Capítulo 2: Em Tempos de Paz

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    Por Sandy Azevedo    

    Por Sandy Azevedo    

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Titititi Titititi Titititi...

­ – Droga! Esqueci de desligar o despertador de novo.

Mooon.

– Você debocha, não é Leona? – Eu estou mesmo conversando com uma vaca? Rio da minha própria estupidez. Mas é algo corriqueiro para mim.

Estou eu no curral tirando leite 6:10 da manhã. Sempre coloco despertador para tocar, mas são décadas fazendo a mesma coisa, que meu corpo já se habituou. Sou eu que não me habituei ainda.

– Pronto mocinha. Acabamos por hoje, agora preciso tratar dos porcos e galinhas. – Desamarrei as patas da novilha, dei um tapa amigável em suas costas e ela foi se juntar as companheiras. Esvaziei o curral, joguei água e coloquei os galões de leite na carroça. Me recuso andar junto a modernidade desse século. O máximo de moderno que tenho é um rádio movido à pilha. Como é difícil arrumar pilhas hoje em dia...

Já estava suado e os animais sofriam tanto quanto eu. Alemanha é conhecida por ser sempre fria, mas em setembro, Triberg chega em média 14°C, mas em julho é bem pior.

Olhei para o Hans e não tive como não lembrar dos tempos de paz.

- - - - - - - - - -

– Olha isso Cléver. Olha! – dizia eu, com meus 10 anos de idade e uma roupa feita de couro curtido. Eu e Cléver estávamos em cima de um monte avistando cavalos selvagens correndo. Com o dedo indicador, eu apontava deslumbrado para aqueles cavalos com grandes crinas. Eram fortes e robustos.

– E se a gente for atrás deles, Wolf? – disse Cléver já tirando a roupa.

– Vão se assustar e você não domina muito a transformação – completei ignorando-o e continuando a olhar os cavalos correndo em círculos.

– Só porque é de linhagem pura, acha que pode ficar humilhando os outros, Sr. Wolfgang? – Sempre que estava com raiva falava meu nome completo. Como se isso me atingisse.

– Eu não tive a intenção. Mesmo sendo de linhagem pura, nós somos crianças. Não daríamos conta.

– Eu dou! – completou Cléver. Ele já estava nu. Ficou de quatro e foi se contorcendo. Seus ombros deslocaram e escutei o estalo. Ele gemeu. Seus punhos entortaram para cima e suas unhas cresceram e enegreceram em forma de garras. Suas costas, pernas e braços começaram a crescer pelos grossos. Suas pernas encolheram e seus pés tornaram-se patas. Do seu osso da bacia, próximo as nádegas, surgiu uma calda que foi alongando e tendo pelos. Sua cabeça foi se projetando para frente e suas orelhas afinaram e subiram. Sua face ganhou pelo e seu nariz e boca foram se projetando para frente enquanto seus dentes cresceram. E por fim um uivo e um pulo de cima do monte.

A Fortaleza VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora