Consequências Reveladas

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— Meu Deus, o que ele pensa que está fazendo?! — gritei, observando Austin com a serra elétrica.

— Austin, para! — gritou Agnes, desesperada.

— Não é o Austin, é o Finn! — corrigi, tentando acalmar a situação.

— Eu não quero ser morta por um fantasma que está no corpo do meu melhor amigo — disse Agnes, tremendo.

— Para com isso! — gritei, avançando na direção de Austin.

Austin desligou a serra elétrica e ficou imóvel, encarando-nos.

— Vem aqui seu branquelo azedo, que droga você acha que tá fazendo? — perguntei, irritada.

— Parem de querer descobrir a verdade — disse Austin, com uma expressão sombria.

— Finn, a gente só quer ajudar — argumentei, tentando apaziguar a tensão.

— Tudo estava muito bem até você ir lá me perturbar — disse Austin, com raiva contida.

— Desculpa, eu sou curiosa — murmurei, percebendo que minhas palavras só pioravam a situação.

— Parem de me perseguir que eu paro de machucar as pessoas à sua volta — disse Austin, de forma enigmática.

— Rebecca, você não tem opção — interveio Ariel, tentando manter a calma.

— Tá bom, eu aceito seu acordo — concordei, resignada.

Austin virou-se e afastou-se lentamente.

— Vamos voltar — sugeri, tentando restaurar a normalidade.

— Becca, não fique assim. Foi por uma boa causa, a gente poderia ter se machucado — disse Ariel, consolando-me.

— Eu estou bem. Só achei isso um pouco estranho — respondi, enquanto subíamos as escadas em direção ao andar abandonado.


[...]


Eu estava na biblioteca quando vi Austin sentar ao meu lado.

— É você ou o Finn? — perguntei, sem desviar o olhar do livro.

— Finn — respondeu ele, com um tom sério.

— O que você quer? — inquiri, tentando entender suas intenções.

— Te entregar a metade da segunda carta — disse Austin, entregando-me um envelope.

— Como?! — exclamei, surpresa.

— Junte com a outra metade que você tem e leia. Não tente ir além disso — alertou ele, com um olhar penetrante.

— Por que está me dando isso? — perguntei, confusa com sua atitude repentina.

— Eu sei que você não vai me deixar em paz — respondeu, enigmático.

— Tá bom. Agora você pode deixar o corpo do meu amigo em paz? — pedi, com um misto de súplica e firmeza.

— Não. Ele será minha garantia — disse Austin, levantando-se e saindo.

Peguei meu celular e convidei meus amigos para nos encontrarmos no jardim. Peguei minhas coisas e segui pelo corredor, onde encontrei Matthew.

— Uau, vai tomar um banho — brinquei, pegando-o pela mão.

— Sua mensagem é mais importante que o meu banho — reclamou Matthew, seguindo-me.

Chegamos ao jardim e nos sentamos, esperando o restante do grupo aparecer.

— Chegamos! Qual é a novidade? — perguntou Agnes, animada.

— Eu estou com a metade da segunda carta — anunciei, mostrando o envelope.

— Como você conseguiu? — indagou Edward, intrigado.

— O Finn me entregou. Disse que era para ler e parar por aqui — expliquei, consciente das consequências.

— E você vai fazer isso? Logo você — provocou Matthew, sabendo da minha curiosidade insaciável.

— Não tenho escolha. É a vida de vocês que está em risco. Principalmente a vida do Austin — declarei, decidida.

— Então só nos resta ler a carta — concluiu Ariel, com uma expressão determinada.

Eu coloquei a carta na posição certa e colei com uma fita adesiva. Respirei fundo e comecei a ler.

"Eu sou Finn Shenzhen e estou escrevendo esta carta para contar-lhes por que eu me suicidei. Eu sempre era agredido e insultado por alunos desta maldita escola, então, com a minha morte, resolvi me vingar de todos vocês. No fim do túnel que há embaixo da escola, vocês irão encontrar um círculo e algumas velas. Foi ali que eu fiz um pacto com forças ocultas com a intenção de voltar depois de morto e atormentar cada aluno presente neste colégio. Talvez demore anos para eu poder me vingar, mas eu irei fazer a vida de todos um inferno. Adeus, seus inúteis."

Terminei de ler e fiquei boquiaberta com o que estava escrito.

— Uau — murmurei, atordoada.

— Ele não iria fazer nada ainda. Mas aí a Rebecca despertou ele antes do tempo — disse Edward, com um tom acusatório.

— Está tentando jogar a culpa para cima de mim? — respondi, sentindo a indignação crescer.

— Se você não tivesse ido lá em cima, nada disso teria acontecido — retrucou Edward. — Desde o começo do ano, quando o Matthew contou a verdade sobre a escola, sua maldita teimosia só trouxe problemas.

— Você não ouviu? Ele iria se vingar de todo mundo mais cedo ou mais tarde — gritei, frustrada.

— Talvez ele nem quisesse mais se vingar das pessoas aqui da escola. Ele é um fantasma que só está vagando pela escola porque você foi lá em cima. Se a gente está envolvido nisso, a culpa é toda sua. A morte do Luck, a possessão do Austin, é tudo culpa sua, Rebecca! — as palavras de Edward cortaram como facas afiadas.

— Tá bom... — suspirei, derrotada. — Todo mundo concorda com ele, pelo visto, né?!

— Rebecca... — tentou intervir Agnes, mas eu não deixei.

— Eu vou deixar vocês em paz — declarei. — Tem mais alguma coisa que queiram jogar na minha cara, Edward?

— Sim, só mais uma coisa — disse Edward, cruamente. — Você quem deveria estar morta e não o Luck.

— Entendi — respondi, sentindo uma mistura de tristeza e raiva.

Saí andando antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa.


{Ariel}

— Quem você pensa que é para falar assim com a minha irmã? — perguntei a Edward, furioso.

— Apenas disse a verdade — respondeu Edward, com frieza.

— Eu não acredito nisso — gritei, e dei um tapa em seu rosto. — Faz um favor? Nunca mais chegue perto da Rebecca, nem dirija uma palavra à ela. O mesmo vale para mim. Com licença que eu tenho que ir atrás da minha irmã.

— Vou com você, Ariel — disse Matthew, solidário.

— Vocês vão mesmo ficar do lado dela?! — gritou Edward. — Nosso melhor amigo foi morto e o outro está possuído por um fantasma que ela despertou, e vocês vão ficar do lado dela mesmo assim. Até você Matthew?

— Ela não teve culpa de nada. Assim como ela não tem culpa de você ser um completo babaca — retrucou Matthew, firme. — Se chegar perto dela, eu vou socar tanto o seu rosto, que você vai precisar de cirurgia. 

Matthew e eu saímos em busca de Rebecca.

O último andarOnde histórias criam vida. Descubra agora