Um mês depois
Eu finalmente estava voltando para casa, ou melhor dizendo, para a escola. Meus pais estavam na recepção assinando alguns papéis enquanto Ariel pulava de felicidade ao meu lado. Nas últimas quatro semanas, Finn ainda mantinha controle sobre o corpo de Austin, levando-o a se embebedar, usar drogas e fumar. Dia após dia, Austin sofria com a saúde debilitada e seu desempenho escolar despencava. Finn estava destruindo sua vida aos poucos. O menino que havia morrido antes se chamava Andy e frequentava o mesmo círculo dos usuários de drogas da escola.
— Becca, vamos? — chamou-me Ariel.
— Ah, sim, vamos — respondi.
Despedi-me de Miles, reconhecendo que ele era um excelente médico. Em seguida, entrei no carro e seguimos para a escola.
— Graças a Deus estou voltando — murmurei.
— O que vai fazer agora? — perguntou Ariel.
— Vou procurar a segunda carta e resolver tudo isso de uma vez por todas. O ano já está na metade e até agora tudo o que conseguimos foi uma carta de suicídio, um vidro de veneno, a perseguição de um fantasma, a morte de um amigo, metade de outra carta, minha internação no hospital e o Austin possuído — expliquei. — Não dá mais para esperar. Vou chegar lá, organizar minhas coisas e subir até lá.
— Tudo bem, estamos com você — afirmou Ariel.
Chegamos à escola e fui recebida com balões por Edward e Agnes.
— Uau, que surpresa boa — disse, abraçando-os.
— Que bom te ver — disse Agnes.
— É bom ver vocês também — respondi. — Cadê o Matthew?
— Ele ficou no treino de futebol. O treinador está pegando no pé dele. Depois eu aviso que você chegou — explicou Edward.
— Tudo bem. Vou arrumar minhas coisas — respondi.
Dirigi-me ao quarto para guardar algumas roupas. Fiquei olhando para o teto por um tempo até que Ariel entrou no quarto.
— Como estás? — perguntou.
— Estou bem — respondi.
— Vou tomar um banho. Me chama se precisar de algo — disse, dirigindo-se ao banheiro.
Ouvi batidas na porta.
— Entra! — gritei, e Matthew apareceu. — Pelo visto o treino foi puxado.
— Sim, foi mesmo — riu. — Mereço um abraço mesmo estando suado.
— Ai, não, que nojo — brinquei.
— Como? — Matthew arqueou uma sobrancelha.
— Não, estou brincando. Vem cá — abri os braços.
— Senti sua falta — disse Matthew, abraçando-me. — Temos muita coisa para fazer daqui em diante, ok?
— Sim, temos mesmo — concordei, rindo.
Ficamos trocando poucas palavras, pois fazia tempo que não nos víamos. Mas ele era o mesmo de sempre, eu podia ver isso em seus olhos quando me observava, aqueles olhos lindos... Rebecca, foco.
— Você concorda comigo, Becca? — perguntou, estalando os dedos na frente do meu rosto.
Saí dos meus devaneios, percebendo que não tinha ouvido nada do que ele dissera. Apenas assenti com a cabeça e ele riu baixinho.
— Não estava prestando atenção, né?! — brincou.
— Hum... desculpa, mas não estava — respondi.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O último andar
Mystery / ThrillerA história conta sobre duas irmãs que moram em uma cidade do Canadá e que os pais resolveram colocá-las em um colégio interno. Uns tempos atrás, um estudante suicidou-se no último andar da escola, quando estava tocando em seu piano. Antes de morrer...