Procuramos por ela no quarto, banheiro, refeitório, até mesmo no jardim secreto onde ela gosta de ficar, mas não a encontramos em lugar algum.
— Só tem mais um lugar onde ela poderia estar — disse Matthew.
— Quer ir lá? — perguntei.
— Vamos. — disse Matthew.
Fomos para o último andar novamente.
{Rebecca}
Eu estava no túnel, parada em frente ao círculo de velas. Observava cada detalhe, imaginando como ele havia feito aquilo. O som de passos me fez virar. Era Austin, ou melhor dizendo, Finn.
— Agora você sabe a verdade — disse Austin.
— Sim, sei — suspirei.
— Eu pedi para que você não viesse mais me procurar — disse Austin.
— Eu sei, mas meus amigos acham que a culpa disso tudo é minha — disse.
— Mas não é. Uma hora isso iria acontecer, só digamos que você facilitou o trabalho — explicou.
— Por que matou o Luck, a Amanda e a Samara? — perguntei.
— Eles vieram aqui e tiraram coisas que me pertenciam — respondeu.
— Que coisas? O vidro de veneno? — perguntei.
— Exatamente. Tudo neste lugar deve permanecer aqui — disse.
— E se a Vivian enlouquecer e quiser limpar este lugar? — perguntei.
— Ela não fará isso. Ela sabe de tudo o que aconteceu — respondeu. — A escola é a coisa mais valiosa que ela tem. Se ela quiser acabar comigo, terá que acabar com a escola inteira.
— Uau — fiquei espantada. — E você? Não quer ser liberto deste lugar?
— Às vezes penso que seria melhor descansar para sempre, mas então lembro de tudo o que passei e quero ficar aqui e me vingar — respondeu.
— As pessoas que te maltrataram no passado já não estudam mais aqui, e sinceramente, acho que nem moram mais nesta cidade. Elas seguiram suas vidas, carregando um peso na consciência, é claro. Você não acha que está na hora de você ir descansar? — disse.
— Uau, até que faz sentido. Mas você não entende — disse ele.
— E o que eu não entendo? — perguntei.
— Eu fiz um pacto. Está vendo aquele círculo e aquelas velas ali? Então, elas foram usadas para fazer comunicação com forças ocultas — explicou.
— Então você vai ser um espírito para sempre? — perguntei.
— É, acho que sim — respondeu.
{Ariel}
— Ela não está aqui — disse Matthew, frustrado.
— Deve ter descido para o túnel — sugeri, preocupado.
— E por que ela estaria lá?! — questionou Matthew, perplexo.
— Você sabe como a Rebecca é — respondi, tentando acalmá-lo.
— Vamos lá então — Matthew suspirou, determinado.
Matthew me ajudou a abrir a pequena porta e nós descemos. Caminhamos até o final do túnel, onde encontramos Rebecca falando com Austin.
{Rebecca}
— O que estão fazendo aqui? Vieram terminar o que o Edward começou? — perguntei, irritada.
— Não. Sabemos que a culpa não é sua, e sim da pessoa que está na sua frente — disse Matthew, tentando acalmar a situação.
— Olha, não interessa mais. A gente vai sair daqui e fechar tudo, o Austin vai voltar e nós nunca mais vamos voltar aqui — declarei, decidida a resolver tudo.
— Como tem certeza de que o Austin vai voltar? — perguntou Ariel, cauteloso.
— Confiar no Finn é a nossa única saída — respondi, firme. — Aliás, foi um acordo. Eu deixo ele em paz e ele deixa o corpo do Austin.
— Se você está dizendo... — disse Ariel, hesitante.
— Vamos — insisti.
Voltamos para o início do túnel, subimos as escadas e, antes de fechar a pequena porta, fiquei pensando.
— Vamos fingir que nunca viemos aqui — disse.
— Tá bom — concordaram.
— E também não voltaremos aqui — insisti.
— Então, está dizendo que acabou? A gente ainda vai ficar com um fantasma vagando pela escola? — perguntou Ariel.
— O que você quer que eu faça? Não sou exorcista, nem padre pra ficar expulsando fantasma — respondi.
— Nossa, grossa! — disse Ariel. — Lembra do que eu disse há um tempo atrás, sobre achar alguém que tire ele daqui?
— Ariel, esquece — cortei.
Fechei a porta, levantei-me do chão, desci as escadas do andar e voltei para o quarto. Me joguei na cama e fiquei olhando o teto. Depois de um tempo, Agnes entrou no quarto silenciosamente.
— Olha, pra mim chega! — bufei. — Tudo bem se o Edward não falar comigo, ele é insignificante na minha vida, mas você não. Você é minha amiga e se não voltar a falar comigo, eu vou te jogar da escada.
— Nossa — disse Agnes assustada. — Perdão, Becca, entendo que a culpa não é sua.
— Muito obrigada — respondi.
— E você, Ariel, o que vai acontecer com você e o Edward? — perguntou Agnes, e eu fiquei confusa.
— Como assim? O que houve? — perguntei.
— Eu meio que "terminei" com ele por ter gritado daquele jeito com você — respondeu Ariel.
— Uau, eu tenho mesmo muita moral — comentei.
— Idiota — disse Ariel. — Uma hora ele vai vir falar comigo e eu vou tentar resolver isso.
— É por isso que eu não namoro — disse.
— Espera só, Matthew vai acabar com essa sua fase de solteira — riu Ariel.
— Está rolando alguma coisa que eu não estou sabendo? — perguntou Agnes.
— Matthew beijou a Becca e eu vi tudo porque eu estava no banheiro — revelou Ariel.
— Não acredito — me joguei na cama e coloquei uma almofada em meu rosto.
— Finalmente! — disse Agnes.
— Ah, vão se ferrar! — resmunguei.
Ficamos rindo e brincando até que alguém bateu na porta.
— Pode entrar! — gritou Agnes, e Austin entrou.
— Austin? — perguntei, olhando fixamente em seus olhos.
— É, sou eu — respondeu e tossiu. — Eu só não estou me sentindo muito bem.
— Ah, graças a Deus você voltou! — corri para abraçá-lo. — A gente vai te levar na enfermaria e depois vamos te contar o que aconteceu.
— Enfermaria? Por quê? — perguntou confuso.
— Digamos que você está com uma grande quantidade de drogas e bebidas no corpo — expliquei, e ele ficou com uma cara de assustado. — Como eu disse, vamos te levar à enfermaria e você vai fazer uns exames.
— Tá bom — concordou Austin.
Carregamos Austin até a enfermaria da escola.
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O último andar
Mystery / ThrillerA história conta sobre duas irmãs que moram em uma cidade do Canadá e que os pais resolveram colocá-las em um colégio interno. Uns tempos atrás, um estudante suicidou-se no último andar da escola, quando estava tocando em seu piano. Antes de morrer...