37. A vida segue...

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Sim, eu disse que era o epílogo, mas mudei de ideia no último minuto. Vai ter mais outro capítulo fora esse e não sei se vou escrever um epílogo. Pode ser que acabe no próximo capítulo (que já adianto vai ficar enorme) e pode ser que tenha um epílogo depois. Não tenho certeza. De todo modo, vou tentar fechar no capítulo seguinte. Obrigada pela paciência e pelos comentários de apoio! Vocês me deram força para finalizar esse capítulo! E ele é pra vocês com todo meu carinho Napaula_BeckyLincoln_018 e JaneNariel


Aidan

"Você desistiu da luta

Você me deixou para trás

Tudo o que foi feito está perdoado

Você sempre será meu

Eu sei lá no fundo

Tudo o que foi feito está perdoado"

— Forgiven, Within Temptation


Entenda que, desde o começo, essa história nunca foi sobre mim. Desculpe-me se, em algum momento da minha narrativa eu o fiz acreditar que seria. Desde o início, não era eu o sacrifício de Li Ka Hua, mas sim o seu pai, era ele que ela amava mais que a si mesma e, mesmo que de algum modo ela tenha pensado em mim quando pulou daquela ponte, foi por Li Tong Dao que ela entregou a própria vida. Não lembro o que houve na ponte aquele dia, são flashes muito rápidos e fora de ordem do momento em que armas foram apontadas para Li Tong Dao, o rosto aterrorizado de Li Ka Hua é a última coisa da qual tenho certeza me lembrar antes de apagar completamente. Eu deduzi o que aconteceu a partir dos relatos de Tony que, por sua vez, partiu dos relatos de Josh.

Acordei no hospital, dois dias depois, e recebi a notícia de que Li Ka Hua pulara da ponte do Niágara levando consigo o tio para o mergulho da morte. O corpo dele foi encontrado boiando sem vida a alguns metros da costa, o dela desapareceu completamente no fundo do rio. Foi exatamente o que me contaram Josh e Tony quando recebi permissão para visitas. Meus pais vieram da Alemanha — onde estavam em conferências — assim que receberam a notícia do meu "acidente", Li Tong Dao foi manchete de todos os jornais do país, foi como soube que ele havia retornado para Pequim algumas semanas após a morte da filha.

Levou algum tempo para que eu conseguisse aceitar a morte de Li Ka Hua e, como é característico da perda, não poderia deixar de me sentir culpado por ter tornado seus últimos dias na terra envoltos em um amargor pungente. As palavras que lhe disse e que nunca cheguei a pedir perdão adequadamente, o abraço que gostaria de ter lhe dado, o beijo que não trocaríamos novamente, tudo parecia muito distante naquele momento. Foi assim que me peguei chorando, não chorando a morte, mas lamentando o que não fui capaz de fazer na vida. A culpa é um dos piores castigos.


— Você vai ficar bem? — Tony perguntou quando me abraçou na despedida.

— Não é como se eu tivesse muita escolha. — Ofereci-lhe um meio sorriso. — A verdade é que não creio que haja um modo de ficar bem depois de tudo isso...

— Tem razão... o modo como as coisas terminaram, não foi justo. — A sinceridade em sua voz me comoveu, Tony não era próximo de Li Ka Hua, não a conhecia. — Desejo sorte a você, Aidan.

Olhos Vazios ✔ [DISPONÍVEL ATÉ 30/11]Onde histórias criam vida. Descubra agora