Aidan
Durante todo o percurso do Instituto até o hospital, tentava pensar no que diria a Li Ka Hua quando a visse. Havia um mix de sensações tão confusas dentro de mim que àquela altura não tinha mais certeza se a amava ou odiava, mas o fato de saber que ela estava bem dentro das circunstâncias me causava um alívio inexprimível. Nunca conseguiria me perdoar se algo acontecesse com ela e sabia disso, a despeito do envolvimento dela — ainda que indiretamente — com a morte do senhor Sojiru e Tatiana, o quase suicídio de Janet e o de Alissa, não havia uma forma de negar nem para mim mesmo que ainda era apaixonado por ela.
Os prédios avolumavam-se conforme íamos avançando o centro da cidade, sempre que saía, conseguia perceber quão longe o Instituto ficava de tudo, Li Ka Hua dissera uma vez que era como se ele fosse construído em uma dimensão paralela e era verdade. Eu via aquele mundo cheio de pessoas caminhando pelas calçadas, atravessando a pista, levando ou trazendo os filhos da escola, olhando os relógios de pulso na pressa para o trabalho, e ficava pensando quão frágil era a vida, em um minuto que fosse, com apenas um olhar, qualquer uma delas — ou mesmo todas — podia deixar de existir. Era um sopro. O piscar de uma lâmpada prestes a queimar.
Paguei ao motorista quando ele me deixou diante do hospital e saí do veículo. Diante de mim uma construção retangular erguia-se alta e em camadas laterais como se o prédio fosse construído em três camadas desiguais das quais uma projetava-se muito para frente enquanto a outra começava na metade desta. A parte da frente era toda feita de janelões de vidro que refletiam a luz forte do sol do meio da manhã, árvores ladeavam toda a extensão da calçada que circundava o prédio, portas duplas abriam e fechavam desenfreadamente enquanto ambulâncias cuspiam macas com pacientes. Era o maior hospital da cidade, entrei sem jeito tentando não olhar os feridos recém-chegados, aparentemente havia ocorrido um acidente de carro nas proximidades, médicos e enfermeiros berravam ordens enquanto as macas eram deslizadas por corredores e sumiam atrás de portas.
Havia um amplo hall na entrada, algumas cadeiras de plástico para pessoas em espera e, de um dos lados, uma saleta. Nos fundos ficava o balcão de informações onde cinco enfermeiras trabalhavam concentradas cadastrando pacientes, anunciando médicos através de um microfone, preenchendo prontuários e dando baixa em seguros de saúde.
— Bom dia. — Cumprimentei uma delas, a da ponta esquerda, única delas que aparentava estar de bom humor. Era negra, os cabelos presos em um coque e usava óculos, tinha uma pele limpa e aveludada, os olhos eram verdes quase fiquei hipnotizado por ela.
— Bom dia! — Ela abriu um sorriso que exibia dentes brancos perfeitamente alinhados sob os lábios cheios. — Em que posso ajuda-lo?
— Estou procurando uma paciente... o nome é Li Ka Hua. — Balbuciei.
— Ah, sim. É parente da jovem? — Quis saber.
— Não, nós estudamos juntos... é um assunto da escola.
— No momento as visitas dessa paciente estão restritas. — Informou ela analisando a tela do computador à sua frente. — O pai dela proibiu que qualquer pessoa não autorizada se aproxime do quarto, eu sinto muito.
— Entendo... — Suspirei, não era como se não esperasse que Li Tong Dao tomasse providências. — Ainda assim, obrigado.
— Espere! — Pediu ela quando virei as costas. — A mãe dela está aqui, vou perguntar se ela permite sua visita, só não poderá demorar muito, a paciente não pode se esforçar.
— Eu agradeço muito! — Sorri.
— Quem devo anunciar?
— Ah, Berkshire. — Disse baixinho. — Aidan Berkshire.
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Olhos Vazios ✔ [DISPONÍVEL ATÉ 30/11]
Мистика🏆ROMANCE VENCEDOR DO PRÊMIO WATTYS 2020 NA CATEGORIA FANTASIA!🏆 ATENÇÃO: GATILHO DE SUICÍDIO! Li Ka Hua esconde um segredo mortal. Filha do herdeiro de uma das mulheres mais poderosas da China, tudo que ela queria era sobreviver aos dois anos fina...