Capítulo 34

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(Cerca de nove meses e uma semana antes)

Marcos foi recebido no aeroporto internacional de Singapura por Merina, que o aguardava sentada. Ela havia pego um táxi de sua casa para o aeroporto sem que o marido soubesse. Claramente cansada do aguarde, era notável que seus pés estavam inchados e a barriga no último estágio de uma gestação.

— Merina, eu não vim aqui para falar sobre pessoalidades... — Apressou-se em dizer, antes que ela dissesse qualquer coisa que o fizesse largar a ordem de seus pensamentos — Você sabe...

— Eu quero saber como está minha sobrinha, Marcos. — Cortou-o — Diogo não atende o celular, não retorna minhas cartas e nem meus e-mails. — Suspirou, levantando-se da cadeira com certa dificuldade — Estou preocupada, não quero que ele faça algo de que se arrependa depois... — Merina segurava a barriga como se fosse cair. Estava grande demais para ser só um, mas podia ela jurar que era uma única criança.

Ele e ela saíram juntos, indo para o hotel onde Marcos ficaria durante um curto período em que ficaria em Singapura. Merina havia pago todas as despesas do hotel por meio de uma conta que seu marido não tinha conhecimento, também proporcionando a ele um carro, um celular pré-pago e outro comum, um notebook e um tablet, assim poderia trabalhar mesmo de longe.

Naquela noite, Jargas não estava em casa, ele havia viajado para a Escócia mais uma vez, requisitado para trabalhar em algo que não podia contar a esposa, como sempre. Marcos aproveitou a oportunidade para ir para a casa de Merina passar a noite, queria conversar com ela.

— Descobriu mais alguma coisa? — Marcos estava sentado na frente de Merina, que estava comendo alguns biscoitos recheados naquele momento, acompanhando um café.

— Bom, pode-se dizer que sim... — hesitou, todavia prosseguiu — Geneticamente, possuímos células que não deveriam existir em nosso organismo, essas células devoram as saudáveis, que podemos chamar de "H" — moveu os dedos em aspas — e, ao devorar essas células "H", as que iremos chamar de "Anti-H" se multiplicam. — Olhava a cara confusa de Marcos — Digamos que seja uma cadeia alimentar e as células mais fortes devoram as demais. Esse processo muda muitos aspectos de nosso DNA, nossa aparência e até mesmo o nosso comportamento. — Ela comeu outro biscoito e bebeu um pouco de café, agora largando tudo o que estava fazendo para respirar profundamente, provavelmente estava com dor.

— Você está bem, Merina?

— Claro, claro. — Sorriu — Bom... Podemos nascer com ela instalada em nosso corpo inteiro pelo lado de fora, ou termos só uma pequena parte que aos poucos vai crescendo, de forma geométrica, o que foi o caso de meu irmão.

— Ela se inicia de dentro para fora? — Foi a vez de Marcos levantar e buscar um pouco de café para si mesmo. Estava cansado.

— Existem vários casos diferentes e que crescem de maneiras diferentes, podemos falar que são espécies diferentes dentro do mesmo filo. — Movia suas mãos na tentativa de explicar melhor o que estava acontecendo.

— Como assim? — Coçou a cabeça, tentando entender, porém era difícil compreender Merina quando ela falava coisas como aquela.

— Vamos simplificar... — Merina buscou um papel para que pudesse desenhar o que queria que Marcos entendesse — Marca de pele, mais estresse ou picos de adrenalina, é igual a marca de pele crescendo e invadindo os órgãos. — Olhou para Marcos e mostrou-lhe o desenho — Por outro lado, sem marca de pele, mais auxílio de raiva, picos de adrenalina e estresse, é igual a invasão dos órgãos e diminuta marca de pele que cresce muito lentamente. — Virou o papel.

— Certo, certo, mas existem outros casos que não seja na família de vocês? — Bebeu café e pegou o papel, olhando o que ela havia feito — Já houveram outros?

Christine - Ela É A Fera [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora