Estávamos todos sentados no pequeno sofá do quarto, contando a Rebecca o que tinha acontecido.
— Austin não fuma, isso não faz sentido nenhum! — disse Rebecca, visivelmente perplexa.
— Tem alguma ideia do que fazer? — perguntei, ansiosa por sua orientação.
— Primeiro descubram de onde ele tirou esse cigarro e com quem ele está se envolvendo naquela escola. Se ele continuar com esse comportamento estranho, falem com os pais dele, não vou deixar ele se afundar assim — respondeu Rebecca com seriedade.
— Bom, era só isso mesmo. Temos que voltar para a escola — disse eu.
— Me levem junto — pediu Rebecca.
— Até que a gente gostaria — concordei.
— Avisem a Vivian que eu estou voltando — instruiu Rebecca.
— Pode deixar — ri. — Até logo!
Saímos do quarto e retornamos para a escola. Para nossa surpresa, encontramos Austin sentado num banco com outros meninos, todos segurando garrafas de bebidas alcoólicas.
— Como a Vivian não vê isso? — perguntei, perplexa.
— Ela não sai da sala nessa hora, daí eles aproveitam, e o inspetor não está nem aí — explicou Agnes.
— Eu não vou aceitar uma coisa dessas — declarei firmemente.
— Ariel, não tenta dar uma de Rebecca — alertou Agnes.
— Já sabemos com quem ele tá conseguindo essas coisas — disse Edward. — O que vamos fazer agora?
— Chamar os pais? — sugeriu Matthew.
— Não, não agora. Acho que a gente pode resolver isso — opinei.
— Ele desmaiou do nada e ficou assim. Tem alguma coisa errada aí — disse Edward, pensativo.
— Tipo o que? — perguntei, intrigada.
— Não sei — respondeu Edward.
— Olha, ele sabe que aquilo é errado e mesmo assim está fazendo. Não vamos nos meter — opinou Matthew.
— Ele talvez esteja tentando esquecer o que aconteceu com o Luck, eram melhores amigos — sugeriu Agnes.
— Não, nada justifica isso — disse eu com firmeza. — Vamos voltar para a sala.
Uma música estranha começou a tocar, ficando cada vez mais alta. Achei que só eu estava ouvindo, mas todos na sala pareciam perceber. Um dos meninos ao meu lado caiu no chão, seu rosto pálido e lábios roxos.
Reconhecemos o símbolo em seu braço e sabíamos que ele estava morto. O choque tomou conta de nós, e a suspeita de quem poderia ter feito aquilo nos assustou ainda mais.
— Quem é esse menino? — perguntou Agnes, visivelmente abalada.
— Um dos garotos que estava com o Austin hoje mais cedo — respondeu Matthew, boquiaberto.
Ninguém se movia. Todos os alunos estavam atônitos, enquanto o corpo permanecia inerte no chão. Austin entrou na sala, e a música parecia se intensificar conforme ele se aproximava.
Ele parou em frente ao corpo e riu, antes de sentar-se calmamente numa cadeira próxima.
— Esse não é o Austin — disse Agnes, com um nó na garganta.
— Como não?! — perguntei, confusa.
— O Austin de verdade nunca faria isso — afirmou Agnes, incrédula.
— Ah, então alguém se apossou do corpo dele. Nossa, que conclusão maravilhosa! — ironizei.
— Gente, vamos pedir para os outros alunos saírem daqui — sugeriu Matthew.
Pedimos para os alunos deixarem a sala, e ficamos pelos corredores, atordoados com o que acabara de acontecer.
— Isso foi muito estranho — comentei, ainda abalada.
— Vamos pensar como a Rebecca. Ela diria que o Austin está possuído e, considerando nossa conversa com ela hoje mais cedo, quem está no corpo dele está o levando para uma direção perigosa — ponderou Matthew.
— Uau, até que faz sentido! — concordou Agnes.
— E agora, o que faremos? — perguntei, preocupada.
— Precisamos da Rebecca — afirmou Matthew.
— Com ela no hospital, é impossível — lembrei.
— Olha, vamos descobrir quem era aquele garoto e depois veremos até quando o Austin vai se afundar nessa situação — propôs Agnes.
— Vão vocês, eu vou ficar no quarto — decidi.
Saí dali e caminhei até o dormitório. Tomei um banho e me deitei na cama, tentando processar tudo o que havia acontecido.
{Rebecca}
Miles entrou no quarto com alguns papéis na mão.
— O que é isso? — perguntei, curiosa.
— Sua alta — respondeu ele.
— Mas não deveriam ser meus pais a assinar isso? — questionei.
— Sim, mas eu trouxe para você ler antes — explicou Miles.
— Não quero ler — declarei, frustrada.
— Bom, tudo bem. Tem uma visita para você — anunciou Miles.
— Quem está aqui? — perguntei.
— Um amigo seu. Vou chamá-lo — disse Miles, saindo.
Para minha surpresa, Austin entrou logo em seguida, deixando-me um tanto confusa.
— Olá, Austin — cumprimentei. — Cadê todo mundo?
— Só eu vim te ver — respondeu Austin, de maneira estranha.
— Estranho, mas tudo bem. Soube de umas coisas erradas que você anda fazendo — comentei, observando-o atentamente.
— É, acontece — respondeu ele sem emoção.
— Por que está fazendo isso? Está se destruindo — perguntei, preocupada.
— Eu era muito lento, parado, estudava demais. Cansei dessa vida — justificou-se, de maneira desinteressada.
— Até quando acha que vai ficar no corpo do Austin, Finn? — questionei, arqueando uma sobrancelha. — Não pode me enganar.
— Achei que você fosse tão ingênua quanto sua irmã, mas me enganei — disse ele, rindo.
— Acontece — respondi, desafiadora. — Achei que você fosse inteligente. Fala sério! Fazendo o garoto desmaiar do nada, fazendo ele se embebedar achando que ninguém iria suspeitar?
— Tá bom, admito que errei nisso. O importante agora é que vocês não vão conseguir me tirar daqui e vou acabar com a vida do seu amiguinho — ameaçou.
— Nossa, que medo! — debochei, tentando não demonstrar minha preocupação. — Você é tão previsível. Espere só eu sair daqui, vou descobrir a verdade sobre você e sobre essa bagunça que você fez.
— Boa sorte! — disse ele, sarcástico. — Vou voltar para a escola. Esse negócio de bebida alcoólica é bom.
— Nisso aí eu não posso discordar — comentei, observando-o sair. — Não acabe com o Austin, ainda precisamos dele.
— Vou pensar no seu caso. Amanhã eu apareço aqui para a gente bater um papo — prometeu ele.
— Até amanhã — respondi, acompanhando-o com os olhos.
Austin saiu, e Miles trouxe alguns medicamentos para eu tomar. Odiava aqueles remédios, com seus gostos horríveis e efeitos soníferos.
Logo, comecei a sentir o efeito do medicamento, adormecendo lentamente.
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O último andar
Mystery / ThrillerA história conta sobre duas irmãs que moram em uma cidade do Canadá e que os pais resolveram colocá-las em um colégio interno. Uns tempos atrás, um estudante suicidou-se no último andar da escola, quando estava tocando em seu piano. Antes de morrer...