Quando Christine saiu, escutou um barulho nos altos arbustos de seu vizinho. A divisória das casas era feita por paredões de plantas, bem bonito, dava um ar de aconchego àquela rua. Se aproximando, notou que realmente tinha alguém ali. Ouviu uma voz conhecida. Marcos!
— Como você sabe onde eu moro?! — Confusa, ela o ajudou a sair do meio dos espinhos. Tirou um galhinho que ficou preso em seus cabelos e o encarou, surpresa.
— É uma longa história... — Comentou enquanto batia as mãos pelas roupas, querendo retirar o resquício das plantas.
— Eu estava indo até a mansão agora. Preciso saber como está o estado dos móveis e queria saber como você estava... — Ergueu a sobrancelha que podia ser vista — Mas vejo que está se metendo em brigas por aí. — Ela colocou a mão na cintura enquanto o analisava.
— Desculpe! — O loiro se aproximou dela e a abraçou tão forte que quase Christine perdeu o ar.
— Hey! Calma... Eu preciso de oxigênio. — A mascarada acariciou o rosto de Marcos e sorriu. Nem fazia ideia do que estava acontecendo.
Ele olhou ao redor e a puxou para junto de si. Marcos estava preocupado com algo e visivelmente estressado. Ele a colocou contra a parede de arbustos e tocou seu rosto. Desceu a mão por seus braços e segurou sua cintura.
— Eu... Me perdoe, Christine... — Um hiato curto — Por tudo que eu fiz ou tudo que não pude fazer.
— Do que está falando? — Christine o afastou levemente — Marcos... Você está bem? Parece preocupado. — Ela começou a ficar ansiosa.
— Lembre-se que não importa o que aconteça... — Marcos segurou o rosto de Christine e a encarou fulminantemente — Não importa o que você escute ou o que você encontre... — O Geist iria beijá-la para se despedir, mas não conseguiu fazê-lo tão cedo — Eu amo você e jamais faria qualquer coisa para te prejudicar, entendeu?! — Olhou ao redor dos dois e voltou a encará-la.
— Marcos você está me assustando! O que está acontecendo? — Ela segurou as mãos dele e se afastou, porém o homem dos olhos brilhantes a trouxe de volta para si e a colocou contra a parede de arbustos mais uma vez. A segurou com força pelos ombros e olhava para ela com certo temor.
— Eu te amo desde o dia que te vi pela primeira vez, Christine. Pude sentir o calor da sua alma só com uma única troca de palavras... — Declarou em alto e bom tom — Queria poder ter isso para sempre, mas a vida é cruel demais, Christine. — Ele apertou os braços dela e olhava á todo momento para os lados e para trás — A vida sempre é cruel. As pessoas não são confiáveis. — Parou, dando um longo suspiro. Piscou lentamente e quando abriu os olhos mais uma vez, encontrou uma musicista confusa — Mas... Mas eu amo você de verdade! — Os olhos arregalados traziam uma noção de medo e pavor — E não vou deixar que façam com você o que fizeram com os outros, entendeu?!
— Está me assustando, Marcos! — Quis se afastar, mas não conseguiu, pois ele era mais forte que ela — Que outros? Que coisas? Do que está falando?!
— Só quero que pegue isto... — Marcos colocou na mão dela um colar com um estranho pingente e fechou a sua mão junto com a da musicista. Segurou seu rosto e seguidamente fulmina seus olhos — Esconda isso... Guarde com todo o seu amor. Use ela quando encontrar a cômoda de sua mãe. — Sorriu, tentando amenizar as coisas — Você reconhece?
— Era da minha mãe... — Olhando o colar em seu domínio, começou a ficar assustada com aquela atitude de Marcos — O que está fazendo com isso? Quero explicações, Marcos!!! — O afastou, agora com mais força.
— Não temos tempo para isso, Christine. Fuja... — alertou-lhe — vá embora daqui! Se esconda onde ninguém possa te achar. — Naquele exato momento Marcos sentiu que talvez estivesse soltando uma bomba nas mãos de quem não saberia desarmá-la, só que agora já era muito tarde para voltar atrás — Não fale com ninguém. Não confie em ninguém... Por favor... Faça isso por mim.
— Marcos... — Pausou sua fala, vendo como ele estava suando frio, também estava pálido, bem mais do que o normal — O que está havendo?!
Ele a abraçou como se aquele fosse um adeus doloroso e definitivo. A segurou com tanta força que parecia que seus corpos iriam se fundir, assim poderiam ficar juntos para todo o sempre. A beijou fervorosamente, unicamente, um beijo que ela jamais iria ter igual ou sentiria o mesmo que sentiu naquele exato minuto.
Quando Marcos a beijou, Christine ficou em sombras, quase que literalmente. Desmaiou nos braços de Marcos, que em seguida lhe levou para dentro de sua casa em seus braços musculosos. A deitou no sofá e pôs o colar em seu pescoço. Deixou um bilhete, um mapa da mansão mostrando onde ela deveria ir. Instruções.
Marcos a olhou por um instante e tocou a máscara, removendo-a e olhando como era linda aquela mulher, que tanto se escondia e que tanto temia a voz dos outros que estavam ao seu redor, aquela pessoa incrível que era incapaz de fazer mal à qualquer ser vivo, mas que era subjugada por todos somente por ser diferente.
— Você, Christine Novazk... Saiba que você nunca foi o monstro! — Marcos levantou e se virou, mas antes de sair da casa, olhou para trás uma última vez, temendo se tornar uma estátua de sal — Eu é que sou...
A gata estava lhe olhando. Ela parecia conhecer Marcos, se eriçou dos pés a cabeça e mostrou os dentes para ele como se aquele homem fosse o mal encarnado e estivesse prestes a cometer uma atrocidade, mas em verdade só estava sentindo o cheiro de Diogo..
— Não vou machucar ela, pequena.
Ele abaixou o torço e pegou a felina no colo, ela o arranhou, porém logo começou a ronronar. Marcos a colocou no chão e a bichana foi para perto de Christine. Marcos franziu o cenho e ficou pensativo, entristecido. Uma vontade de ficar e cuidar de tudo lhe tomou, todavia não podia mais ficar ali.
Partiu.
— Eu não sei se ele vai te amar, Christine... — Marcos se referia à Lionnel — Mas sei que não conseguiria machucar você, mesmo que a tema. — Ele pegou o celular, distanciando-se da propriedade da mascarada e já buscando entrar dentro de seu carro, digitou um número conhecido, porém que havia entrado em contato pouquíssimas vezes — Garington... Preciso falar com você.
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Christine - Ela É A Fera [COMPLETO]
Chick-Lit"A mais bela não é aquela que tem beleza, Christine. A mais bela é a que possui essência, aquela que têm uma alma que vibra, que espalha a luz da simplicidade e da humildade por onde quer que vá. Você, meu amor, é a pessoa mais bela que já pude conh...