá estava ele. Tão diferente. Parecia ainda mais frio e apático. Estava com um ar de crueldade e psicose assassina. Ele realmente mudou, deveriam ter feito uma espécie de lavagem cerebral no pobre homem.

— Eu pago o quanto for necessário. Vá embora e não volte nunca mais... — Disse — Não a machuque.

— Ernesto, seu... — Pausando e buscando aproximar-se, Diogo fechava os punhos — Desgraçado. Eu vim aqui só para destruir a minha linhagem. Não seja burro! — As palavras pareciam falsas, quase como se Diogo estivesse encenando — Aceite isso e crie a sua própria família! Não crie a filha que nem é sua.

— Pai é aquele que cria, Diogo. Você não é isso... — Ernesto sorriu, movendo os lábios lentamente — Vá embora.

— Ela me escolheu — Diogo queria passar e a passagem estava sendo bloqueada por Ernesto —, SAIA DA FRENTE!

Ernesto atirou em Diogo. Ele não sairia da frente. Diogo se enfureceu e jogou Ernesto para fora através da janela, que estilhaçou. Diogo não sabia se controlar naquela época. Era violento quando se irritava. Ernesto não sairia dali vivo... Infelizmente foi isso que aconteceu.

Diogo espancou Ernesto, seu melhor amigo, até a quase morte.

Quebrou diversos ossos de Ernesto com os punhos. Uma cena horrível, simplesmente fatídica demais para ser descrita.

Lógico, ele se arrependeu quando voltou há consciência três minutos depois de já tê-lo desacordado sem dó ou piedade. Era tarde demais.

Deixou o corpo para trás e fora se esconder em seu forte na árvore, onde ninguém o procuraria. O forte estava coberto de raízes e galhos o invadiram, estava abandonado há muito tempo, seria o esconderijo perfeito.

— Eu sou um monstro...

Christine - Ela É A Fera [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora