36. Amor Como Cerejeira

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Gente... desculpem mesmo a demora pra postar esse capítulo, é que apareceu tanto trabalho pra eu fazer e rolou umas coisas muito tristes essas semanas, acabei sem energia nenhuma para trabalhar. Olha, ele ficou ENORME, mas senti que não podia enxugar muito (e eu enxugei tudo que deu) *E tem trilha sonora, escutem porque é linda* e sim, tem uns buracos enormes com o capítulo do Aidan, mas isso é de propósito mesmo. Vou explicar esse detalhe no epílogo. Ah, e vou escrever um capítulo extra também depois do epílogo. Boa leitura! ^-^

Li Ka Hua

Cinza. Era como se o céu estivesse tentando refletir meus sentimentos naquela manhã nublada de outono. O tempo passara tão depressa e a sensação que tinha era que minha vida não era mais minha, que nada mais me pertencia. A única coisa sobre a qual ainda podia ousar chamar minha era o amor do meu pai, pois nem mesmo nos sentimentos de Aidan eu podia confiar.

Marie dormia na poltrona perto da janela, sentia pena dela por ter que ficar naquela posição desconfortável só porque a qualquer momento eu podia acordar surtando e ela tinha que me sedar. Suspirei e saí da cama um pouco a contragosto aproximando-me dela cautelosamente e tocando-lhe gentilmente o ombro para não assustá-la. Ela despertou quase imediatamente olhando diretamente na direção da cama e, só após ver que não estava lá, olhou para mim.

- Ah, senhorita... - Sua voz sonolenta soou baixa - precisa de alguma coisa?

- Sim, preciso que vá dormir no seu quarto antes que seus músculos paralisem. - Sorri, mesmo sem olhá-la nos olhos.

- Mas...

- Já estou acordada, não estou? - Cortei seu protesto. - É muito cedo para sua troca com Sam, não precisa mais me vigiar, vá dormir na cama.

- Obrigada, senhorita...

- E já disse pra me chamar de Ka Hua. - Suspirei.

Ela deu uma risada baixa e saiu do quarto. Caminhei até a janela e sentei-me no banco acolchoado embutido nela, esticando as pernas e colocando uma almofada sobre as pernas, não demorou muito para que grossas gotas de chuva se chocassem contra o vidro, escorrendo como lágrimas e morrendo mais abaixo no parapeito. A cidade toda parecia pequena e solitária vista dali, o céu sombrio prenunciava o fim, podia sentir em cada nervo do meu corpo. Enquanto oscilava o olhar para os prédios e casas ao longe e para as gotas de chuva na janela, lembrei-me das passagens de uma música que havia ouvido há pouco tempo:

*O vento selvagem está soprando ao luar.

Eu sou banida durante uma vida.

Existe uma chama escondida dentro do meu coração.

(...) Caindo dentro de um precipício, as memórias são seladas.

(...) Eu gostaria de queimar as chamas do meu coração para derreter a indiferença desse mundo.

Apenas a lua sabe o que eu penso, apesar dessa noite estar sempre escura.

Eu vou encher o céu com o fogo do meu coração e me sentir quente novamente.

Uma lágrima quente escorreu pelo meu rosto, fechei os olhos e inclinei a cabeça um pouco para trás escorando-a na parede. Borboletas brancas dançavam no ar, suas asas cintilantes eram pontos luminosos no meio da escuridão que me cercava a mente, voavam para longe até se tornarem minúsculos pontos brilhantes no horizonte. Uma escolha. Eu precisava escolher entre eles, era tão fácil e tão complexo, mas a questão que me preocupava mais não era o fato de escolher um deles e sim se eu teria coragem realmente de fazê-lo.

Olhos Vazios ✔ [DISPONÍVEL ATÉ 30/11]Onde histórias criam vida. Descubra agora